A Jornada Mundial da Juventude foi assunto em debate na última reunião de executivo municipal de Constância, a 19 de julho. Foi aprovada uma proposta pela maioria socialista, com uma abstenção da CDU, que implica um apoio monetário à paróquia de 4.100 euros, ou seja 859 euros para transportes, 1.787 para almoços e 1.537 euros para lanches, informou o presidente Sérgio Oliveira.
As três paróquias do concelho de Constância – Montalvo, Santa Margarida e Constância – contam com 50 famílias de acolhimento para hospedar 17 peregrinos do Bangladesh, 40 da Lituânia, 14 do Brasil e 24 da Índia, no total de 95 jovens que estarão no concelho a partir do dia 26 e até 31 de julho para participarem nos “Dias nas Dioceses”, que antecedem a Jornada Mundial da Juventude, que tem início a 1 de agosto, em Lisboa.
Durante a reunião de Câmara, o vereador Rui Ferreira (CDU) criticou a falta de apresentação de um programa de ocupação dos jovens durante os dias que permanecerem em Constância no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.
“Gostava de saber isso. Temos uma [atividade] em Abrantes e uma ida a Fátima e outros dias irão para Lisboa. Mas cá [Constância], não fazem convívios com os jovens de cá? Não trocam experiências? Não se trata da dimensão do evento a nível nacional e mundial, trata-se de sabermos justificar”, começou por dizer Rui Ferreira.
Notando tratar-se de “um tema religioso” insistiu em questionar se “não reúnem para trocar experiências” sendo jovens “do Brasil, da Lituânia… como é a vida no Bangladesh, na Índia?”.
Por seu lado, o presidente da Câmara respondeu com a garantia que “os jovens não vêm para cá e vão estar, a semana toda, fechados na igreja matriz. Obviamente que vão ao Parque Ambiental, vão ter iniciativas no concelho, partilhar experiências. Tudo isso vai ser uma realidade no concelho nestes dias que vão estar aqui”, nomeadamente durante a iniciativa “Dias nas Dioceses”.
Apesar do Estado português ser laico, Sérgio Oliveira lembra ser “um evento único de âmbito nacional” e “independentemente de gostarmos ou não da Igreja”. Sendo que “todos os concelhos estão envolvidos no apoio às paróquias e às comunidades locais e não podíamos ficar de fora desse apoio não só a quem vem como à nossa comunidade local, que está envolvida”, disse garantindo que seria de igual forma apoiada qualquer outra religião.
Rui Ferreira volta a intervir para esclarecer não ser contra o apoio mas que “gostava de ver um programa. Temos de decidir em bases fundamentadas. O que está [na proposta] é dinheiro para refeições e transportes. Ter um programa era o mínimo”, considera uma vez que “estamos a gerir o dinheiro que é de todos. Até poderia entender que 4100 euros era pouco, dependendo das atividades que façam”.
O vereador da CDU comparou ainda o caso português com o espanhol. Recorda-se que a Jornada Mundial da Juventude em Madrid, que aconteceu em 2011, após uma auditoria externa, ficou confirmado que 70% dos custos foram cobertos pelo valor pago pelos peregrinos e 30% por patrocínios, ou seja o Estado não colocou dinheiro.
Ainda assim reconheceu que a “entidade cria dinâmica no concelho” à semelhança das coletividade locais e que a abstenção se deve à “fundamentação. Não me dá elementos suficientes para dizer se é pouco ou se devia ser mais”.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto deste ano, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19. São esperados cerca de 1,5 milhões de pessoas, quase três vezes a população da cidade de Lisboa.
