“Este ano estamos mais tranquilos e confiantes, [relativamente à edição do ano passado], temos mais experiência, e melhorámos e reforçámos aspetos técnicos e organizativos, incluindo um design otimizado”, disse à Lusa o porta-voz da equipa ‘RED’, Pedro Rosado, para quem o grande desafio deste ano era “manter a performance” e “melhorar alguns aspetos, nomeadamente um dos itens” de avaliação do júri, ou seja, a recuperação integral do foguete, “intacto”, o que não sucedeu na última edição devido à não abertura dos paraquedas.
VIDEO/REPORTAGEM/COORDENADOR EQUIPA RED:
Perto das 18:30 chegaria a boa notícia, confirmada uma hora mais tarde com a entrega do engenho: “os paraquedas funcionaram bem e o foguete foi recuperado intacto”, exultou Pedro Rosado, 20 anos, um resultado que coloca a equipa portuguesa entre os oito lançamentos efetuados com sucesso, sendo que, quatro deles, do total de 12 foguetes lançados até ao dia de hoje, ou não levantaram voo ou não foram recuperados integralmente intactos.
O ‘Baltazar’, sucessor do foguete ‘Blimunda’, lançado o ano passado, “nomes inspirados na obra de José Saramago”, foi construído por secções e tem seis módulos à base de fibra de carbono, fibra de vidro, alumínio e aço, apresenta dois metros de altura por 132 milímetros de diâmetro, e um peso de 30 quilos, incluindo os oito quilos de combustível sólido utilizado, à base de nitrato de potássio e sorbitol.

Composta por 48 elementos, a equipa RED foi criada em 2017 e a sua estrutura multidisciplinar, na linha das exigências aeroespaciais, inclui estudantes nas áreas de engenharia mecânica, engenharia aeroespacial, engenharia eletrotécnica e de computadores, gestão industrial, engenharia eletrónica e engenharia física e tecnológica, entre outros.

“O meu interesse de futuro passa pela indústria aeroespacial, assim como à maioria dos membros da equipa, e é bom vermos que existe cada vez mais interesse e mais investimento nacional nesta área”, disse Pedro Rosado, a frequentar o 3º ano de Engenharia Aeroespacial, tendo destacado “a experiência adquirida” neste concurso “e a excelente interação com as demais equipas” participantes, a par do resultado final.
“Estamos superfelizes, conseguimos alcançar todos os objetivos propostos, incluindo a abertura dos paraquedas e os dados de altimetria e pressão, e recuperar o ‘Baltazar’ intacto. Estamos super orgulhosos”, disse Pedro Rosado, num clima festivo partilhado pela equipa.

A terceira edição do EuRoC deveria receber duas equipas portuguesas, mas a Fénix Rocket Team, composta por elementos da Universidade de Coimbra e da Universidade da Beira Interior, acabou por se retirar da competição a dois dias do início devido a problemas técnicos.
“O motor rebentou num dos testes finais, com uma pressão acima do esperado, e saímos daqui com um misto de entusiasmo e desilusão”, disse hoje à Lusa Júlio Santos, 22 anos, porta-voz da equipa Fénix, tendo feito notar que “as outras equipas ajudaram a identificar o problema, pelo qual também já tinham passado”, e assegurado “levar aprendizagem” e prometido “regressar para o ano com mais experiência e um foguete pronto” a levantar voo.
Organizada pela Agência Espacial Portuguesa, com o apoio da Câmara Municipal de Ponte de Sor e o Exército Português, a competição decorre entre os dias 11 e 18 de outubro, em Ponte de Sor e no Campo Militar de Santa Margarida (Constância), e conta com a participação de 18 equipas europeias, compostas por mais de 500 estudantes, oriundos de 11 países distintos.

Trata-se da 3.ª edição da competição de lançamento de foguetes universitários na Europa, promovida pela Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, com o objetivo de estimular os alunos de engenharia a projetarem, construírem e lançarem os seus próprios ‘rockets’ a partir do Campo Militar de Santa Margarida.
O EuRoc faz parte da estratégia da Agência Espacial Portuguesa e visa “despertar os jovens para as áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, fortalecendo competências na área do Espaço por meio da pesquisa, educação e cultura científica”, realçou o seu presidente, Ricardo Conde, na abertura do EuRoc.
O responsável disse hoje à Lusa que o EuRoC “cresceu e consolidou-se” nos últimos anos, sendo hoje “inegavelmente” um concurso de “referência” para estudantes universitários europeus, tendo feito notar que o setor espacial nacional precisa de “aproveitar a apetência destes jovens, bem preparados, para que trabalhem no setor”, tendo em conta os “projetos” e “compromissos de desenvolvimento para a próxima década”.
c/LUSA