A classificação das conheiras como conjunto de Interesse Nacional ou Público “está para breve”, acredita o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, Paulo César Luís. O processo foi entregue à Direção Regional da Cultura do Centro e, entretanto, realizada uma vistoria ao local. “Representantes da Direção Regional estiveram em Vila de Rei na semana passada, pediram algumas alterações” ao dossier de candidatura de classificação e “a todo o momento esperamos uma decisão positiva”, avançou o autarca.
Paulo César detalhou existir neste momento uma “relação cientifica e académica”, ou seja, com conhecimento da tutela, e portanto uma resposta positiva significará interesse do Ministério da Cultura, na preservação deste “espólio romano” que marca a passagem do Império Romano por este território.
A Câmara de Vila de Rei quer a atribuição do estatuto de “Conjunto de Interesse Nacional ou Público” às conheiras – minas de exploração de ouro a céu aberto – existentes no concelho, tendo formalizado um protocolo com o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) para suporte técnico especializado.
As conheiras são “visíveis nas margens da ribeira do Codes e do rio Zêzere, constituindo amontoados de enormes conhos” (seixos) resultantes da exploração do ouro por aluvião, presumivelmente na época romana e anteriores, tendo Vila de Rei um conjunto mínimo de 52 conheiras identificadas no seu território.
No entanto, o processo de classificação “não insere” para já as 52 conheiras identificadas, falando Paulo César em três fases, com o objetivo de preservação deste património. Por exemplo, numa segunda fase, pretende construir um Centro de Interpretação ou um Núcleo Museológico, que promova o estudo mais aprofundado das conheiras atualmente identificadas e que possibilite a valorização e promoção turística.
“Há um caminho a percorrer”, considerou o vice-presidente, dando conta que Espanha está mais à frente neste processo, tendo as conheiras classificadas como património nacional há cerca de duas décadas.
Com a classificação vem, segundo Paulo César, “a proteção da área, a promoção do património, considerando que o Governo o considera como uma mais-valia e ganha uma nova capacidade de afirmação” possibilitando “a projeção de medidas naqueles espaços históricos de uma forma mais eficaz e estruturada”.
A maravilha geológica das conheiras pode ser deslumbrada através do percurso pedestre ‘Rota das Conheiras’ de dificuldade média e que une a Aldeia do Xisto de Água Formosa à Praia Fluvial do Penedo Furado, em Vila de Rei, ao longo de 9,6 km.
O trilho efetua-se ao longo da Ribeira da Galega e da Ribeira de Codes. Percorrer este trilho é, “sem dúvida, uma viagem no tempo, permitindo descortinar as fantásticas belezas naturais (provavelmente deixadas desde a Idade do Ferro), que serviram de exploração de frentes mineiras de ouro”.
Ao longo do percurso poderá avistar vestígios importantes, onde surgem frequentemente amontoados de conhos (seixos) resultantes da exploração de ouro por aluvião.
Os vestígios da exploração mineira que a presença romana desenvolveu durante quase um século na região de Vila de Rei, designados por “conheiras”, particularmente junto à Ribeira de Codes, assumem uma dimensão invulgar, conferindo à paisagem um carácter muito especial, diferente de toda a envolvência.
Os vestígios da exploração de ouro em Vila de Rei ocupam toda a zona centro e sul do concelho, e ocupam uma área de cerca de metade de um total de 194 quilómetros quadrados que constituem aquele município do distrito de Castelo Branco..
