Trocou Dallas, no Texas, por Vila Nova do Ceira, perto de Góis. A sua formação, obtida na Universidade do Texas, em Arlington, inclui um BFA (Bachelor of Fine Arts – Bacharelato em Belas Artes) nas áreas de Arte, Fotografia e Design Gráfico.
Como o próprio escreve na apresentação da página “N2 NU”, “é uma odisseia fotográfica libertadora pela estrada afora. Cada solavanco, subida e curva da estrada serve para ampliar a nossa aventura”. Inspirado no que se faz na Route 66, o seu objetivo é “explorar e expandir novas fronteiras criativas”. E deixa o desafio: “junte-se a mim enquanto revelo a N2 como nunca antes”.
Comecemos pelas apresentações. Quem é o Eddie?
O meu nome é Eddie D. Stafford, vim para Portugal de Dallas, Texas e agora vivo em Vila Nova do Ceira. Em Dallas formei-me na Universidade do Texas em Arlington com um BFA em Arte, Fotografia e Design Gráfico. Em 1984 fundei a OneGroup Creative, uma empresa de comunicação gráfica na qual utilizei as minhas competências criativas para publicidade e marketing para diversas marcas internacionais. Em 2016 tomei a decisão de me reformar da minha empresa e me mudar para a Europa. Depois de muita pesquisa, a minha esposa Leah e eu decidimos que Portugal seria um lugar lindo, tranquilo e inspirador para começar uma nova vida.
Como surgiu a ideia desta página N2 NU?
Depois de tantos anos na arte comercial queria redescobrir-me e reinventar-me como artista. É esta a minha declaração de artista:
Alimentada por constantes mudanças e crescimento, a minha prática criativa levou-me a muitas direções ao longo dos anos. A minha recente chegada a Portugal despertou em mim desejos de, mais uma vez, explorar e expandir novas fronteiras criativas.
Sempre me inspirei nas minhas viagens e em dar sentido a “sinais” estranhos e inusitados que vão aparecendo. Por sorte, a minha nova casa fica a meio quilômetro do marco 266k da N2 – Rota 66 de Portugal. Nos Estados Unidos, fiquei fascinado com a mística da “estrada aberta” e a sensação de liberdade que a Rota 66 evoca para o viajante aventureiro.
Sou levado a criar algo único a partir dessa excecional coincidência (N2 + Route 66 = 266k). A N2 é um terreno fértil para minha imaginação e pronto para novas descobertas e explorações. Cada marco, cada lomba, curva e troço da N2 dá origem a uma visão que se tornou N2|NU. Com mais de 700 Km de liberdade N2|NU é uma odisseia espontânea, sedutora e fortuita com vida própria. Para mim a N2|NU é uma revelação, literalmente um passeio por uma vasta paisagem que é o coração e a alma de Portugal.
Já percebemos que o exemplo inspirador foi a Route 66…
Para mim, a minha obsessão por viagens de carro começou quando era criança, quando o meu pai reunia a família para um passeio de fim de semana para explorar prazeres simples. Um passeio não planeado para lugar nenhum em particular. Enquanto eu estava sentado no banco do carro, os meus olhos estavam colados à janela em busca de novos pontos turísticos enquanto o meu pai conduzia pelas estradas secundárias. O destino final da viagem podia ser um parque, a margem de rios, a floresta, um museu ou o fim de uma pista para ver aviões descolando e aterrando. Foi sempre uma descoberta que valia a pena compartilhar.
Continuo fascinado com este meu desejo de percorrer a estrada menos percorrida. A minha atividade favorita é ir a lugares onde nunca estive – é como se eu tivesse ganhado asas.


N2: “Uma vasta paisagem que é o coração e a alma de Portugal”
Quais são os seus objetivos nessas viagens e com a fotografia?
No princípio foi o desafio de criar imagens interessantes que eu pudesse usar para criar processos fotográficos alternativos (Gum Prints, Cyanotypes e outros) para fazer arte. Eu quero pintar com a minha câmara fotográfica. Além disso, estou a pensar que acho que vale a pena fazer um livro também. Acredito que a série N2NU está a levar-me a pensar de forma mais criativa sobre a minha prática.
As suas fotos têm uma forte carga erótica…
Sempre houve uma tendência para a sensualidade na maior parte do meu trabalho artístico. A busca pela beleza sempre fez parte da minha natureza artística.
Quem são os modelos? Há pouco tempo lançou um desafio pedindo modelos…
Na verdade, nenhuma das pessoas que aparecem nas minhas fotos são modelos. São amigas, amigas de amigos e pessoas que ouviram falar do meu projeto e querem fazer parte dele. Eu gosto da sensação natural que é criada pelos modelos por não estarem familiarizados com as técnicas das poses. Alguns só conheci na N2 depois de ter escolhido um local e criado um cenário para colocá-los. Primeiro, envio-lhes os esboços do que pretendo e comunicamos sobre o que espero conseguir. Tenho homens e mulheres, com idades entre os 25 e 75 anos, e todos expressaram a sensação de liberdade que sentem enquanto eu os oriento no processo.
A sua ideia é fotografar modelos ao longo de toda a extensão da EN2?
Sim. Pode ser uma viagem sem fim.
A arte deve ser provocativa
Como é que decide sobre o cenário e a pose do modelo?
Muitas vezes, depois de falar com um modelo, fico com uma noção das pessoas que são e tento colocá-las numa situação que elas compreendem ou se relacionam de alguma forma. Estou sempre à procura de novo locais que sejam artisticamente interessantes enquanto conduzo na N2.
Quais são suas preocupações ao fotografar?
Há uma infinidade de preocupações e considerações que surgem com cada sessão. Primeiro há que agendar. Eu e a modelo combinamos uma hora, um dia para fotografar e depois a hora do dia, a luz, o clima, o trânsito e até a segurança, sendo certo que há muita coisa que está fora das minhas mãos. A espontaneidade desempenha aqui um papel importante no que estou a fazer. Há sempre a nudez ¬– não quero ofender nenhum automobilista ou transeunte ou causar qualquer distração – por isso estamos sempre atentos à nossa volta em relação às outras pessoas. As minhas sessões costumam ser uma operação muito clandestina.
Não teme a crítica dos mais púdicos?
Não, as pessoas têm direito às suas opiniões. A arte deve ser provocativa.
Por que a opção pelo preto e branco?
Gosto de preto e branco porque cria um mundo diferente, não é real. Acredito que a cor seria uma distração desnecessária.
Acredita que é possível atrair mais visitantes para a N2 com esta página?
Acho que fará com que as pessoas vejam a jornada ao longo da N2 de uma maneira diferente. Realmente é uma joia bela.
Tem alguma história divertida que possa compartilhar connosco?
Tenho notado a curiosidade de alguns automobilistas que voltam atrás para ver os modelos. Quando estávamos a tirar a foto “Three Graces”, eu tinha três modelos na estrada e quando disse que já tinha a foto, as mulheres gritaram efusivamente a comemorar o final da experiência. Depois reparámos que um pouco acima estavam algumas pessoas também a gritar juntando-se à festa. Não tínhamos ideia de que eles estavam a apreciar a paisagem.
Qual tem sido a recetividade ao seu trabalho?
A reação ao N2NU tem sido muito positiva. Estou a preparar uma exposição dos meus trabalhos em agosto durante o encontro motard em Góis.
A Estrada Nacional 2, construída há mais de 75 anos, liga Portugal de norte e sul, entre Chaves e Faro, com passagem por 35 concelhos do país, incluindo Ponte de Sor, Abrantes, Sardoal, Vila de Rei e Sertã.
Olá boa tarde,gostei do trabalho um dia vou fazer a n2 , que passa pela Vila do Torrão do Alentejo onde sou natural, um convite a visitar.cumprimentos . bom trabalho.