À hora a que escrevo este texto ainda não se sabe quais as medidas que serão decretadas para o confinamento que ninguém quer mas que é inevitável. Independentemente das medidas que forem tomadas neste período, sabemos que o confinamento que começará amanhã ou depois será muito mais complicado que o anterior e com consequências dramáticas na vida de muita gente e na vida do país.
Não podemos fugir dele, é imperioso travar o aumento de infecções para que se garanta o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os doentes COVID e não COVID. Os sacrifícios que temos que fazer agora têm como grande objectivo garantir que o SNS não colapsa, porque se colapsar, colapsa o país.
Ontem, os especialistas traçaram um quadro muito preocupante e a paragem que faremos, só por si, não fará descer de imediato os números de infecções e de mortes, na actual situação vai ser preciso tempo para que a curva comece a descer.
Para vencer esta nova vaga para além das medidas sanitárias, é preciso dar prioridade aos apoios às pessoas e à economia. Mais apoios e agora. É inadmissível que existam pessoas e pequenas empresas que ainda não tenham recebido os apoios devidos pelo confinamento de Março passado. O Governo tem estado mal ao não agilizar e garantir que os apoios chegam às pessoas.
Há responsabilidades da administração central e da administração local. As Câmaras têm que voltar a accionar os apoios (aquelas que os terminaram) e têm que ser interventivas e encontrar a forma de apoiar quem precisa, complementando as medidas do Governo.
É agora que faz sentido a tão apregoada “política de proximidade” e se provará que não basta clamar “que estamos próximos da população”, “que conhecemos a realidade como ninguém”, é preciso que a população saiba onde se dirigir e que apoios vai ter. É tempo das frases se concretizarem em actos concretos.
E ainda temos outra situação nunca vivida e até nunca imaginada: uma eleição presidencial em pleno confinamento e estado de emergência. Terminado o período de debates, abria-se agora uma fase que para mim é das mais importantes – o contacto com a população, a rua, a interpelação directa aos e às candidatas, com apoio mas também com críticas, as acções de campanha diárias em que se acerta a resposta para o novo problema colocado, em que se introduzem temas que ainda não tinham tido a atenção necessária, o que permite avaliar as opções de cada candidato e candidata. Seria a fase do fervilhar da campanha na rua. Para mim a essência da Democracia. E depois, os votos, a sondagem final.
Mas somos obrigados a saltar esta parte e a campanha terá que se adaptar e encontrar outros meios, em grande medida digitais mas não só, para chegar à população. Marisa Matias agiu cedo e através do correio ou com a participação dos seus/suas apoiantes fez chegar a casa o seu jornal de campanha. A comunicação social e sobretudo as televisões têm a obrigação cívica e democrática de fazer chegar a campanha, em sinal aberto, a todas as casas, respeitando a igualdade de direitos e focando-se na campanha e não em aspectos absolutamente laterais como foi o caso dos testes de Marcelo Rebelo de Sousa que ocuparam horas de televisão e de comentário político.
A campanha não pode parar e no dia 17 e 24 de Janeiro lá estaremos a fazer a cruz naquele papel que depois de dobrado em quatro levará a nossa opinião e dará força ao projecto que cada um e cada uma defende para o seu país.
Nota: Pode-se inscrever para o voto antecipado até amanhã, 14 de Janeiro. Se precisar, não deixe de o fazer. É fácil e rápido. Voto Antecipado (mai.gov.pt)