“Jazz na Tuna” é o conceito do espaço da associação CIR Ex Tuna, que no sábado, dia 15 de abril, acolheu um concerto de tributo a Ahmad Jamal, nome icónico do jazz. Concerto premonitório, uma vez que no dia seguinte, no domingo, foi anunciada a morte de Jamal, aos 92 anos. Os Super Power Trio, composto pelos músicos Pedro Madaleno, Yuri Daniel e Alexandre Frazão abrilhantaram a noite com um espetáculo de casa cheia. Os eventos de jazz na região são escassos, mas a freguesia da Moita do Norte conta com um espaço de jazz regular. Este é um local de referência, sendo cada vez mais conhecido e procurado por amantes de jazz.
A música não conhece fronteiras nem idades, e várias faixas geracionais compunham o público que encheu de calor humano a noite de sábado para uma noite de jazz com músicos consagrados convidados pela associação de Moita do Norte, em Vila Nova da Barquinha.
VIDEO/JAZZ NA TUNA:
Estas noites de “Jazz na Tuna” contam já com cerca de 20 anos de existência, mas muitos ainda não a conhecem. A melhor publicidade tem sido a de boca em boca e quem vai sabe o que vai encontrar. Desde 2004, com a direção de Carlos Barreto, que se iniciaram as sessões de jazz naquele espaço. Após algum tempo de casa fechada, o desafio veio com Luís Esperança, o atual responsável pela associação, e com o seu irmão, Jorge Esperança, músico de jazz e organizador destas noites jazzísticas.
“Durante algum tempo o espaço esteve fechado. O meu irmão continuou a ensaiar com mais dois músicos e decidiram fazer uma brincadeira para ver no que dava. As pessoas começaram a aderir, começaram a gostar e foi evoluindo, até hoje”, contou ao mediotejo.net Luís Esperança, responsável pelo CIR (Centro de Instrução e Recreio) Ex Tuna.

Contudo, nem sempre a casa se manteve nos seus momentos altos. “As coisas acalmaram, houve um momento de interregno, por conta da pandemia, mas voltamos novamente. É preciso ter muita persistência para ganhar público, porque isto não é um espetáculo para toda a gente”, explica Luís.
O responsável do espaço afirma não ser fácil conseguir músicos e grupos de jazz na região e os que há são de Tomar, tendo feito notar, no entanto, que o jazz é um estilo cada vez mais divulgado e em que o interesse é crescente. O papel do seu irmão, Jorge Esperança, é fundamental, sendo como que uma ponte entre a associação e os músicos de jazz, da região e do país, porque está dentro do “mundo do jazz”, explicou.

“Tivemos muitas vezes casas fracas, mas continuamos sempre a lutar e a persistir para tentar levar sempre as coisas para a frente”, observou Luís Esperança. Apesar dos altos e baixos da associação, esta é hoje conhecida por ser um Clube de Jazz, com músicos de qualidade, num ambiente que o público já não dispensa.
Jorge Esperança estudou música em Lisboa e organiza o ciclo musical, com o seu irmão Luís. “Na região Centro acho que somos o único clube onde há jazz regular. A casa não é grande, mas contamos sempre com cerca de 20/30 pessoas. Tentamos manter uma certa regularidade, já lá vão alguns anos, e as coisas tem funcionado”, reconheceu o músico, que convida amigos seus de outros pontos do país para atuarem ali de quando em vez, e com cachets compatíveis com a dimensão e possibilidades da associação.

Nem sempre é fácil conseguir trazer bandas conceituadas ao espaço, muitas vezes por questões financeiras, mas desta vez o ciclo “Jazz na Tuna” contou com o grupo lisboeta Super Power Trio, composto pelo guitarrista português Pedro Madaleno, com o contrabaixista Yuri Daniel e o baterista Alexandre Frazão, com um tributo a Ahmad Jamal, considerado o “pianista dos pianistas” do jazz.
Este concerto foi como uma homenagem ainda em vida ao músico Ahmad Jamal, que faleceu, aos 92 anos, no domingo, dia 16 de abril, um dia após o concerto de tributo. Nos últimos anos, o Super Power Trio tem levado o “Tributo a Ahmad Jamal” a diferentes palcos, revisitando a sua música.

Pedro Madaleno não escondeu a sua satisfação pela evolução do jazz em Portugal nos últimos anos. “Tem evoluído imenso, há muitas pessoas novas a tocar, há vários cursos superiores de jazz nas universidades, tem muita gente com 20/21 anos a sair das universidades de jazz que está a tocar muito bem”.

O guitarrista português já tocou algumas vezes no espaço da CIR Ex Tuna, na Moita do Norte e este concerto assinalou mais um regresso. “É sempre bom voltar aqui, tocar fora de Lisboa”. É um “espaço pequeno, mas muito acolhedor” e existe uma “ligação às pessoas, que não é possível em grandes palcos”.
As noites dedicadas ao jazz são muito procuradas pela população do concelho e de todo o distrito devido à escassez de concertos regulares deste género musical na região. O CIR Ex Tuna é assim um dos únicos espaços que os amantes do jazz podem procurar, que resiste e persiste, sempre com concertos regulares, na Rua de Baixo, na pequena freguesia da Moita do Norte.

A próxima sessão está agendada para a noite de sábado, 29 de abril, com uma jam session em que os músicos residentes acolhem quem queira passar das mesas e do balcão para o palco. Até jazz!