“A maior seca de ‘sempre’ tem origem nas alterações climáticas e apenas agindo sobre as causas podemos mitigar os seus efeitos”. Nesse sentido, centenas de cidadãos e mais de 20 organizações portuguesas vão percorrer o centro do país para alertar para a questão da justiça climática, numa iniciativa que vai assinalar as localidades mais afetadas pela desertificação – desde incêndios à seca e falta de água –, as empresas e processos responsáveis por esta, pretendendo ainda construir pontes com e entre comunidades afetadas.
A Caravana pela Justiça Climática arranca a 2 de abril e propõe-se a percorrer cerca de 400 quilómetros pelo país em defesa desta questão, marchando lado a lado com populações. Durante a caravana, serão ainda organizadas diariamente assembleias e debates com as populações locais.
O percurso passará inicialmente pela Figueira da Foz (Leirosa), Montemor-o-Velho, Coimbra, Miranda do Corvo, Ferraria de São João, Pedrógão Grande, Sertã, Proença-a-Nova, Foz do Cobrão e Vila Velha de Ródão e, numa segunda fase, predominantemente de comboio, seguirá por Mouriscas, Pego, Constância, Vila Nova da Barquinha, Vale de Santarém, Cartaxo e Alhandra, até Lisboa – onde no dia 16 haverá uma manifestação junto ao Parque das Nações.
O projeto foi lançado a 25 de janeiro na rede social Facebook e vai ser apresentado esta quarta-feira, 17 de março, pelo movimento proTejo, um dos envolvidos na organização da iniciativa, pelas 21h00, AQUI.
A iniciativa vai ter três trechos – de Figueira da Foz a Vila Velha de Ródão (2 de abril a 12 de abril), de Vila Velha de Ródão a Vale de Santarém (12 de abril a 15 de abril), e de Vale de Santarém a Lisboa (15 de abril a 16 de abril) – e o percurso vai ser feito maioritariamente a pé, com recurso também ao comboio. Durante estes dias, a pernoita será em tendas, mas também em pavilhões, seminários e parques de campismo.

Os interessados em participar nesta iniciativa podem formalizar a sua inscrição em https://www.caravanaclima.pt/inscricoes.
Conheça os principais pontos de passagem da Caravana pela Justiça Climática:
- BARRAGEM DO CABRIL – 8 DE ABRIL – Onde se irá refletir sobre a gestão das disponibilidades e necessidades de água, junto a uma barragem cujo atual baixo nível de armazenamento provocado por uma seca generalizada não permite transferir disponibilidades de água entre diferentes rios ou bacias.
- BARRAGENS DE CEDILLO, FRATEL E BELVER – 12 DE ABRIL – Onde a questão da ausência de caudais ecológicos e a consequente destruição da biodiversidade serão os temas em cima da mesa, sem esquecer a poluição. Com partida de Vila Velha de Ródão perto da barragem de Cedillo, apelar-se-á à integração de caudais ecológicos na Convenção de Albufeira e à melhoria da qualidade da água com origem em Espanha.
- CENTRAL TERMOELÉTRICA DO PEGO – MOURISCAS/ABRANTES – 13 DE ABRIL – Onde vai acontecer a descida de canoa desde Mouriscas até ao travessão no rio Tejo da Central do Pego, lembrando, refere o Protejo, os danos ecológicos que tal barreira provoca a nível ecológico, económico e social.
- ANFITEATRO DE TANCOS – VILA NOVA DA BARQUINHA – 14 DE ABRIL – Onde vão ser debatidas as alternativas ao projeto dos novos açudes e barragens do projeto Tejo da Associação + Tejo e da Quinta da Lagoalva de Cima, em Alpiarça. “O património cultural associado ao rio Tejo, como o Castelo de Almourol, as aldeias avieiras e os mouchões do rio Tejo será descaracterizado em espelhos de água estagnada caso sejam construídos 4 novos açudes e 2 novas barragens de 20 em 20 km nos últimos 120 km de rio Tejo livre de Abrantes a Lisboa”, refere o movimento proTejo.
- AGROGLOBAL – CARTAXO – 15 DE ABRIL – Onde, numa caminhada pela zona ribeirinha da Lezíria do Tejo no Vale de Santarém e no Cartaxo, se passará pela Agroglobal para debater a necessidade de uma transição ecológica da agricultura para práticas agrícolas sustentáveis e os problemas relacionados com as monoculturas.
- ESTUÁRIO DO TEJO – AZAMBUJA / ALHANDRA / PARQUE DAS NAÇÕES – 16 DE ABRIL – Com paragem na Azambuja, onde se quer construir um açude, a caravana caminhará até até Alhandra apelando a todos os cidadãos de Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa para protegerem a fauna e a flora do estuário do Tejo que, refere o proTejo, “acumula uma acentuada poluição com origem em Espanha e que se agrava com as águas poluídas de afluentes do rio Tejo e acaba numa acentuada contaminação do estuário com a consequente proibição a apanha de bivalves na reserva Natural do Estuário do Tejo”.
Consulte o programa completo de seguida:

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