Foi na última reunião da Assembleia Municipal da Sertã que o CHEGA alertou para o “abandono” e o “desmazelo” a que o Castelo da Sertã foi deixado. Embora neste momento alguns trabalhos de intervenção já tenham sido realizados, Cátia Pinto sublinhou haver “um trabalho de dinamização do monumento” por realizar.
A deputada municipal da bancada do CHEGA usou da palavra e, dirigindo-se a todos os presentes, lembrou um marco “emblemático” da história sertaginense, bem patente na famosa lenda de Celinda.
“Porque somos feitos de histórias e sonhos, debruço-me sobre o nosso castelo, o Castelo da Sertã. Para aqueles que têm receio de o dizer, eu digo-o bem alto, é um orgulho a nossa história, é um orgulho o nosso castelo e os nosso monumentos, embora esquecidos”, lamentou Cátia Pinto.
Para a deputada do CHEGA, o monumento foi deixado à deriva, a erva cresceu e a limpeza e higienização foram “postas de lado”. “Deixámos dentro daquelas muralhas a história esquecida”, sublinhou Cátia Pinto.
Dirigindo-se aos membros do executivo e à assembleia municipal, a deputada recordou que a limpeza do terreno já foi realizada e as casas de banho fechadas ao público. No entanto, deixou um apelo por mais dinamização do espaço.

Segundo reza a lenda, o Castelo da Sertã, de cinco quinas (algo raro no país), terá sido edificado pelo capitão romano Sertório, no ano de 74 a.C., integrando uma rede de fortificações em volta da Serra da Estrela. Foi dentro das suas paredes que se desenrolou o episódio relatado na lenda de Celinda, a intrépida mulher que expulsou os romanos, atirando sobre eles uma frigideira (sertage) com azeite a ferver. No entanto, escavações arqueológicas recentes concluíram que a sua ocupação inicial poderá remontar apenas ao período islâmico (séculos X e XI). Tendo sofrido diversas vicissitudes ao longo do tempo, no século XVIII estava praticamente arruinado. Foram vários os pedidos apresentados pelos habitantes da Sertã nas Cortes, mas sem o desejado sucesso. Em 1936, por meio de subscrição popular, foi reconstruída uma das torres do castelo, bem como a Capela de São João Baptista, que se lhe encontra anexa. Em 1999, a Câmara Municipal realizou a requalificação de todo o espaço. As escavações arqueológicas, realizadas entre 1996 e 1998, revelaram a existência, dentro do perímetro do castelo, de um celeiro (utilizado pelo Almoxarifado da Sertã para guardar os cereais), uma antiga capela (anterior à atual), uma calçada em uso nos séculos XV/XVI e fragmentos de cerâmica árabes.
“É triste e vergonhoso termos um castelo (…) em que as pessoas possam visitar e verificam que apenas temos para oferecer casas de banho sem qualquer limpeza, como também já foi noticiado (…). Um castelo com evidências claras de falta de limpeza de terreno e, além do mais, com estruturas notoriamente degradadas. É triste vermos algo que nos deixa tão orgulhosos assim ao desmazelo. A erva até já foi cortada e as casas de banho até foram fechadas, mas sabem o que falta ao nosso castelo? Mais dinamização e a nossa bandeira de Portugal”, concluiu Cátia Pinto.
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O Presidente da Câmara Municipal da Sertã, Carlos Miranda, concordou com a intervenção da deputada do CHEGA, porém lembrou o trabalho que o executivo tem realizado ao longo dos últimos meses, nomeadamente o desenvolvimento de um projeto para recuperar o monumento e “para tornar aquela zona numa zona central, estratégica, da vida urbana da cidade, porque é de facto um ponto central na Sertã e temos vindo a valorizar”, afirmou o edil.
“Nós sabemos perfeitamente e está à vista que não terá grande valor patrimonial, porque sabemos quando foi construído. Porém, sabemos também que no subsolo existem vestígios arqueológicos com algum interesse e é, sobretudo, um ponto central e de grande visibilidade sobre a vila. É como tal que nós o queremos aproveitar”, concluiu o autarca.





