Foto: UFCPG

Desde 2019 que a União das Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande homenageia e entrega medalhas de honra a figuras e instituições que prestigiam a Freguesia, como “dever de gratidão de forma institucional” a quem teve “carreiras notáveis ou ações relevantes”. Mais uma vez, o salão nobre da Junta de Freguesia acolheu a sessão solene de homenagem, desta vez a 12 individualidades.

É uma forma de “demonstrar a sua gratidão e apreço institucionais aos cidadãos e às instituições que, de qualquer forma, tenham praticado atos ou demonstrado de forma consciente, um comportamento que honrou e promoveu o prestígio desta União das Freguesias, contribuindo para o desenvolvimento e bem-estar da população”, segundo o presidente de Junta.

Rui Miguel Martinho destacou a importância de demonstrar o reconhecimento a pessoas singulares ou coletivas “que se notabilizem no desempenho das suas funções e cujo mérito deva ser publicamente relevado”.

Após a explicação, o autarca apresentou um resumo da biografia de cada um dos homenageados, cujos familiares ou os próprios receberam a Medalha de Honra.

A título póstumo, o primeiro a ser condecorado foi o fadista Artur Manuel Correia Simões, cuja medalha foi recebida pela viúva, Rosário Ferreira.

“Fadista amador de relevo, nutria pela sua terra uma imensa paixão. Castiço por natureza, encontrou no fado a melhor forma para exteriorizar os seus sentimentos. Respeitado e admirado unanimemente, retribuiu exemplarmente, sempre de uma forma cordata e cavalheiresca. Para além da paixão pelo fado, Artur Simões participou também em várias peças de teatro, ajudando a divulgar o nome da Chamusca”, destacou o autarca.

Coletividade centenária, o Grupo Dramático Musical J.N.P. foi fundado oficialmente no dia 28 de julho de 1922, cumprindo este ano os seus 100 anos de história.

Para Rui Miguel Martinho, o facto desta coletividade atingir a histórica marca de 100 anos, “para além se ser muito pouco comum, releva o espírito de missão de todas as pessoas que ao longo da sua existência contribuíram para que este momento fosse alcançado”. Inicialmente intimamente ligado ao teatro, o Grupo “soube sempre manter-se ao lado da cultura e das tradições da Chamusca, evidenciando um enorme contributo para com a sociedade, pelo qual todos nós nos achamos devedores e reconhecidamente agradecidos”, realçou.

Recebeu a medalha, o atual Presidente da Direção, Vítor Rosa.

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O condecorado seguinte foi o fadista João Chora. Com mais de 35 anos de carreira, tem cantado o fado, acompanhando-se à viola, por esse país fora e por vários continentes. Tem levado o nome da Chamusca a diversos países europeus, mas também a Macau, Hong-Kong, E.U.A, Canadá, Brasil, Cabo Verde, entre muitos outros. “Por tudo isto, é carinhosamente conhecido como o nosso Embaixador. É um dos nossos nomes mais ilustres. O seu nome pontifica no Museu do Fado, junto dos maiores fadistas nacionais, O que, desde logo, demonstra tudo o que a Chamusca e os chamusquenses lhe devem”, destacou o autarca.

Noutra área, João Lobato foi um dos principais impulsionadores dos festejos em honra de Santa Maria, tendo várias missões de relevo, entre as quais a de enfeitar as ruas da aldeia do Pinheiro Grande e a aquisição e lançamento dos artefactos pirotécnicos. Pontificou também enquanto dirigente associativo na Sociedade de Instrução e Recreio e revelou-se grande responsável pela manutenção de tradições, como, por exemplo, os bailes da pinha e da serração da velha. Foi apresentado como um “bairrista assumido, com paixão e orgulho pelo seu Pinheiro Grande, que transmitiu às suas gentes um amor muito singular pela sua terra”.

A Medalha de Honra, a título póstumo, foi entregue ao filho, Armando Lobato.

Atualmente no Quadro de Honra dos Bombeiros Voluntários da Chamusca, João Saramago foi 2º Comandante da corporação de 21 de abril de 1992 até 22 de novembro de 2012, quando atingiu o limite legal para o exercício do cargo. Antes disso, foi Adjunto de Comando desde 4 de janeiro de 1978.

“Durante as várias dezenas de anos em que serviu os nossos Bombeiros, mostrou-se sempre competente e disponível, tendo adquirido o respeito e a admiração dos seus pares e das populações”, realça o Presidente da Junta.

Em paralelo, João Saramago, desempenhou o cargo de Presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, “sempre com um elevado espírito de missão e de independência”, justificando-se a atribuição da Medalha de Honra.

Nas áreas da cultura e do desporto na Chamusca, José de Jesus de Oliveira Pinhal é considerado um nome incontornável. “Figura de proa no meio artístico e desportivo, esteve desde muito novo ligado aos principais movimentos associativos, tendo sido em vários deles, o seu principal impulsionador. O seu nome encontra-se intimamente ligado ao Centro Cultural, aos Bombeiros Voluntários, ao Juventude Chamusquense, ao teatro, ao fado e a vários outros, como, por exemplo, enquanto Maestro da Tuna da nossa Universidade Sénior”, refere Rui Martinho.

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Apresentada como “mulher de causas e afetos”, Maria Manuel Salter Cid, a D. Nani, como era conhecida, destacou-se na comunidade da Chamusca. Foi vereadora, membro da Junta de Freguesia da Chamusca, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola, fez parte dos órgãos sociais dos Bombeiros, “entre várias outras paixões que assumia com gosto, dedicação e bastante persistência”, como sublinha o autarca que entregou a medalha à afilhada da homenageada, Ana Freitas.

A mais jovem homenageada foi a “basquetebolista de eleição” Mariana Cegonho, de 26 anos. Pertenceu aos quadros do Chamusca Basket, Sporting Clube de Portugal, Queluz, defendendo atualmente as cores dos Olivais de Coimbra, cidade onde pode continuar a aliar os seus estudos com a carreira desportiva. Apesar de muito jovem, já atingiu o estatuto de internacional, tendo representado a seleção portuguesa de basquetebol em diversas ocasiões, levando deste modo o nome da Chamusca além-fronteiras.

Outro homenageado foi Manuel Rufino, Comandante dos Bombeiros Voluntários da Chamusca em 18 de outubro de 1977 a 23 de agosto de 2014, quando saiu por ter atingido o limite para o exercício de funções, sendo substituído pelo atual Comandante, Rui Saramago. Durante os quase 37 anos em que comandou os Bombeiros, “denotou sempre elevada competência e capacidade para o exercício das suas funções, granjeando entre todos os que com ele lidaram, de uma enorme estima e consideração, desde os seus subordinados até à população anónima, inserida nos inúmeros teatros de operação em que patenteou todo o seu saber e disponibilidade”. Atualmente e desde 2017 integra o Quadro de Honra.

“De personalidade multifacetada”, Manuel José Aranha foi desportista, apresentador de espetáculos, ator amador, poeta, diretor associativo e desportivo, dirigente sindical e vereador, entre várias outras atividades, onde “sempre sobressaiu pela sua diferenciação em relação aos demais, dedicando grande parte da sua vida à causa humana, social, cultural e desportiva da nossa Terra”, realça o Presidente da União de Freguesias.

Foi atribuída a Medalha de Honra por ser um “homem de enorme simpatia, de oratória fácil, e a saber pôr o dedo na ferida, quando tal se impõe, respira Chamusca por todos os poros”, sendo “uma figura incontornável dos valores, dos princípios e das tradições, que fizeram da Chamusca uma referência no Ribatejo”.

Voltando aos bombeiros, Manuel José Nalha foi admitido na corporação da Chamusca a 6 de janeiro de 1951, passando pelas categorias de Bombeiro de 3º, Bombeiro de 2ª, Bombeiro de 1ª e Subchefe. Foi Comandante dos Bombeiros entre 12 de dezembro de 1974 e 16 de junho de 1977, depois de dois meses como Adjunto de Comando.

“Ao longo dos 26 anos em que se manteve no ativo ao serviço das populações evidenciou uma competência ímpar, o que se traduziu num reconhecimento transversal à sociedade em que se encontrava inserido”, sublinha Rui Martinho. Não era por acaso que era tratado “carinhosa e respeitosamente por todos” como “O Comandante”.

No dia 17 de junho de 1977 passou ao Quadro de Honra, onde se manteve até ao dia 13 de agosto deste ano, data do seu falecimento.

Recebeu a medalha, a filha do homenageado, Rosário Nalha.

“Chamusquense de gema”, Raul Caldeira desenvolveu muitas vezes em simultâneo, várias atividades em diversas áreas, fruto do seu espírito bairrista com que se entrega à Chamusca.

Dedicou-se, por exemplo, a tertúlias fadistas, foi membro de grupos musicais, colaborou com cerca de 10 rádios, escreveu para a imprensa escrita, impulsionou o clube taurino, foi ator em diversas peças e revistas, declamou poesia um pouco por todo o país, exaltando sempre o nome da sua Chamusca. É um taurino assumido e apaixonado. Foi, durante vários anos, a voz da Entrada de Toiros na Ascensão, com a célebre e eterna frase: “Os toiros estão na rua!”. Foi com emoção que recebeu a Medalha de Honra.

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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