Desde há cerca de dois meses que a aldeia da Parreira, no concelho da Chamusca, está separada em duas devido ao abatimento da ponte sobre a ribeira do Chouto. A engenharia militar montou uma ponte e resolveu o problema.
Como “solução rápida para que população evitasse percorrer 10 quilómetros para atravessar a rua, praticamente”, o presidente da Câmara da Chamusca contactou o comandante do Regimento de Engenharia Nº 1 de Tancos para a montagem de uma ponte militar que solucionasse o problema, até que seja construído um novo pontão.
O mediotejo.net teve oportunidade de acompanhar uma manhã dos trabalhos de montagem da ponte na presença de graduados do Regimento e de autarcas da Chamusca.
Paulo Queimado, presidente da Câmara, explicou que o “objetivo é que a população possa passar de um lado para o outro da localidade, mas também garantir a atividade da silvicultura e floresta”. É que aquela travessia era utilizada não só pelos moradores, mas também pelos camiões de transporte de madeira e cortiça em direção às estradas nacionais.
“Em boa hora o Exército disponibilizou-se a colaborar”, naquilo que o autarca considera ser “uma necessidade” premente.
Solução provisória deverá estar pronta na próxima semana
Na sequência de contactos estabelecidos entre o presidente da Câmara e o Comandante do Regimento, foi formalizado um protocolo entre as duas partes, em que a autarquia assume as refeições, os seguros dos cerca de 20 militares que trabalham na montagem da ponte e a parte logística, num valor aproximado de 30 mil euros.
Espera-se que os trabalhos estejam concluídos até ao fim de semana e que no início da próxima semana, já com rampas e sinalização, se normalize a circulação rodoviária sobre a ribeira do Chouto.
Na visita realizada no dia 22 de julho, Paulo Queimado revelou que “já está em processo de adjudicação a empreitada de conceção e construção do novo pontão”, mas é um processo mais demorado porque carece de estudos geotécnicos e hidrológicos”. Essa solução, adiantou, “na melhor das hipóteses só estaria concretizada daqui a oito a 10 meses, daí a opção “por uma solução mais imediata” e que se vai manter até que seja construída uma nova travessia, com a necessária deslocalização da ponte provisória.
Quanto à decisão de encerrar o trânsito rodoviário naquele pontão há cerca de dois meses, surgiu, conforme explicou o autarca, na sequência das ações inspetivas das pontes e pontões.
“Foi detetado um problema estrutural no pontão da Parreira Velha – o abatimento num dos assentamentos do tabuleiro – que nos obrigou ao corte do trânsito para segurança das populações”, disse Paulo Queimado, ressalvando que o pontão “não está a cair, mas havendo uma deformação na estrutura achou-se por bem proibir o trânsito”.
Coube ao Tenente Vítor Pereira, Comandante da Companhia de Pontes, do Regimento de Engenharia nº 1 de Tancos, dar uma explicação mais técnica, tendo referido que se trata de uma ponte militar Bailey M2 que é montada por tramos de três metros numa das margens e vai sendo empurrada sobre roladores até à outra margem, num processo que demora entre três a quatro dias.

A ponte tem um vão de 21 metros, mas com as rampas de acesso fica com um total de 30 metros. A largura de 3,80 m permite a circulação alternada de veículos até 40 toneladas.
A Companhia que Vítor Pereira lidera dedica-se à montagem de pontes, torres e outras estruturas. No concelho da Chamusca está montada outra travessia militar, a Ponte das Palhas.
O Tenente-Coronel Ramalho, comandante do Batalhão, realça o trabalho que o seu grupo de homens tem feito em prol das autarquias e da população.
“Temos sido muito solicitados no âmbito das pontes. No final do ano passado montámos uma ponte em Torres Vedras, já este ano, em maio e junho, montámos outra em Montemor o Velho”. No concelho onde estão sediados, Vila Nova da Barquinha, montaram recentemente uma ponte flutuante a ligar ao Castelo de Almourol.
O trabalho destes militares não se fica pelas travessias. Por exemplo, em Ourém estão a limpar a ribeira que atravessa a cidade e a seguir vão limpar o rio Alcabrichel, em Torres Vedras. Outra tarefa nesta fase do ano é ter tudo pronto em termos de equipamento de prevenção para a época dos incêndios.
Outro grupo do Regimento de Engenharia que desenvolveu um trabalho importante foi a Companhia de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear que teve uma participação muita ativa durante a pandemia, realça aquele responsável.
Nesta altura, o Regimento de Engenharia N.º 1 está a ministrar o Curso de Sapador Pontoneiro, aos alunos do 49.º Curso de Formação de Sargentos de Engenharia, e o 1.º Curso de Operador de Pontes 2021, às Praças da Companhia de Pontes.
O primeiro curso “destina-se a habilitar os Sargentos de Engenharia a desempenhar funções de Sapador Pontoneiro, em campanha ou tempo de paz, designadamente as funções de Sargento de Pelotão, Comandante de Secção ou Chefe de Equipa em Pelotões ou subunidades equipadas com meios de transposição de obstáculos e cursos de água de apoios fixos e flutuantes”.
O segundo “destina-se a habilitar a categoria de Praças da Companhia de Pontes com os conhecimentos e competências necessários para construir, operar e manter pontes de apoios fixos e pontes de apoios flutuantes”.