Chamusca Basket iniciou época na ProLiga com vitória num dia histórico e cheio de emoções. Foto: mediotejo.net

Os nervos estavam à flor da pele. Era a primeira vez que o Chamusca Basket jogava na Proliga e logo a enfrentar uma equipa dos chamados “grandes”, o Club Basket de Queluz. No fim, a festa da vitória fez-se com sorrisos e muita emoção.

Foi um dia histórico para a equipa sénior de basquetebol do Chamusca Basket. Primeiro porque era a sua estreia na Proliga, uma divisão em que nunca esteve qualquer clube do distrito de Santarém, e depois porque terminou com uma expressiva vitória de 91-80 contra o Club Basket de Queluz.

Apesar de o Pavilhão da Escola ED 2,3 da Chamusca não ter público a assistir ao jogo, sentia-se no ar o nervosismo e ansiedade de uma partida que mais parecia um “David contra Golias”.

O treinador Manuel Azevedo reconhecia antes do início do jogo, nas breves palavras que trocou com o jornalista do mediotejo.net, que a expectativa era elevada. Ao mesmo tempo demonstrava confiança na sua equipa que garantia estar preparada e motivada para dar uma boa resposta ao adversário.

Depois de agradecer todos os apoios, sobretudo por parte do Município que “ajudou bastante nos aspetos logísticos”, Manuel Azevedo disse estar-se a viver “um momento histórico para a equipa e para o desporto distrital”.

Isto por que “são poucas as equipas que estão a disputar provas profissionais e semiprofissionais com praticamente todos os jogadores da nossa origem, de seleções distritais, das equipas do Chamusca Basket e outras do distrito que estão aqui representadas nesta equipa”.

Os atletas, esses estão atarefados com os exercícios de aquecimento, dominados pelo nervosismo e ansiedade, sem tempo para responder às perguntas dos jornalistas.

O treinador Manuel Azevedo orienta os jogadores do Chamusca Basket. Foto: mediotejo.net

São 12 os jogadores que fazem o aquecimento durante cerca de meia hora ao som de música em volume alto que ajuda a acelerar e a gerar mais movimento e adrenalina. Começam os apitos da contagem decrescente e a 5 minutos do início da partida, o speaker de serviço, João José Bento, dá as boas vindas à equipa técnica e de arbitragem. Um dos maiores aplausos vai para a equipa visitante.

À porta do pavilhão, elementos de uma empresa de segurança controla as entradas, restritas devido à pandemia. Só podem entrar dirigentes e técnicos dos dois clubes, para além do staff de apoio. Na parede, o painel eletrónico anuncia a contagem decrescente do tempo e o marcador: Chamusca 0 – Visitantes 0.

E foi com a confiança num “bom jogo” que o Chamusca Basket iniciou a partida, depois do ritual de motivação em que os jogadores e treinadores fazem um roda, içam o braço direito em conjunto e gritam “1, 2, 3 Chamusca”, gesto que se repete várias vezes ao longo do jogo.

À hora certa cala-se a música e ouve-se o apito. Logo aos primeiros 40 segundos a equipa da casa conquista os primeiros dois pontos, que sobe para quatro pontos 20 segundos depois, mas logo reduzidos a um ponto de diferença poucos segundos depois. A primeira parte terminou com uma diferença já assinalável, favorável à equipa da casa: 47-33.

No Facebook, o Chamusca Basket garante a transmissão em direto que é acompanhada por largas dezenas de pessoas e centenas em diferido, numa página com quase 2 mil seguidores.

Sem claques, o jogo desenvolve-se ao som estridente dos ténis a aderir ao piso em madeira, misturado com os gritos de incentivo ou de protesto dos treinadores e dos jogadores dentro das quatro linhas e no banco.

Na primeira parte, o treinador apela ao reforço da defesa, que foi melhorando durante o decorrer da partida. Os primeiros minutos foram muito “taco a taco”, mas a equipa do “Coração o Ribatejo” estava motivada e foi alargando a vantagem, não sem fazer alguns protestos contra a arbitragem. “Quando se toca nos gajos, é sempre falta”, grita alguém do banco, num protesto interpolado com algumas asneiras.

O treinador Manuel Azevedo orienta os jogadores do Chamusca Basket. Foto: mediotejo.net

Ao longo da partida ouve-se falar português, mas também inglês. Isto porque a equipa do Chamusca Basket conta com dois atletas africanos, um nigeriano e outro ganês, que ainda não dominam a nossa língua.

De colete verde fluorescente, atenta ao jogo e não escondendo o nervosismo, Tânia Francisco diz que que o clube “é como se fosse uma família. O meu marido está ali do outro lado, também é segurança, tenho um filho nesta equipa e o outro está lá ao fundo a ajudar a limpar o recinto quando é necessário”, explica. Ao seu lado está a mulher do treinador, Ana Isabel, a dar apoio à equipa da casa, enquanto as suas filhas tiram fotografias.

Na segunda parte da partida, o Chamusca Basket foi aumentando a vantagem, chegando a ter 20 pontos de diferença. O nervosismo começa a dar lugar à alegria e à emoção de vencer o primeiro jogo que a equipa disputa na Proliga, que terminou com o resultado 91-80.

No final, mais descontraído, o treinador Manuel Azevedo destacou ao mediotejo.net o orgulho que sente na sua equipa e nos seus jogadores.

“Não está aqui ninguém profissional, inclusivamente os dois jogadores comunitários. Eu sei que é difícil e reconheço o sacrifício que fazem os jogadores. Para mim é um motivo de orgulho muito grande poder competir e jogar com estes atletas”, elogia o treinador.

“É uma equipa de miúdos que gosta de jogar basquetebol, todos amadores. Tenho de lhes dar um prémio. Temos todos os motivos para estar orgulhosos”, reforça.

O treinador destaca os laços de amizade que cria e mantém com os jogadores ao longo da dezena e meia de anos que dinamiza a modalidade na Chamusca.

O próximo jogo, a disputar no dia 25, é contra a Academia do Lumiar que “na sua essência é constituída por jogadores da equipa B do Sporting, é a equipa satélite do Sporting”, explica o treinador do Chamusca Basket.

“Reconheço que vai ser um jogo difícil, mas tenho a certeza que a equipa vai dignificar o basquetebol do distrito de Santarém, da Chamusca, do desporto do Concelho e isso enche-me de orgulho”, conclui Manuel Azevedo.

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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