A empresa responsável pela reabilitação de um ‘travessão’ de pedra no rio Tejo, na zona de Abrantes, que impedia a circulação de peixes, deu por terminados os trabalhos “ainda sem uma solução definitiva”, tendo deixado aberto um canal de passagem.
“Vamos continuar a trabalhar na procura de uma solução técnica que sirva os interesses de todas as partes, mas, para já, o ‘travessão’ vai ficar tal como está, com um canal aberto ao centro, até se encontrar outra solução”, disse hoje à agência Lusa fonte oficial da empresa Pegop, instalada em Pego, no concelho de Abrantes.
Em causa está a reparação do denominado ‘travessão’ (barreira que atravessa o rio Tejo), junto à Central Termoelétrica do Pego, estrutura licenciada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e edificada há 25 anos, com o objetivo de aumentar o nível da água no local e permitir a sua captação para arrefecer o vapor proveniente das turbinas.
A mesma fonte referiu que na reunião de trabalho que decorreu com responsáveis da APA no passado dia 23 de dezembro “não se chegou a nenhuma conclusão”, em termos de encontrar uma solução técnica que satisfaça as necessidades da empresa e as exigências ambientais e das comunidades ribeirinhas.
“Os nossos trabalhos estão terminados e foram feitos pequenos acertos a pedido da APA, nomeadamente com a abertura de um canal que repôs a circulação montante/jusante no rio Tejo, quer de peixe, quer de água”, indicou a fonte da Pegop, sublinhando, no entanto, que a solução “é provisória” e que “não serve as necessidades” da central.
No dia 12 de dezembro, a Associação de Defesa do Ambiente – SOS Tejo disse à agência Lusa ter detetado que o rio Tejo havia sido “bloqueado em toda a sua largura” com um novo dique junto da Central Termoelétrica do Pego, unindo esta localidade com a freguesia de Mouriscas.
“O rio Tejo está bloqueado de margem a margem por uma muralha de pedras, que não deixa passar água, peixe ou embarcações de pesca”, disse, na ocasião o presidente da associação ambientalista, Arlindo Consolado Marques.
No local, o dique, composto por grandes blocos de pedra, unia as duas margens sem que o volume de água no rio permitisse a circulação das espécies piscícolas, apresentando no topo um caminho de terra batida para circulação de viaturas em trabalho.
A APA confirmou que a estrutura construída no rio impedia a progressão de peixes e embarcações de pesca, tendo instruído a empresa para construir um canal que o viabilizasse, como medida cautelar.
O Bloco de Esquerda (BE) pediu a 15 de dezembro uma audição parlamentar com caráter de urgência do presidente da agência relativamente a esta barreira.
O deputado Jorge Costa, do grupo parlamentar do BE, afirmou que, “face à gravidade dos atos, aos fortes impactos negativos no ambiente, na comunidade, no rio Tejo e à necessária resolução da situação”, era “urgente a audição do responsável da APA”.
O requerimento foi aprovado por unanimidade e a audição irá decorrer no início de 2016, em data ainda por agendar.
A Lusa contactou a APA, mas não conseguiu obter mais informações por parte desta entidade.