Imagem aérea do centro histórico de Tomar (Foto: DR)

Entre 2001 e 2011, a região do Médio Tejo perdeu cerca de 3% da população. Dez anos depois, e numa altura em que decorre mais um recenseamento geral da população, a expectativa maior reside em saber quantos somos. As estimativas anuais do Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de uma progressiva perda de população, fenómeno transversal a todo o país, mas mais sentida nas regiões do interior e que se traduz numa crescente desertificação.

Segundo o INE, a região do Médio Tejo contabilizava em 2019 um total de 232.580 indivíduos, dos quais 110.136 do sexo masculino e 122.444 do sexo feminino. Estas projeções confirmam uma perda de população desde 2011 na ordem dos 6 por cento nos 13 municípios, percentagem que previsivelmente se agravou até à presente data.

Entroncamento e Vila Nova da Barquinha são os dois únicos concelhos da região do Médio Tejo que, mais do que segurarem a população residente, têm conseguido fazer aumentar o número de moradores. A qualidade de vida, a centralidade e as acessibilidades (A23 e estação ferroviária do Entroncamento) são fatores que podem explicar este aumento.

Não é por acaso que em ambos os concelhos se tem registado um aumento do número de alunos nas escolas, facto que traduz um rejuvenescimento da população.

Em termos absolutos, o maior incremento no número de residentes foi observado no concelho do Entroncamento, tendência que os Censos 2021 deverão confirmar. Em duas décadas passou de 18.174 para 21.558 habitantes.

Abrantes e Tomar são concelhos que, segundo as estimativas do INE, terão perdido cerca de 4 mil habitantes cada um. Em Torres Novas e Ourém, esse decréscimo não é tão sentido, se bem que também se verifica uma redução demográfica na ordem dos 2 mil habitantes na última década.

Uma realidade que contribui para que a sangria demográfica não seja tão grave é a presença cada vez maior de estrangeiros na nossa região. Em concelhos como Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã, é notório o crescimento da comunidade estrangeira, originária sobretudo do Reino Unido e que aqui procura casa para viver e gozar a reforma.

Mas no Médio Tejo, de acordo com os dados de 2019, a maior representatividade de população estrangeira com estatuto legal de residente era do Brasil, seguido do Reino Unido, Ucrânia e Roménia, sendo certo que há uma grande percentagem de estrangeiros que não estão recenseados em Portugal apesar de aqui viverem.

Os dados do INE apontavam para 6.285 estrangeiros com estatuto legal de residente no Médio Tejo em 2019. Ourém concentra mais brasileiros, ucranianos e romenos, enquanto os britânicos preferem Tomar.

A estas e a outras questões sobre a realidade atual na nossa região vão responder os Censos de 2021. Daqui a alguns meses ficaremos a saber quantos somos, como vivemos e como estamos, por exemplo, em termos de escolaridade, de habitação e de emprego.

O prazo preferencial para responder aos Censos 2021 pela Internet termina esta segunda-feira, marcando o fim da primeira fase de resposta aos inquéritos do Instituto Nacional de Estatística que abrangem mais de seis milhões de alojamentos.

Os inquéritos podem ser respondidos em https://censos2021.ine.pt com os códigos das cartas que foram entregues nas caixas de correios pelos cerca de 11.000 recenseadores e todas as respostas devem referir-se à situação do alojamento no dia 19 de abril, o dia censitário.

Além da Internet, os cidadãos podem usar o número de apoio 210542021 para responder, podem usar o e-balcão na sua junta de freguesia ou, em último caso, preencher os clássicos questionários em papel entregues pelos recenseadores, que vão seguir um “rigoroso protocolo de Saúde Pública” por causa da pandemia da covid-19.

A partir de 31 de maio, os recenseadores irão fazer uma segunda ronda pelos alojamentos que ainda não tenham respondido para tentar recolher respostas por outro meio além da Internet.

No dia 27 de abril, o INE já tinha recebido mais de 2,4 milhões de respostas, 92% das quais através da Internet, e representando informação estatística sobre mais de cinco milhões de pessoas. Ao todo, estão envolvidas na realização e tratamento dos dados do Censos 2021 cerca de 15.000 pessoas.

Habitantes no Médio Tejo

 2001*2011*2019**
Abrantes42 23539 32535 130
Alcanena14 60013 86812 809
Constância3 8154 0564 030
Entroncamento18 17420 20621 558
Ferreira do Zêzere9 4228 6197 959
Mação8 4427 3386 267
Ourém46 21645 93244 044
Sardoal4 1043 9393 741
Sertã16 72015 88014 577
Tomar43 00640 67736 748
Torres Novas36 90836 71734 933
Vila de Rei3 3543 4523 323
V. N da Barquinha7 6107 3227 461
TOTAL254 606247 331232 580

Fonte: INE
* Censos
** Estimativas anuais da população residente (INE)

– C/LUSA

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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