As próximas duas semanas serão decisivas para o futuro sustentável de Portugal, para a nossa tradição democrática, mas sobretudo para a estabilidade das nossas famílias. A ânsia de poder de um líder político, a raiva aos resultados eleitorais de dois partidos minoritários de esquerda e a perda de maioria absoluta da coligação PSD/CDS, podem colocar em causa a saída de Portugal da bancarrota, o crescimento económico, a baixa consecutiva do desemprego mas mais do que isso, deitar por terra todos os sacrifícios que os portugueses fizeram nestes últimos 4 anos e colocá-los numa situação ainda pior.

António Costa, o Bloco de Esquerda e o PCP compraram-se reciprocamente, abdicaram de algumas regras básicas dos seus programas e preparam-se, qual manta de retalhos, para chumbar um Governo coeso, com propostas equilibradas, obra feita e, sobretudo, que venceu as eleições. Confesso que o que mais me preocupa aqui é saber até que ponto António Costa vende as suas convicções, nesta tentativa desesperada de ser Primeiro-Ministro.

Afinal, que propostas e medidas do BE e do PCP está disposto a aceitar apenas para garantir o seu voto? O líder do PS é hoje um refém da esquerda radical portuguesa, depende a 100% da boa vontade de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. Isso é um perigo para um Primeiro-Ministro que, para além de não ter tido a maioria dos votos dos portugueses, ainda se vai sujeitar a romper com o compromisso que assumiu com os eleitores e o seu partido, sujeitando-nos diariamente a incoerências que parecem não ter fim, o que prejudica em larga medida a credibilidade de Portugal.

Normalmente, a discussão do programa de governo, que terá lugar na próxima semana, seria o palco privilegiado para o Governo conseguir integrar no seu programa algumas propostas fundamentais para o Partido Socialista. Mas, pelos vistos, António Costa já tomou a sua decisão mesmo sem ler o que se propõe.

Sempre achei um pouco difícil recusar ou criticar algo sem antes se ouvir e saber concretamente do que se trata, mas isto apenas mostra claramente que mesmo que o PSD/CDS apresentem o melhor trabalho possível, este iria sempre ser recusado. Não porque não tinha qualidade mas apenas e só porque não responde ao capricho de António Costa, como se o interesse e a vida dos portugueses estivesse em segundo plano.

É esta a postura de um partido respeitável? Será isto saber ouvir e cumprir o voto dos portugueses? Todo este processo só tem contribuído para piorar a credibilidade dos políticos e da atividade política. É um péssimo serviço que se tem vindo a prestar à democracia e à República, não é isso que os portugueses precisam e esperam de nós.

Ao longo deste processo, a dupla Carlos César e António Costa tem revelado atitudes  infantis, que em nada se coadunam com o prestígio do passado do PS.

Ainda hoje, o jornal I publica um texto onde revela que o Partido Socialista alterou o seu “cenário macro-económico” para poderem caber lá as exigências do PCP e do Bloco.

Ou seja, manipularam as previsões orçamentais para que o aumento da despesa previsto com as medidas populistas que defendem não viole as regras do Tratado Orçamental nem os limites do défice público. Quando for óbvio que as receitas não permitem isso, António Costa vai responsabilizar a crise internacional, o governo anterior e os seus parceiros de esquerda.

Ai pedirá ajuda ao PSD/CDS para voltar a colocar o país na ordem. O  costume.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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