O presidente da Câmara de Mação manifestou hoje “enorme preocupação” pelas consequências económicas e ambientais de obras que estão a ser feitas no rio Tejo, na zona de Abrantes, que impedem a subida de peixes para montante.
Em causa está uma muralha de pedras que está a obstruir o rio Tejo, de margem a margem, na zona de Abrantes, entre as freguesias de Mouriscas e Pego, no distrito de Santarém, que não permite a passagem a subida de peixes para montante, nomeadamente para a zona ribeirinha de Ortiga, no concelho de Mação, tendo a Associação SOS Tejo anunciado hoje uma providência cautelar contra aquela obra particular.
Na placa colocada no local, onde se escreve que a empresa Pegop é dona da obra, pode ler-se que a mesma é uma “reabilitação do travessão do rio Tejo”, consignada a 02 de setembro deste ano e com um prazo de execução de dois meses.
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação manifestou à agência Lusa a sua “enorme preocupação pelas obras que estão a ser desenvolvidas” no rio Tejo e com as consequências das mesmas, “principalmente no que diz respeito à subida dos peixes, e também os problemas ambientais que daqui podem advir”.
“Temos a garantia da Pegop que estas preocupações, legitimas, estão salvaguardas, podendo virem a ser feitas alterações na obra”, disse o autarca, tendo sublinhado o “apoio incondicional às populações, principalmente a todos os que se sentem inquietos com este assunto e principalmente àqueles que têm no rio Tejo o seu sustento e das suas famílias”.
Manifestando “disponibilidade para encontrar as melhores soluções com as partes interessadas”, Vasco Estrela lembrou o “histórica e polémica construção daquele travessão, há 25 anos, que levou à necessidade de alterações face ao previsto pelo manifesto obstáculo que criava à passagem dos peixes”, tendo feito notar que a autarquia “não deixará de fazer valer os seus direitos pelos meios legais que entender como necessários”.
Também o Movimento pelo Tejo – ProTejo -, já se manifestou sobre este travessão no Tejo, tendo o seu porta-voz afirmado “não ser aceitável que se construa assim um dique” no rio Tejo.
“Já são tantos os obstáculos no Tejo que dificultam a progressão das espécies na subida do rio que mais esta barreira não faz sentido algum em termos ambientais”, defendeu à Lusa Paulo Constantino.
Em declarações à Lusa, José Vieira, diretor de recursos humanos da Central Termoelétrica do Pego – Pegop -, disse que “as acusações e as preocupações ambientais são infundadas”, tendo feito notar que a obra de reparação está “devidamente licenciada” pela APA.
“Estamos a fazer uma reparação de um rombo no travessão sobre o Tejo, uma estrutura que existe há 25 anos, e que nunca teve problemas com a subida dos peixes”, defendeu, tendo observado existirem nas laterais do travessão “zonas rampeadas” para a circulação da fauna piscícola.