O Centro de Saúde de Gavião tinha habitualmente três médicos, e nunca existiriam grandes problemas de cobertura dos cuidados de saúde, sendo que até comunidades de concelhos vizinhos se socorrem com frequência dos serviços médicos e de enfermagem, e mesmo de urgências.
Porém, a falta de médicos nos últimos dois anos tem estado a gerar preocupação, uma vez que os dois médicos residentes seguiram para aposentação, e a solução passou ficarem em prestação de serviços.
“Nunca tivemos grandes problemas porque tínhamos dois médicos residentes, o Dr. José Cabaço e a Dra. Rosa. Os outros faziam prestação de serviços, mas iam aguentando bem o serviço todo”, explicou José Pio, presidente da CM Gavião.
Os dois médicos aposentaram-se, ficaram em prestação de serviços, mas foi comunicado por um dos clínicos que não pretende renovar, e que sairá no primeiro trimestre deste ano.
O presidente de Câmara releva ainda o facto de “apesar de o Dr. Cabaço querer ficar, está a ficar debilitado em termos de saúde, e isso impossibilita que continue a prestar serviço no Centro de Saúde de Gavião e na extensão de saúde de Belver, que tem tido a seu cargo”.

Antevendo a situação que se avizinha, o Município interveio junto da ULSNA para conseguir “garantir o serviço de qualidade no Centro de Saúde de Gavião”.
“A primeira intenção é que o médico que tem estado em prestação de serviços, Dr. Jorge Rebelo, seja colocado definitivamente no Centro de Saúde e a par disso conseguir mais um ou dois médicos para prestarem cuidados de saúde no concelho”, revela o edil.
Já existiram várias reuniões, e a autarquia crê que tudo está “encaminhado” para conseguir que o médico fique por Gavião. “Até à assinatura definitiva do contrato, não sei se não poderá haver algum volte-face. Espero que não haja”, comenta.
Quanto aos outros dois médicos necessários para o concelho, vão sendo lugares ocupados na modalidade de prestação de serviços, mas José Pio crê que “não é solução”.
“Não são médicos fixos. Hoje vem um, amanhã vem outro, e as pessoas nunca têm uma relação de proximidade indispensável com o médico. Estamos a lutar, temos algum caminho já percorrido no sentido de fixar cá mais um médico, e depois cá estaremos para aquilo que for necessário a Câmara intervir”, assume.
“Não havendo ainda regulamento para a fixação de médicos no Município de Gavião, vamos socorrer-nos da legislação em vigor e do apoio à interioridade para a colocação de um médico, e vamos subsidiar a fixação do Dr. Jorge Rebelo no concelho de Gavião”, diz José Pio.

A falta de médicos será flagrante pela diminuição da qualidade de atendimento aos utentes no centro de saúde da vila, mas a situação pode vir a piorar também nas extensões de saúde, em Belver, Comenda e Margem (Vale de Gaviões) onde os três médicos atualmente em funções têm estado a clinicar. Refira-se que Jorge Rebelo entrou ao serviço em 2021 para reforçar o corpo clínico do Centro de Saúde de Gavião e para prestar atendimento na extensão de saúde de Comenda.
“As extensões de saúde dependem exclusivamente do Centro de Saúde de Gavião, a falta de médicos ali reflete-se ainda mais nas extensões de saúde, visto que os médicos ficam em permanência a atender no centro de saúde e não têm tempo para se deslocar às extensões. No momento em que os dois médicos que temos tido, a Dra. Rosa e o Dr. Cabaço, saírem, será um problema acrescido àquele que já existe”, notou o presidente de Câmara.
Refira-se que o município tornou público duas reuniões recentes, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Gavião, onde contou com os membros da direção da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), tendo em vista a fixação em definitivo do médico Jorge Rebelo no concelho de Gavião.

“Conhecedores da problemática existente no Centro de Saúde de Gavião, no que diz respeito à falta de médicos, e informados que durante o 1º trimestre teremos a saída em definitivo de um dos que ali estão colocados, entendeu a Câmara Municipal de Gavião, reunir com os mais altos responsáveis da Saúde do distrito, no sentido de encontrarmos as melhores soluções para a resolução do problema”, referiu a autarquia.
Entretanto, o Município voltou a reunir em meados de janeiro, referindo que “continua ativo na procura de soluções de forma a colmatar a problemática existente no Centro de Saúde de Gavião, no que diz respeito à falta de médicos”.
A Câmara Municipal afirma que “mantém total disponibilidade para apoiar a fixação em definitivo de um médico no concelho” e que “continuam a ser dados passos importantes para esse efeito”.

Na última sessão da Assembleia Municipal de Gavião foi aprovada uma moção, por unanimidade, atendendo ao “reduzido número de médicos a prestar serviço no Centro de Saúde e respetivas extensões”, a “previsível saída de mais um médico de família durante o ano 2023” e ainda “o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente no período da tarde”.
A Assembleia Municipal deliberou “manifestar a sua preocupação sobre a situação em causa”, “exigir a adoção de medidas urgentes que garantam a fixação de médicos de família que assegurem a prestação de cuidados de saúde primários no concelho, incluindo as extensões de saúde de Belver, Margem e Comenda” e “exigir a reposição do Serviço de Atendimento Permanente em todo o período de funcionamento do Centro de Saúde de Gavião”.