João Paulo Rodrigues é o diretor da empresa Olifantes & Nature, promotora do BARK, um bioparque a criar em Vila Nova da Barquinha, com mais de 120 espécies animais integradas em espaços que mimetizam os seus habitats naturais. Fotografia: David Pereira/mediotejo.net

Foi em 2015 que o BARK – Biopark Barquinha começou a ser pensado. Depois do projeto ter sido tornado público, pela primeira vez, em fevereiro de 2019, e cerca de quatro anos depois, a autarquia começou a considerar dar outro destino aos terrenos, mas teve entretanto a confirmação de que o projeto continua de pé. O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha explica que a sua concretização está agora a aguardar a apresentação, por parte dos promotores, da capacitação financeira para a execução do mesmo.

“Na última reunião técnica que tivemos já me apresentaram alguns projetos de arquitetura. Estão a trabalhar nas especialidades e ficaram de apresentar até dia 15 de outubro a possibilidade de capacidade financeira para execução do projeto”, revela Fernando Freire.

Além de provar a existência de financiamento, os responsáveis pelo BARK terão de apresentar também os projetos de especialidades até 15 de outubro. Tal como confirmou em declarações ao mediotejo.net, caso o prazo não seja cumprido, a autarquia procederá mesmo à reversão do espaço para o alargamento da atual zona industrial que não tem, ao momento, lotes disponíveis.

“Demos um timing para o promotor fazer essas diligências. Já tem o estudo de impacto ambiental aprovado por parte do Ministério do Ambiente, mas faltam-nos aqui evidências de que há capacidade e que há vontade para construírem”, afirmou o autarca.

ÁUDIO | Fernando Freire, presidente da CM de Vila Nova da Barquinha

“Se eventualmente não o fizerem até dia 15 de outubro, conforme acordámos em reunião, vamos avançar para a questão da expansão da zona industrial, uma vez que ela é preemente, face à instalação de mais uma empresa, porque não temos de facto já capacidade de resposta. Por isso, está na mão do promotor mostrar evidências de que o projeto é para arrancar. Esperamos, e vamos acreditar também, que vai avançar. Se não avançar, temos outras soluções, é para isso que em termos políticos somos eleitos, é para decidir”, acrescentou Fernando Freire.

Uma antevisão do que poderá ser o Bioparque em Vila Nova Barquinha. Foto: DR

Tornado público pela primeira vez a 15 de fevereiro de 2019, em sessão de Assembleia Municipal de Vila Nova da Barquinha, o projeto apresentado previa um investimento estimado em 70 milhões de euros e ficou clara a intenção do promotor, João Paulo Rodrigues: “Esperamos que o BARK seja o melhor bioparque da Europa, senão do Mundo.”

O projeto do BARK prevê a criação de um hotel de quatro estrelas com mais de 100 quartos. Imagem: MODO Associados

Pensado como uma porta para o conhecimento e respeito pela biodiversidade, projetado como centro de conservação e reprodução de espécies em extinção e com a intenção de educar e sensibilizar os visitantes para que “não estão sozinhos neste planeta”, o BARK funcionará sob a lógica de um zoo de imersão onde a recriação dos habitats naturais das espécies é um dos objetivos primordiais, de modo a corresponder àquela que é a prioridade número um: o bem-estar dos animais.

Imagem: Divulgação BARK

Em entrevista ao mediotejo.net, em 2022, o promotor explicou as ideias por trás deste investimento. “A ideia tradicional de um Jardim Zoológico é a de ter num espaço uma coleção de animais para que as pessoas se entretenham. (…) Com o tempo, essa ideia desapareceu e tornou-se mais científica e educacional do que simplesmente entretenimento. Sim, existe entretenimento, porque obviamente as pessoas pagam. Mas hoje em dia o foco é cada vez mais em conservação, educação e investigação. Não ser puro entretenimento cego, onde as pessoas não aprendem absolutamente nada. Essa ideia acabou”, reforçou.

Da América à Ásia, da Europa a África, o BARK propõe-se a ser a casa de mais de uma centena de espécies (120), estando inicialmente previstos quatro habitats (o Arquipélago Indonésio, o Pantanal, o Peneda-Gerês e a Savana Africana) que, por força do aparecimento da pandemia de Covid-19, foram reduzidos a dois.

Localizado a norte do Centro de Negócios de Vila Nova da Barquinha, no centro da tríplice Barquinha, Tomar e Entroncamento, os mais de 40 hectares do BARK (o dobro do Jardim Zoológico de Lisboa, para se ter uma melhor noção) têm acessibilidades de ouro: junto à A23 e à A13, a breves minutos de distância da Estação Ferroviária do Entroncamento e a outros breves da A1, além da proximidade com outras atrações, como o Convento de Cristo, em Tomar, ou o Castelo de Almourol, em Vila Nova da Barquinha.

É aqui, a norte do Centro de Negócios de Vila Nova da Barquinha, que vai nascer o BARK. Imagem: David Pereira | mediotejo.net

Desenhado com inspiração no parque da Disney, além da vertente animal está também concebido no projeto um restaurante com 300 lugares e vista para a Savana Africana, um hotel de quatro estrelas com 130 quartos, um centro pedagógico e uma clínica veterinária. Infraestruturas que vão criar cerca de 150 postos de trabalho direto e, em época alta, até 1000 postos de trabalho sazonais.

O projeto foi classificado como de Interesse Municipal por parte do Município de Vila da Barquinha e teve luz verde para a construção com uma Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

Atualmente a frequentar o Mestrado em Jornalismo na Universidade da Beira Interior. Apaixonada pelas letras e pela escrita, cedo descobri no Jornalismo a minha grande paixão.

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