Fotos: DR

O partido Volt apresenta-se em Tomar com candidaturas às eleições autárquicas de 26 de setembro, com Mykhaylo (Misha) Shemliy, de 22 anos, enquanto cabeça de lista à Câmara Municipal, e Gonçalo Venâncio, 28 anos, à Assembleia Municipal. Os jovens encabeçam um projeto que pretende dar “uma nova energia a Tomar”, captar os mais novos para a vida política do concelho e estimular todos os interessados a pensarem diferente e a ingressarem numa democracia participativa e de partilha. O Volt Europa é um movimento político federalista, pró-europeu e progressista, que surgiu por altura do Brexit, tendo Andrea Venzon, um dos fundadores, como presidente. É partido político em Portugal desde 2020, tendo Tiago de Matos Gomes como presidente, e nas Autárquicas 2021 concorre apenas em Lisboa, Porto, Coimbra e Tomar.

O objetivo do partido, o 25º a ser criado em Portugal num processo iniciado em 2019, está em “modernizar” o concelho que “tem estado muito retrógrado”, apresentando uma “equipa jovem e capaz de trazer mudanças”, com ideias inovadoras no campo da habitação, da captação de investimentos e aumento das oportunidades de trabalho, que pretende cativar e fixar os jovens na sua cidade natal, refere em entrevista ao mediotejo.net Mykhaylo (Misha) Shemliy, que é igualmente coordenador da Distrital do Volt de Santarém.

O Volt candidata-se às autárquicas em Lisboa, Porto, Coimbra e Tomar, considerando este último concelho como o seu “representante no Interior”, também por ter um número mais elevado de militantes.

Misha, estudante de Gestão no Instituto Politécnico de Tomar, nasceu na Ucrânia mas reside em Tomar desde os sete anos. Tem nacionalidade portuguesa desde há cinco anos e assume-se um tomarense de causas e lutas pelo concelho que o viu crescer.

Por residir em Tomar e por ter escolhido o concelho para prosseguir com o percurso académico, diz ser sensível às necessidades das camadas mais jovens, tendo conhecimento de causa.

Foto: Volt

ÁUDIO | Misha Shemliy, candidato à Câmara Municipal de Tomar pelo Volt, falou ao mediotejo.net sobre o partido que nasce de um movimento europeu e que ganha projeção no distrito de Santarém, e sobre o projeto para o concelho

Mykhaylo (Misha) Shemliy fala no “trabalho em rede” com outros países europeus envolvidos, cerca de 30, sendo que o VOLT já se assume como partido político em 14 países, constando nos restantes enquanto movimento.

“Trabalhamos em rede, estamos em contacto, e temos uma plataforma de ideias e projetos, tudo o que esteja relacionado com política”, explica Misha Shemliy, dando conta de apoio e aconselhamento do Volt Alemanha sobre a candidatura.

Para Tomar, o projeto do Volt tem várias estratégias integradas para responder a várias necessidades, nomeadamente uma estratégia que visa encontrar solução a nível de habitação, conjugada com a captação de investimentos e criação de postos de trabalho, seguindo-se a maior valorização e dinamização do Politécnico, com aumento da disponibilização e diversidade de cursos oferecidos para corresponder a futuras empresas que necessitem de mão de obra capacitada e local.

Misha Shemliy critica a falta de políticas dirigidas aos jovens, nomeadamente aos que ingressam no ensino superior e que entram no mercado de trabalho, que optam por sair do seu concelho para encontrar melhores condições e oportunidades.

“Não têm a mesma preocupação com os jovens, como têm por exemplo com os turistas”, afirma, acusando a gestão socialista de “má governação” por não conseguir estancar o declínio populacional e por não ter políticas que incentivem à fixação de população jovem.

“A Câmara tem-se focado mais no turismo, e é compreensível, porque quer resultados a curto prazo para depois ser reeleita novamente. Mas temos que pensar a longo prazo”, defende.

O Volt tem como princípio a prática de uma democracia participativa, e por isso chama os tomarenses a fazer parte da solução para os problemas do concelho. “Damos voz a todos, qualquer pessoa pode propor, falar, e é ouvida – o que é o mais importante. O Volt em si é muito pragmático, é inclusivo, não deixamos ninguém para trás, ouvimos ideias de qualquer cidadão”, explica.

Foto: Volt

A democracia participativa praticada pelo Volt, crê, permite estarem “mais próximos dos cidadãos”.

Sendo uma equipa maioritariamente jovem, pretende também trabalhar para cativar os jovens para participar na vida política do concelho, combatente o seu desinteresse sobre esta matéria, invertendo esta tendência partindo do seu próprio exemplo.

“Há um estereótipo de política, em que os partidos ditos clássicos, os tubarões a comandar, sempre o PS e o PSD durante décadas, e não era partidos inclusivos. Um jovem se quiser participar na vida política do concelho ou do país, não terá a mesma oportunidade que damos no Volt, isto é, poderá ser militante, poderá participar, mas não irá desempenhar nenhum papel ou cargo, nem irá ter a oportunidade que eu tive no Volt, desde já sou coordenador, formei uma equipa minha, consegui juntamente com o Gonçalo Venâncio fazer o projeto que queríamos e estamos orgulhosos do nosso trabalho”, contextualiza.

Outras temáticas integram o projeto e o manifesto do partido, que se assume ambientalista e preocupado com a modernização do concelho mas também com a pretensão de que seja um concelho amigo do ambiente.

A educação e os jovens será uma área muito cara ao partido, mas há também propostas para a floresta, a descentralização do turismo e projetos de dinamização da economia, sendo um eixo importante a recuperação pós-pandemia covid-19.

A candidatura do Volt em Tomar foi apresentada a 10 de julho, no Jardim da Várzea Pequena, com a presença do presidente do partido Tiago de Matos Gomes. Foto: Volt

“O partido apresenta uma equipa jovem, que quer mudar para melhor a face de Tomar, bem como abrir portas para verdadeiras oportunidades de trabalho neste concelho, valorizando o turismo, mas também facilitando o investimento noutras áreas, nomeadamente a indústria não poluente. Queremos que os jovens não tenham de sair do concelho para encontrar um trabalho. Tomar deve ser uma terra de oportunidades. E pode sê-lo, porque tem todas as potencialidades para ser uma terra de futuro”, pode ler-se na página do partido.

Já a candidatura liderada por Misha Shemliy e Gonçalo Venâncio, à Câmara e à Assembleia respetivamente, pretende “lutar por um concelho que ouve os seus cidadãos, por um concelho mais amigo do ambiente, por um concelho que cuida do espaço público, por um concelho com projetos transparentes”, onde os tomarenses estão “no centro das nossas atenções, desde os mais jovens que muitas vezes se veem obrigados a sair da sua terra, até aos mais velhos, tantas vezes esquecidos pelas autoridades locais e nacionais”, com foco numa “maior solidariedade intergeracional” e em estimular a participação dos cidadãos.

Joana Rita Santos

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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