Carlos Miranda apresentou as motivações da sua candidatura. Foto: mediotejo.net

Durante quase uma hora, Carlos Miranda, o candidato do PS à Câmara Municipal da Sertã, fez o diagnóstico atual do concelho numa altura de “fim de ciclo” e apresentou as linhas mestras do seu programa a apresentar às eleições autárquicas de 26 de setembro.

Dezenas de pessoas assistiram à apresentação da candidatura de Carlos Miranda, professor e antigo presidente da Assembleia Municipal da Sertã, bem como do candidato à Assembleia Municipal, José Pedro Leitão Ferreira, numa sessão que decorreu no dia 29 de julho na Alameda da Carvalha.

Na plateia estavam, além de atuais autarcas e outros candidatos aos restantes órgãos autárquicos, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, que é também o Presidente da Federação Distrital do PS de Castelo Branco, o presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Lobo, o atual vereador e candidato à Câmara de Vila de Rei, Luís Santos, entre outros autarcas e personalidades.

“Estas eleições não são uma guerra partidária, mas sim uma disputa de ideias”, começou por realçar Carlos Miranda para justificar a ausência de ministros ou dirigentes nacionais do PS na sessão. Na sua opinião “nas eleições autárquicas os partidos têm uma importância muito reduzida. Interessam as pessoas, os projetos, as ideias”. Neste ponto destacou a presença de jovens nas listas, com quem pretende “construir o presente e o futuro do concelho da Sertã”.

Carlos Miranda não se considera do tipo “bota abaixo”. Afirma-se como uma pessoa “construtiva”, quando critica diz que “tenta sempre explicar porquê” e sobretudo tenta sempre “apresentar soluções alternativas, ideias e projetos que possam ajudar a resolver aquilo que considera que está mal”.

Num tom apaziguador, faz questão de sublinhar: “não estou nesta corrida eleitoral contra ninguém, mas sim porque acredito no meu projeto, nas minhas ideias, na minha equipa, na minha capacidade em transformar o concelho da Sertã num concelho melhor para se viver com mais oportunidades para todos”.

O desafio que se coloca à candidatura do PS é derrubar uma maioria social democrata que gere os destinos da autarquia há 12 anos tendo ao leme José Farinha Nunes, o único presidente da câmara que completou três mandatos consecutivos.

É por isso que Carlos Miranda fala num “fim de um ciclo político”, num “momento de viragem política”, frisando que pretende uma autarquia “ao serviço de todos e não apenas de alguns”.

“Não vou dizer que a Câmara não fez nada, não seria justo. Alguma coisa foi feita”, afirmou. “Nestes doze anos, houve coisas bem feitas, houve coisas mal feitas, e sobretudo, considero que ficou muito por fazer”, disse Carlos Miranda, a propósito dos 12 anos de gestão social democrata.

Na semana em que saíram os resultados preliminares do Censos 2021, o problema da desertificação do concelho não poderia deixar de ser abordado. Em 10 anos a Sertã perdeu 1.132 habitantes (-7,1%), registando atualmente 14.748 residentes.

O candidato do PS faz notar que “pela primeira vez o concelho está abaixo dos 15 mil habitantes” e que “todos os anos as escolas perdem uma média de 100 alunos”. Afirma defender “um concelho capaz de contrariar a desertificação”, “que não se conforme ao ver partir os mais novos por não terem emprego”.

Os candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal. Foto: mediotejo.net

Criticou algumas prioridades do atual Executivo questionando, por exemplo, a aplicação de alcatrão “em sítios onde não passa ninguém”

Quanto à gestão financeira do Município, deixou a pergunta: “12 anos depois, 100 milhões de euros de investimento depois, o que mudou estruturalmente na Sertã? O que foi feito para assegurar o desenvolvimento sustentável do município e para preparar a Sertã para vencer os desafios complexos do futuro?”

Criticou o “conformismo” que, na sua opinião se instalou na gestão autárquica, e denunciou o “medo” com que vivem alguns habitantes quando se fala da Câmara.

Carlos Miranda aproveitou a apresentação da sua candidatura para dar a conhecer algumas linhas programáticas do que se propõe fazer caso seja eleito Presidente da Câmara.

Defende a criação de uma Agência para o Desenvolvimento na Sertã e uma política de disponibilização de terrenos para quem pretenda investir e criar postos de trabalho no concelho porque, no seu entender, o concelho “está na pré-história no que toca a captação de investimentos”.

Economia local, produtos endógenos, turismo, praias fluviais, EN2, EN238 e floresta foram outros temas abordados na sua longa intervenção, focada nas políticas para “aumentar a qualidade de vida e criar condições de atratividade no concelho em várias áreas”.

Antes do candidato, intervieram a mandatária Maria Gracinda Marçal, o candidato à Assembleia Municipal, José Pedro Leitão Ferreira e o Presidente da Federação Distrital do PS de Castelo Branco, Vítor Pereira, autarca da Covilhã.

Tónica dominante foi o elogio ao candidato Carlos Miranda, professor de 56 anos. Está na vida política local há mais de 20 anos, foi deputado municipal, secretário e depois presidente da Assembleia Municipal da Sertã.

Na sessão de quinta feira não foram divulgados os nomes dos candidatos às Juntas de Freguesia. O mediotejo.net apenas conseguiu confirmar a recandidatura dos atuais presidentes das Juntas de Freguesia eleitos do PS, Manuel Dias, em Pedrógão Pequeno, e Maria Gracinda Marçal, na Várzea dos Cavaleiros.

Para o PS da Sertã, “é tempo de esperança”, uma frase que é também o slogan da campanha.

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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