O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Abrantes, Armindo Silveira, defende que o partido pode iniciar “um ciclo novo” em Abrantes com um “projeto a 12 anos”, sem romper com o trabalho desenvolvido no mandato que agora termina. No dia em que apresentou as equipas candidatas às eleições autárquicas, o atual vereador e recandidato pelo BE disse que se sente “preparado para ser presidente da Câmara de Abrantes” e que o partido vai manter o foco na defesa das questões ambientais e do desenvolvimento sustentável, entre outras, que elencou.
“Iniciar um ciclo novo” e “ser mais ousado ao nível de um projeto. E estamos a trabalhar para um projeto a 12 anos” e “na consciência que nestes quatro anos que conseguimos colocar uma pessoa na vereação deu um conhecimento muito mais aprofundado das matérias”, afirmou em São Facundo, onde foram apresentadas algumas das linhas de força da candidatura, a par das nomes que integram as listas às autárquicas.
Com o lema ‘Mudança, Já!’, o Bloco de Esquerda candidata-se à Câmara Municipal de Abrantes, e à Assembleia Municipal tendo ainda anunciado candidaturas a quatro das 13 freguesias do concelho. No sábado deu a conhecer as equipas completas, contando com 97 candidatos nas suas listas, onde há, no entanto, repetição de nomes.
Uma estratégia do partido, “não por falta de nomes”, até porque segundo Armindo Silveira “há uma renovação nas listas” mas porque o Bloco de Esquerda entende que “um partido que se quer implementar no território precisa de ter um grupo coeso de pessoas que possam dominar as diversas matérias. Porque é cada vez mais difícil exercer política, cada vez mais a legislação e tudo o que é matérias de apoio, é muito complexo e temo que daqui a uns anos para ser candidato a uma Junta de Freguesia é preciso uma licenciatura em Direito”, começou por dizer o cabeça de lista do BE à Câmara, em São Facundo.
Armindo Silveira aproveitou o momento para criticar a campanha eleitoral do Partido Socialista dizendo que “ultrapassou muito as marcas, que era plausível e aceitável numa candidatura. Hoje o PS nas redes sociais aproveita-se de obras pagas com o dinheiro dos contribuintes, inclusive acaba por referir que existe só o executivo PS. O executivo camarário não é só o PS, tem mais dois vereadores, um deles do Bloco de Esquerda”.
Tal “propaganda”, diz Armindo Silveira, “deve merecer um reparo pela Comissão Nacional de Eleições”.
Enumerou algumas “bases” em que o programa do partido assenta, designadamente “o aumento do tráfico diário entre a estação (ferroviária) do Rossio e Entroncamento com ligação a Espanha”, o que no futuro pode significar a construção de um terminal intermodal no Rossio ao Sul do Tejo.
Uma das grandes apostas é na União de Freguesias de Alvega e Concavada, “não olhando para os números mas querendo alterar os números” defendendo a construção de um Centro Escolar em Alvega, como forma também de fixação de população, bem como a criação de um novo centro de saúde.
Referiu igualmente a necessidade de uma ponte que ligue Abrançalha, Abrantes e Tramagal, a aposta nos transportes públicos, inclusivamente na ferrovia e defendeu “mais conhecimento” a nível da cultura, notando que se fez obra esquecendo que os fundos comunitários não são para a manutenção dos equipamentos. Silveira defendeu também um desenvolvimento sustentável tendo em conta o ambiente, a transição energética, e uma nova política dos solos, para que o concelho seja uma referência de qualidade ambiental.
O programa prevê medidas para a preservação da biodiversidade, nomeadamente criar e restaurar ambientes favoráveis aos polinizadores, e defende a desagregação da fatura da água da fatura do lixo (Resíduos Sólidos Urbanos), ou seja, a fatura do Ambiente.
Na Educação, o candidato do BE sugeriu seguir as recomendações do relatório do Projeto Educativo Municipal e defendeu a confeção e distribuição das refeições escolares, “até para apoio da produção local”.
Armindo Silveira defendeu ainda a instalação de empresas nas aldeias, a criação de um Conselho Municipal de Cultura, novas especialidades para o Centro Hospitalar do Médio Tejo, e um Regulamento de Apoio às Instituições Sociais, “apoios que não estejam abrangidos pelo FinAbrantes”.
Na Economia quer ver uma redução no tempo de aprovação de projetos urbanísticos e outros, criar uma rede de desperdício zero, o turismo sustentável, centros de convívio intergeracionais, a criação do Conselho Municipal dos Seniores, a construção de um pavilhão desportivo na Cidade Desportiva de Abrantes e criar mais infraestruturas para o chamado desporto de ginásio, ou seja, valorizar a Cidade Desportiva.
No programa do BE encontram-se ainda políticas de bem estar animal, incluindo um levantamento de todas as colónias de gatos no concelho de Abrantes para uma ação em conformidade. Além destas ideias, Silveira defendeu ainda a instalação de um Julgado de Paz, a criação do Provedor do Munícipe, e o “dar sustentabilidade à Tagusvalley”.
ÁUDIO | ARMINDO SILVEIRA, CANDIDATO DO BE À CM ABRANTES:
Na lista à Câmara Municipal de Abrantes do BE foram anunciados os nomes de
Armindo Silveira, Alcino Hermínio, Maria de Lurdes Martins, Ricardo Dias, Susana Dias, Eduardo Jorge, Lúcia Sobral, José Silva, Sara Cruz, Nelson Fontinha, Bernardo Ferreira, e Marisa Grácio.
Como já foi tornado público, Pedro Grave encabeça a lista para a Assembleia Municipal de Abrantes. No seu discurso deixou claro que os candidatos do BE “querem o melhor para as freguesias e para o concelho. Queremos um conjunto de comunidades valorizadas no que cada uma tem de melhor mas também promover a grande inclusão na grande comunidade do concelho. As freguesias de mãos dadas como a cidade promovendo-se como um todo e todas usufruindo do bem comum”.
Pedro Grave deu conta de o BE “ter opiniões próprias diferentes, dos caminhos e opções para alcançar estes objetivos e isso assusta quem tem receio da mudança, sejam os que estão aferrados ao poder como simplesmente os que temem as alterações mas a mudança é necessária. Cada vez mais!”.

Na lista à Assembleia Municipal de Abrantes do BE encontra-se: Pedro Grave; José Silva; Marisa Grácio; Paulo Cruz; Susana Dias; Armindo Silveira; Maria de Lurdes Martins; Sara Cruz; Bernardo Ferreira; Vasco Catroga; Francisco Semedo; Catarina Martins; Carlos Ansiães; Joana Pascoal; Nelson Fontinha; Lúcia Sobral; Augusto Catroga; Dulce Paulo; Manuel António; Alcino Hermínio; Helena Matos; Maria Inês Claro; José Carlos Felício; Maria Alice Alves; Gracília Lopes; João Carlos Pio; Sandra Monteiro; Clara Diogo; Ricardo Dias; e José Madeira.

Os restantes elementos do BE que constituem cada uma das listas do às Assembleias de Freguesia são os seguintes:
União de Freguesias de São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo: Vasco Catroga; Lúcia Sobral; Augusto Catroga; Sara Cruz; José Madeiras; Maria Alves; Josefina Lopes; Carlos Ansiães; Carlos Lucas; Helena Alves; Sandra Bernardino; Rui Ruivo; Bruno Matilde; e Filomena Matos.
Vasco Catroga levou à apresentação uma folha em branco para “começar a escrever as linhas da nossa freguesia”, explicou, deixando uma mensagem de trabalho e não de críticas ao trabalho dos outros.

Freguesia de Tramagal: João Carlos Pio; Cátia Lopes; Sérgio Barralé; José Silva; Anabela Lopes; Rodrigo Simões; Carla Lopes; Carlos Pereira; Maria de Sousa Mendes; Bruno Félix; Lurdes Gonçalves.
Pela voz de João Carlos Pio, o BE comprometeu-se em “trabalhar. Tentar ser a mudança no Tramagal. Gostaria de um dia olhar para trás e sentir que fizemos algo pela nossa vila que foi esquecida nestes últimos anos”.

União de Freguesias de Alvega e Concavada: Eduardo Jorge; António Rodrigues; Ana Cristina Luís; Joaquim Catarrinho; Dulce Paulo; Clara Vicente; Carmen Marques; Pedro Rodrigues; António Catarrinho; Joaquim Mourato; Joaquim Rodrigues; e Maria Inácio Botelho.
O cabeça de lista à Assembleia de Freguesia, Eduardo Jorge, começou por afirmar que se revê nas políticas defendidas pelo BE e explicou que a razão da sua candidatura se prende com a convicção de “poder trazer para Alvega e Concavada o que tivemos no passado”.
Enumerou um conjunto de “intenções” e lembrou os serviços que a Junta disponibilizava na época que trabalhou na autarquia.
Entre as medidas propostas contam-se por exemplo: Gabinete de Apoio e Intervenção Social; Banco Alimentar; Comissão Social de Freguesias; implementação de centros de convívio para seniores; facultar transportes para pessoas com fracos recursos e mobilidade reduzida aos serviços; reabilitação urbana, garantir o direito a uma habitação condigna; ponderar nova requalificação e usos de espaços públicos; propor criar área de reabilitação urbana em Alvega; promover a biodiversidade; promover políticas e práticas ecologicamente sustentáveis; cooperar com o centro de formação ambiental; banir o glifosato; mover diligências para que seja construído um Centro Escolar moderno; criar o Centro Cultural António Botto; o espaço TIC; dar destaque a caminhos e usufruto das margens do rio Tejo; wifi nos espaços públicos; construção de um centro de saúde “condigno e dotá-lo de recursos também humanos”; ou mover diligências para o alargamento do cemitério de Alvega.

União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede: Marisa Grácio; Pedro Grave; Bernardo Ferreira; Susana Dias; Maria de Lurdes Martins; Alcino Hermínio; João Carlos Felício; Catarina Martins; Maria Inês Claro; Francisco Semedo; Andreia Santos; Bianca Grave; Manuel António; Daniela Baeta; Gracília Lopes; Tiago de Matos; e Carlos Dias.
Por sua vez, Marisa Grácio disse candidatar-se “consciente da responsabilidade que é dar continuidade ao bom trabalho que o Bloco vem fazendo nesta União de Freguesias. Esta é uma candidatura constituída por pessoas dinâmicas, muitos jovens, todos dedicados ao território e suas gentes. Conhecedores das necessidades mas também das enormes potencialidades da nossa União de Freguesias”.
Afirmou saber que a Junta “é o órgão mais próximo dos cidadãos. Queremos potenciar esta proximidade, melhorar a comunicação em ambos os sentidos entre os fregueses e a Junta. Todas as pessoas contam e para esta candidatura todos são mesmo todos não só os que votam em nós e nos apoiam. Queremos uma comunidade para todos e para a comunidade”.
Defendeu “políticas e práticas ecologicamente sustentáveis promovendo a responsabilidade ambiental e a proteção dos sistemas ecológicas. Igualmente importante é a autonomia financeira e política. Queremos uma Junta de Freguesia com a saudável e desejável separação da Câmara com espaço suficiente de manobra e intervenção”.
Para essa autonomia, os candidatos pelo Bloco querem “lutar pelo aumento justo das transferências do orçamento de Estado” sem dependência “de outros órgãos e poderes”.
As eleições autárquicas estão marcadas para dia 26 de setembro.