Com o lema ‘Missão possível’, Vasco Damas, gestor, é o cabeça de lista do movimento independente ALTERNATIVAcom à Câmara Municipal de Abrantes nas eleições autárquicas, tendo defendido a “reafirmação” da cidade com uma “marca identitária” potenciadora de desenvolvimento e afirmado que o movimento concorre para ser “parte da solução”.
Questionado sobre os principais objetivos para o desenvolvimento do concelho de Abrantes Vasco Damas, 51 anos, apontou a “recuperação e reafirmação de uma marca identitária forte que promova e comunique Abrantes para fora de Abrantes”, a par da “dinamização das Zonas Industriais (Abrantes, Pego e Tramagal) como parte da solução para diminuir o desemprego”. O candidato do movimento independente, que anunciou pela primeira vez a sua candidatura em novembro de 2019, defendeu ainda a “criação de um modelo de atração e fixação para a juventude”, assim como a necessidade de “melhorar indicadores na Educação e refletir sobre o potencial do Ensino Superior”.
As atenções do candidato são ainda o “reordenamento da floresta”, e o “potenciar o Turismo aproveitando as vantagens competitivas” de Abrantes, como a “centralidade, acessibilidades (N2, N3, N118 e A23), a ferrovia, os rios (Tejo e Zêzere), as lagoas, as paisagens e a gastronomia”.
Assumindo-se como um “Movimento genuinamente independente” que quer “ser parte da solução e ajudar na construção”, o ALTERNATIVAcom apresentou publicamente os seus candidatos às próximas eleições autárquicas em Abrantes, sessão que decorreu no Centro Social de Rio de Moinhos, no sábado, dia 4 de setembro.
“Queremos que Abrantes tenha mais e melhor, para voltar a ser aquilo que já foi, uma cidade conhecida e reconhecida”, disse Vasco Damas, o principal rosto do movimento e candidato à presidência da Câmara, no último dos vários discursos dos candidatos à Assembleia Municipal e às Assembleias de Freguesia.
No salão do Centro Social de Rio de Moinhos juntaram-se dezenas de pessoas entre candidatos e apoiantes do movimento independente que nasceu em 2019 para “ser parte da solução e ajudar na construção, sempre com elevação nos modos e profundidade nas ideias”.
Sem filiação política, o cabeça de lista do movimento ALTERNATIVAcom apontou como “pontos negativos identificados” no concelho a “perda de identidade”, um “défice democrático justificado pela inexistência de debate”, a “elevada taxa de desemprego, brutal quebra demográfica, elevado preço da água (fatura-ambiente)”, e os “indicadores da educação” que revelam “insucesso e abandono escolar acima da média” da região, tendo feito notar que “todos estes pontos negativos têm potencial de crescimento e de afirmação de Abrantes como um concelho que reconstrua a confiança, condição basilar para recuperar dinâmica e desenvolvimento”.

Antes de Vasco Damas, intervieram os cabeças-de-lista à Assembleia Municipal de Abrantes (José Rafael Nascimento, que é também candidato à União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós), e às Assembleias de Freguesias de Abrantes e Alferrarede (Sónia Pedro), Martinchel (Maurícia Rei) e São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo (Clara Almeida).
No seu discurso, o principal candidato anunciou o apoio do ALTERNATIVAcom às equipas independentes de Rui André, em Rio de Moinhos, e de António José Carvalho no Tramagal, bem como às candidaturas de Álvaro Paulino (PSD), na União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, de Eduardo Jorge (BE) na União de Freguesias de Alvega e Concavada, e de António Louro (CDU) na freguesia de Mouriscas, candidatos que, para Vasco Damas, têm o perfil para melhor gerirem as suas freguesias.
O momento foi aproveitado para apresentar publicamente os nomes dos mandatários. O médico, ex-deputado do PCP e ex-vereador Luís Peixoto é o mandatário político, o ex-presidente da Junta de Freguesia de S. Vicente (Abrantes), Aníbal Melo, é o mandatário sénior, e o ator e músico Artur Marques é o mandatário para a diáspora abrantina.
VIDEO | DISCURSO DE VASCO DAMAS, CANDIDATO À CM ABRANTES:
Pontos fracos e oportunidades
Vasco Damas apresentou os motivos da sua candidatura com base em alguns dados estatísticos enquadradores da realidade de Abrantes para mostrar que “nem tudo o que brilha é ouro”.
“Temos o maior número de desempregados da região, representando 25% do desemprego total do Médio Tejo. Somos o concelho da região com maior quebra demográfica, bem como aquele que perde mais população quando comparado com os 114 concelhos com dimensão idêntica a nível nacional. Somos o concelho do Médio Tejo que paga mais caro, a fatura-ambiente da água”, referiu o candidato, tendo afirmado que “os problemas, infelizmente, não desaparecem debaixo do alcatrão” e assumido o “compromisso” de, se for eleito, “diminuir a fatura-ambiente referente à água entre 15 e 20%, mantendo o SMAS [Serviços Municipalizados de Abrantes] como património abrantino”.

Acrescentou outros fatores como os indicadores na educação “que revelam números acima da média da região, tanto no insucesso como no abandono escolar” e “uma população cada vez mais idosa, tendo, em seis anos, passado de 22 para 29% a população residente com mais de 65 anos”.
A inexistência de uma sala de espetáculos em Abrantes e a ausência de “uma cultura de preservação do património, sendo o edifício do mercado diário em Abrantes, o Ecomuseu em Martinchel e a Escola das Mouriscas, três tristes exemplos desta realidade”, problemas aos quais juntou os centros históricos da cidade e das freguesias urbanas “repletos de casas devolutas e em ruínas”.
Após este diagnóstico, Vasco Damas disse que os abrantinos não se podem “conformar com esta realidade nem aceitar os argumentos daqueles que o defendem como uma inevitabilidade”, estando a trabalhar “para contribuir para a inversão desta trajetória de declínio”.
De seguida resumiu os objetivos programáticos do seu movimento: “queremos recuperar a identidade da nossa cidade e do nosso concelho”, mais empresas e mais emprego, fixar mais jovens, mais e melhor educação, mais e melhor cultura, mais ação social, mais saúde de proximidade, melhor mobilidade, melhor desporto, melhor comunicação e comunicações, melhor aproveitamento das nossas vantagens competitivas, mais turismo e mais atenção na preservação do nosso património”.
Em cada um destes itens, o candidato apresentou propostas concretas exaltando as potencialidades de Abrantes, com enfoque na sua centralidade e acessibilidades (N2, N3, N118 e A23), a par da ferrovia, rios (Tejo e Zêzere), lagoas, paisagens e a gastronomia.

Após apresentar a sua equipa para a Câmara (Ana Salgueiro, André Grácio, Sandro Amaro, Patrícia Ribeiro, Miguel Barreira e Marta Helena Silva) deixou um apelo à participação no ato eleitoral de 26 de setembro, realçando que o Movimento ALTERNATIVAcom surgiu com o objetivo da “construção de um projeto em que as pessoas se revissem e onde sentissem que tinham a Alternativa que Abrantes precisa e merece, tendo nascido também com o objetivo de devolver a esperança e de credibilizar a política”.

Que Assembleia Municipal seja uma “Casa da Democracia” aberta
Na mesma tónica, o candidato à Assembleia Municipal apresentou o Movimento ALTERNATIVAcom como “uma emergência da cidadania ativa e participativa abrantina, e não uma entidade político-partidária criada por uma qualquer elite de natureza familiar, económica, profissional ou ideológica”.
“Não somos dissidentes de nenhum partido e não vivemos – nem pretendemos viver – da política. Procuramos, somente, exercer os nossos direitos e deveres de cidadania, contribuindo para o bem da comunidade – que é o nosso condomínio social – de que também somos, naturalmente, beneficiários”, reforçou José Rafael Nascimento.
O candidato à “Casa da Democracia”, defendeu uma Assembleia Municipal que vá para além do que apenas define a lei, como “uma “Casa Aberta” aos munícipes e ao município, interessando-se, não apenas pelo funcionamento dos órgãos autárquicos, mas também pelo funcionamento da democracia e da cidadania em todo o concelho”.

José Rafael Nascimento considera que o Regimento da Assembleia deve ser revisto “com vista a facilitar o acesso, acompanhamento e participação dos cidadãos nas sessões públicas”. Além disso entende que as sessões da Assembleia Municipal não se devem esgotar “em procedimentos administrativos e burocráticos, e possam ver o seu trabalho enriquecido com o debate periódico do estado do Município e das diversas políticas autárquicas setoriais”.
“Connosco nos órgãos autárquicos, a democracia abrantina será reforçada e o desenvolvimento do nosso território e da nossa população serão uma certeza”, concluiu o também candidato à União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós, território onde reside e para o qual apresentou as suas propostas.
Intervieram ainda as candidatas às Assembleias de Freguesias de Abrantes e Alferrarede (Sónia Pedro), Martinchel (Maurícia Rei), e São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo (Clara Almeida) que traçaram os seus objetivos caso sejam eleitas e apresentarão alguns elementos das respetivas listas, registando-se algumas ausências por motivos de férias ou de trabalho.
O mote da campanha do ALTERNATIVAcom continua a ser “Missão Possível”, disse Damas, tendo feito notar, no entanto, que, “agora, já com quase dois anos de trabalho a identificar problemas e a propor soluções”, juntam à “Missão Possível” um “Ousar sonhar, acreditar e realizar”.
Nas anteriores autárquicas, em Abrantes, o PS elegeu cinco elementos para o executivo, e o BE e o PSD elegeram um vereador cada.
Além de Vasco Damas, os candidatos a Abrantes são Vitor Moura, pelo PSD, Chaleira Damas, pela CDU, Manuel Jorge Valamatos, atual presidente, que concorre pelo PS, Armindo Silveira, atual vereador, pelo BE, e Mário Lucas, que concorre pelo Chega.
As eleições autárquicas estão agendadas para o dia 26 de setembro.