O desenvolvimento da vila tramagalense, os problemas de perda de população e a questão das acessibilidades foram alguns dos temas mais abordados entre os candidatos à Junta de Freguesia de Tramagal nas Eleições Autárquicas, no debate que se realizou a 21 de setembro. Nos estúdios de televisão da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes estiveram Dário Lima (CDU), João Carlos Pio (BE), António José Carvalho (MIFT – Movimento Independentes Freguesia Tramagal), Pedro Rodrigues (PS) e João Miguel Cravo (PSD).

A necessidade de uma ponte no Tramagal foi talvez o ponto concordante entre todos os presentes no debate, mas também outros temas foram colocados em cima da mesa pelos candidatos à Junta de Freguesia de Tramagal. A necessidade da promoção da Ribeira de Alcolobre e da requalificação do museu “A Forja”, ou os problemas relacionados com os lixos e as lixeiras feitas a céu aberto foram algumas das temáticas discutidas. Já perto da reta final, o debate aqueceu entre o candidato do PSD e o do Movimento Independente Freguesia Tramagal (MIFT), onde o primeiro, João Cravo, acusou o MIFT de negativismo e de não apresentar propostas, acusações repudiadas pelo cabeça de lista do movimento, António José Carvalho, que disse que o MIFT “não anda a brincar à política” e que intervém na sociedade, acusando por sua vez que o candidato do PSD de não conhecer o trabalho do Movimento Independente e de lançar ideias erradas.

 

António José Carvalho começou por dizer que este movimento tem vindo a trabalhar já desde as últimas eleições autárquicas (nas quais perdeu a Junta de Freguesia para o PS por 61 votos), afirmando que a principal motivação para as eleições é a de haver maior atividade e ação na freguesia de Tramagal, uma vez que se sentem “vítimas da inação das entidades públicas” da freguesia assim como da “falta de investimento público”, algo que tem prejudicado a população, comprometendo-se a ser muito mais dinâmicos, ativos, e que defenderão os interesses da freguesia a “todo o custo”.

O candidato pelo MIFT, em relação às acessibilidades, disse que o Tramagal foi colocado numa situação pelo Estado e pelas autarquias que não é justa, enquanto que na questão da habitação referiu o imperativo da resolução de problemas com as barracas existentes em Tramagal. António José Carvalho disse que o MIFT não partilha da ideia de que não se pode fazer nada contra a tendência de diminuição da população, dizendo que “temos a população que temos e é com essa que nós temos que encerrar o futuro”. 

O líder do Movimento Independente referiu ainda que quer que se façam investimentos nas instalações culturais das associações, como é o caso do edifício da Sociedade Artística Tramagalense (SAT): “Nós não vamos poder aceitar que já se esteja a falar e a gastar mais de 100 mil euros num projeto para um multiusos para Abrantes para custar 3 milhões de euros quando equipamentos existentes estão em degradação aos nossos olhos, tem que haver uma racionalidade na maneira como o dinheiro público é gasto”, disse António José Carvalho, que considera a educação um pilar fundamental, querendo que a freguesia a que concorre tenha as melhores escolas.

O “vazio” encontrado no Tramagal ao fim dos últimos 12 anos de governação socialista e o facto de as alternativas apresentadas também não serem as que podem servir as necessidades da população, foram os motivos apresentados por João Cravo (PSD) para a sua candidatura. O candidato social democrata disse que não tem um programa ambicioso do ponto de vista de execução de grandes obras, uma vez que a Junta de Freguesia de Tramagal não tem orçamento para tal, candidatando-se assim para dialogar e estar presente “com competência e honestidade para ouvir toda a gente”. Neste sentido, a primeira medida assumida por João Cravo é a de criar um “gabinete de comunicação das pessoas”.

O candidato do PSD referiu que o facto de as Juntas de Freguesia não poderem concorrer a fundos é desde logo um entrave e faz com que o Tramagal fique dependente da Câmara Municipal e da sua vontade de fazer algo pela freguesia, o que “olhando pelos últimos 12 anos parece que a coisa não é assim tão fácil”, disse o candidato.

Relativamente à economia, João Cravo diz que a abertura de novos espaços no parque do Tramagal contribuiria bastante para haver mais riqueza e dinheiro a circular na freguesia tramagalense e no concelho, enquanto que relativamente ao Turismo, o candidato Social Democrata mostrou-se convicto numa aposta no enoturismo, uma vez que o Tramagal tem uma coisa “extremamente importante, o Casal da Coelheira”.

A principal preocupação salientada por João Carlos Pio, candidato do Bloco de Esquerda, foi a falta de espaços verdes na freguesia. Ao nível de economia, João Carlos Pio disse que é necessário melhorar os lotes industriais e procurar empresas, mas que, sem a existência das acessibilidades convenientes, essa fixação se torna mais difícil. Ao nível do turismo, o candidato referiu a criação de um Posto de Turismo, tal como ocorre noutros locais, assim como a necessidade de referenciar e potenciar a ribeira de Alcolobre e requalificar o museu “A Forja”.

O candidato bloquista defendeu ainda a implementação de políticas ecologicamente sustentáveis, modos de mobilidade suave, o banimento do glifosato e outros químicos usados em espaços públicos e apontou como um dos objetivos o de criar um espaço onde se possa colocar tudo o que é lixeira e em que, uma vez por mês, esse lixo fosse recolhido.

Dário Lima (CDU), começou por referir a necessidade de rever as bocas de incêndio na freguesia tramagalense, uma vez que, segundo disse o candidato, nenhuma está a funcionar, no entanto esta medida encontra-se em segundo plano, uma vez que já está a passar a época de incêndios, focando-se assim mais nos equipamentos que fazem falta no Tramagal, como um lar de idosos, algo que levou o candidato a afirmar que “não é bonito” alguém chegar ao fim de vida e ter que abandonar a sua terra para ir para um lar numa outra localidade.

A requalificação da Estrada Nacional 118 figura como uma exigência do candidato do CDU, o qual defende igualmente um museu “A Forja” requalificado, uma vez que, a seu ver, “é uma vergonha no Tramagal um monumento daqueles estar no estado em que está”. Exigir que se façam as obras prometidas na escola do crucifixo, e que inclusivamente se vá mais longe e se implemente no local a possibilidade de se fazer caravanismo, assim como um jardim – até porque o Tramagal está isento de espaços verdes, sendo que os que haviam ou foram empedrados ou cimentados, segundo garante o candidato – foi também uma das medidas apresentadas. Dário Lima criticou ainda o facto de não existirem incentivos nenhuns por parte da Câmara Municipal no que toca à habitação, referindo que só se colocam dificuldades à obtenção de licenças ou realização de obras.

Pedro Rodrigues (PS) disse que o seu objetivo é melhorar a qualidade de vida as pessoas em todos os aspetos, algo que segundo o mesmo vai potenciar o crescimento da vila e fazer com que esta seja atrativa, referindo a existência de diversas coisas que não são visíveis mas que precisam de ser feitas. O candidato do Partido Socialista referiu a intenção de apoiar e dinamizar a criação de uma associação de pequenos produtores agrícolas, em parceria com os agentes locais, assim como a de promover e apoiar a realização de eventos e atividades que visem a promoção e valorização de empresas e atividades da freguesia, referindo em concreto a realização de um evento de promoção do Tramagal enquanto marca em todas as vertentes, quer económicas quer sociais, o qual teria uma periodicidade bienal.

O candidato socialista disse também que quer reforçar a rede de transportes escolares efetuada pela Junta de Freguesia aos alunos do 1º ciclo e jardim de infância, assim como implementar em Tramagal redes de transporte de serviços de saúde e valorizar e incentivar o serviço de teleassistência sénior.

Pode ver o debate na íntegra no nosso canal de YouTube:

 

Rafael Ascensão

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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