Autarcas do Médio Tejo defendem conclusão do IC9, aposta na ferrovia e no hidrogénio. Foto: CMA

“Uma questão muito relevante para Abrantes, para a região e para o país é a conclusão do Itinerário Complementar 9 (IC9), algo que está inscrito no Plano Rodoviário Nacional (PRN) mas que tarda a acontecer”, disse o autarca de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, tendo indicado que aquela via ligará “todo o Médio Tejo, no Centro do país, ao Alentejo” numa conclusão “há muito anunciada, por diferentes governos”, sendo a questão “mais relevante” e “preocupante” em termos de mobilidade.

Os dois autarcas socialistas participam hoje na conferência “Desafios da Mobilidade nos Territórios de Baixa Densidade” organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, na Covilhã, tendo entrado a bordo de um comboio que partiu de Lisboa e que foi dando voz aos representantes dos vários municípios à medida que iam embarcando na composição a partir das suas cidades.

A iniciativa, com as intervenções a serem transmitidas em direto a partir de uma carruagem, pretende chamar a atenção para os desafios existentes no interior do país em matéria de transportes e mobilidade, e dar voz aos autarcas, sociedade civil e especialistas na área do ordenamento do território e da mobilidade e dos transportes.

Manuel Jorge Valamatos, que preside também à Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, insistiu na necessidade de conclusão do IC9, que liga a região Oeste e Médio Tejo ao Alentejo, e que prevê a construção de uma travessia sobre o Tejo na zona de Abrantes, devido a questões de mobilidade mas também de melhores acessibilidades para o tecido empresarial.

“A conclusão do IC9 prevê passar junto à zona industrial do Tramagal, onde está sediada a Mitsubishi Fuso, e resolve em grande parte os problemas que esta empresa tem”, indicou, tendo feito notar a importância de fixar uma empresa que “tem 600 trabalhadores” e desempenha “um papel importante para a economia da região”, tendo reiterado estar “muito preocupado” com essa situação.

VIDEO/MANUEL JORGE VALAMATOS, PRESIDENTE CM ABRANTES E CIM MÉDIO TEJO:

YouTube video

Por outro lado, o presidente da Câmara de Abrantes defendeu a importância da “eletrificação da Linha do Leste”, destacou a “importância” e o “sucesso” do projeto de ‘Transporte a Pedido’ implementado no Médio Tejo, direcionado para territórios de baixa densidade populacional, e indicou que os autarcas estão “muito atentos” às oportunidades de futuro em projetos energéticos e no âmbito da mobilidade, na sequência das oportunidades e “mecanismos gerados para mitigar o encerramento da central a carvão do Pego” sendo o hidrogénio forte aposta em Abrantes e no Médio Tejo.

“Hoje mesmo vai-se iniciar aqui em Abrantes um autocarro movido a hidrogénio, a título experimental, e vai começar a fazer um conjunto de ações”, avançou, sendo posteriormente indicado que o arranque do projeto se iniciará a 13 de novembro.

O presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria, por sua vez, destacou a contínua aposta na “melhoria das acessibilidades” ao nível de mobilidade na cidade, com passadeiras, rede de ciclovias, promoção da mobilidade pedonal, substituição gradual de veículos municipais por veículos elétrico, e implementação de um sistema de 100 bicicletas partilhadas, elétricas e convencionais, um projeto em fase de implementação.

Os autarcas participam na conferência “Desafios da Mobilidade nos Territórios de Baixa Densidade” organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. Foto: CMA

O autarca da cidade ferroviária do Entroncamento disse ainda estar a “desenvolver um conjunto de processos para promover a interoperacionalidade, também com a CP”, tendo indicado que a “redução substancial dos custos de transporte” público, nomeadamente nos passes dos comboios, através do programa PART e outros, tem tido um “impacto grande” no território, com a “vinda de muitas pessoas” oriundas da região da Grande Lisboa ou diretamente da imigração”.

O grande desafio de futuro, notou, “é envolver aqui um sistema de transportes que permita mobilidade para estas pessoas”, tendo defendido a criação dos “chamados transportes ligeiros ferroviários”, através de uma automotora.

“Já não digo na linha do Norte, que o canal ferroviário está muito esgotado, mas, por exemplo, na linha da Beira Baixa podia fazer sentido a existência de um transporte ferroviário ligeiro, uma pequena automotora, à semelhança do que temos neste momento para Badajoz com dois horários, (…) e temos o ramal de Tomar que atravessa esta região e que poderia contribuir depois com uma complementaridade de transportes públicos em torno desta estrutura”.

VIDEO/JORGE FARIA, PRESIDENTE CM ENTRONCAMENTO:

YouTube video

Por outro lado, defendeu, “era também muito importante para a nossa região a ligação ferroviária entre a Linha do Norte e a Linha do Oeste, servindo Fátima, para completar esta malha ferroviária e que permitiria um serviço ligeiro ferroviário com bastante interesse” e que já foi defendida noutros fóruns.

“É uma proposta que nós fizemos no âmbito do Plano Ferroviário Nacional, mas que faz todo o sentido e fará ainda mais sentido com a construção do TGV, havendo uma paragem em Leiria, e eu espero que haja uma paragem no aeroporto de Santarém, no futuro”, concluiu.

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Agência de Notícias de Portugal

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *