Esta é uma expressão que se usava há alguns anos atrás, para simbolizar, talvez, um pensamento de renovação. Eu desejaria que este ano pudéssemos dar mais valor ao intelecto e ao pensamento e, consequentemente, aos nossos atos.
Em 2022 iniciou-se uma guerra na Ucrânia e lembro-me que durante algum tempo éramos todos ucranianos. Substituímos as nossas fotos de perfil pelas cores da bandeira Ucraniana, alterámos a iluminação de alguns monumentos com as mesmas cores e todos vimos e continuamos a ver as imagens chocantes que nos chegam de lá.
Há milhões de pessoas sem casa, sem comer, sem eletricidade e com as memórias ainda vincadas pelos estrondos das bombas a cair que vão destruindo tudo à sua volta (as que sobreviverem, claro).
Mas refiro isso hoje porquê?
Porque custa-me a perceber como é que muitas dessas pessoas que foram Ucranianas uns tempos (e podem continuar a ser), tivessem comemorado a passagem do ano com bombas e morteiros, tal qual um cenário de guerra. Cada estrondo deveria lembrá-los das bombas que aquele povo ainda ouve todos os dias e da miséria que isso lhes provoca.
Fogo de artifício ainda consigo entender, pela festa e pela sua beleza visual, mas morteiros e bombas isoladamente, isso não consigo perceber. Nem eu nem os pobres coitados dos animais aqui em casa.
Quem quer estar com o povo Ucraniano e, como sinal de respeito, não deveria estar a iluminar a tarde e a noite com explosões de bombas, foguetes e morteiros como se de uma guerra se tratasse.
Bem vindo 2023.
Fotografia: Sardoal, 30 de dezembro de 2022