André Ventura estabelece pacto na Golegã para “devolver dignidade” ao mundo rural. Foto: mediotejo.net

O líder do Chega esteve no sábado na Golegã, onde circulou perante milhares de visitantes, tendo parado para conversar e tirar selfies com quem o solicitava naquela que considerou ser uma “extraordinária receção”. Em plena Feira de São Martinho e Feira Nacional do Cavalo, André Ventura assumiu a defesa da “dignidade” e “estatuto” do mundo rural.

O presidente do Chega deixou ainda uma promessa na vila ribatejana: “Nós vamos devolver ao mundo rural a dignidade e o estatuto que merece. É um pacto e que melhor sítio que a Golegã para estabelecer este pacto”, afirmou Ventura, no dia em que defendeu a demissão dos ministros João Galamba e Duarte Cordeiro e disse que vai chamar Mário Centeno ao parlamento.

Na visita à Feira de São Martinho na Golegã, onde foi recebido a meio da tarde pelos autarcas locais e dezenas de simpatizantes e militantes do partido, o presidente do Chega, André Ventura, disse esperar que o primeiro-ministro anunciasse naquela noite a demissão dos ministros das Infraestruturas, João Galamba, e do Ambiente, Duarte Cordeiro, tendo indicado ainda que vai chamar Mário Centeno ao parlamento.

Presidente do Chega esteve na Feira da Golegã no dia de S. Martinho. Foto: SM

ÁUDIO | ANDRÉ VENTURA, PRESIDENTE DO CHEGA:

“O que eu espero ouvir hoje é que vai demitir João Galamba e que vai demitir Duarte Cordeiro. Se não for isso, é uma grande desilusão”, disse André Ventura na Golegã, à margem de uma visita à Feira de São Martinho, Feira Nacional do Cavalo e Feira Internacional do Cavalo Lusitano, quando questionado pelos jornalistas sobre as expectativas relativamente à comunicação anunciada para a note de sábado por parte de António Costa.

“A única coisa com dignidade que o primeiro-ministro pode fazer é afastar estes nomes nocivos para a credibilidade da democracia”, afirmou Ventura.

O líder do Chega considerou ainda que, se António Costa não demitisse aqueles dois ministros, o país cai num “lamaçal tremendo até ao dia das eleições” legislativas, agendadas para 10 de março.

André Ventura, na sequência do caso judicial que relaciona membros do Governo com negócios de lítio e hidrogénio e que originou o pedido de demissão de António Costa, disse ainda que vai chamar a atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ao parlamento, para pedir esclarecimentos sobre a sua alegada indicação para ocupar o cargo de primeiro-ministro. 

“Ser indicado pelo Partido Socialista (PS) não depende dele, outra coisa é, aparentemente, segundo notícias de hoje, que estava disponível e teria aceite ser o novo primeiro-ministro do PS”, frisou o líder do Chega.

“Eu acho que nenhum português compreende que alguém que está num cargo supostamente de independência e de imparcialidade tenha aceite ser primeiro-ministro de um governo, seja ele qual for”, afirmou, tendo indicado querer que Mário Centeno vá ao parlamento para “prestar esclarecimentos” e “explicar se acha que tem condições para continuar a ser governador do Banco de Portugal”.

“Nós achamos que não, mas ele que diga de sua justiça”, concluiu André Ventura.

O primeiro-ministro fez no sábado uma comunicação ao país a partir da residência oficial em São Bento, às 20:07, mas não anunciou a demissão de nenhum ministro, tendo remetido essa situação para uma reunião a ter com o Presidente da República na terça-feira, mas abordou o nome de Mário Centeno e disse que os governos não podem ficar limitados na atração de investimento.

O primeiro-ministro considerou atividade essencial de todos os governos a atração de investimento empresarial, harmonizando-o com diferentes interesses públicos, e a simplificação procedimentos administrativos, e advertiu que esta “liberdade de ação política” tem de ser preservada.

O primeiro-ministro afirmou ainda que falou com o governador do Banco Portugal, Mário Centeno, para a possibilidade de lhe suceder como líder de um novo executivo, sem eleições antecipadas, com o conhecimento do Presidente da República.

António Costa falava aos jornalistas em São Bento, em conferência de imprensa, depois de questionado sobre qual a base que teve para sondar Mário Centeno sobre a possibilidade de chefiar um Governo socialista, depois de ele próprio já ter apresentado ao chefe de Estado a sua demissão das funções de primeiro-ministro.

O líder do executivo observou que Mário Centeno só daria uma resposta definitiva sobre a sua disponibilidade para lhe suceder na liderança do executivo após “uma conversa definitiva” que o governador do Banco de Portugal iria ter com Marcelo Rebelo de Sousa e uma decisão dos órgãos de direção do PS, partido que ainda tem maioria absoluta no parlamento.

O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira, às 17h30, para abordar a situação no Governo do ministro das Infraestruturas.

Na quinta-feira, à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, o primeiro-ministro já tinha afirmado que iria falar com o chefe de Estado sobre a situação do ministro no executivo, depois de João Galamba ter sido constituído arguido no processo que envolve negócios com lítio em Boticas e Montalegre, hidrogénio e o centro de dados de Sines.

O primeiro-ministro fez no sábado uma comunicação ao país a partir da residência oficial em São Bento, às 20:07, mas não abordou nem anunciou a demissão de nenhum ministro.

Na sexta-feira, numa audição no âmbito da proposta do Orçamento do Estado para 2024, João Galamba garantiu que não irá apresentar a demissão.

Na terça-feira, na sequência do caso judicial que o relaciona com negócios de lítio e hidrogénio, o primeiro-ministro apresentou a sua demissão a Marcelo Rebelo de Sousa e anunciou que não iria recandidatar-se nas eleições legislativas antecipadas, entretanto marcadas pelo chefe de Estado para 10 de março.

O também secretário-geral do PS é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos neste processo terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

Cinco pessoas foram detidas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

C/LUSA

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Agência de Notícias de Portugal

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