Passam hoje 90 anos sobre o dia 1 de janeiro de 1933, data em que foi inaugurado o “mercado coberto” de Abrantes, projeto do engenheiro Jorge de Sena e do arquiteto António Varela. Fechado há mais de uma década (com o mercado diário a realizar-se desde 2015 num edifício novo), a Câmara Municipal de Abrantes pretende proceder à sua reconversão num espaço multiusos, preservando as fachadas principais e requalificando a área envolvente, que marca a entrada no centro histórico da cidade.
Contudo, o grupo “Amigos do Mercado de Abrantes” continua a opor-se a esta decisão e, em dia de aniversário, voltou a apelar à preservação daquele espaço, colocando também um cartaz alusivo à data, no local.

O deputado municipal José Rafael Nascimento, eleito pelo partido AlternativaCom, diz que “foram vários os apelos” dirigidos ao município pelos “Amigos do Mercado de Abrantes” para que pudesse ter-se realizado uma cerimónia assinalado os 90 anos do Mercado. “Eu, na qualidade de deputado municipal, reforcei e formalizei, em nome da força política que represento, a vontade de celebração dos 90 anos do Mercado Municipal de Abrantes. Fi-lo há um ano e voltei a fazê-lo há pouco mais de um mês. Os nossos apelos foram rejeitados, com a justificação de que pretendíamos ‘celebrar os 90 anos do ‘antigo mercado’ como se de uma ‘festa de anos’ se tratasse, optando a maioria autárquica por adiar a celebração para daqui a dez anos, já com o antigo mercado demolido e substituído por um novo edifício Multiusos.”
O novo espaço, recorde-se, já tem um projeto aprovado, criado pela dupla de arquitetos José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano.

Mas José Rafael Nascimento entende que ainda é possível preservar o edifício histórico, “fazer regressar o mercado diário ao seu berço original e devolver-lhe o brilho e a dinâmica de outrora”. Esta, diz, é “uma causa justa” e, acredita, possível de realizar se a população se mantiver unida.

“Contamos, neste desiderato, com as posições favoráveis de todas as forças políticas de Abrantes, com exceção do PS. Por esta razão, apelamos a todos os seus apoiantes e simpatizantes que sensibilizem os seus dirigentes e os façam mudar de ideias, desistindo de demolir o edifício histórico do Mercado, de derrubar as suas fachadas e de destruir os seus singulares painéis de azulejos. Este edifício pertence ao Mercado e ao povo abrantino, a mais ninguém. É património de Abrantes e elemento distintivo da cidade, podendo e devendo ser reabilitado e voltar a acolher o mercado diário. Porque Abrantes tem o direito e merece ter de volta, renovado e dinâmico, o seu icónico Mercado Municipal.”