O Movimento ALTERNATIVAcom assinalou quatro anos de existência com a organização do segundo Fórum Democrático, no Edifício Pirâmide, em Abrantes, convidando ao debate sobre o poder local, a democracia, a liberdade e o papel da cidadania ativa.
Em jeito de balanço da atividade deste movimento que elegeu, em 2021, Vasco Damas enquanto vereador na Câmara Municipal de Abrantes e dois deputados na Assembleia Municipal, o mediotejo.net falou com o líder do movimento numa altura em que foi confirmada a recandidatura do ALTERNATIVAcom às eleições autárquicas de 2025.
“Temos feito um trabalho muito positivo e temos sabido representar os abrantinos que nos elegeram para os vários órgãos da democracia local. Temos sido uma oposição atenta, informada, que tem dado voz aos cidadãos, que tem feito as perguntas incómodas e que tem apresentado as propostas que podem ter impacto positivo na vida das pessoas e na gestão do território”, afirma Vasco Damas, líder do movimento criado em 2019 e que concorreu às eleições autárquicas de 2021 enquanto “alternativa autárquica independente”, com um caminho anteriormente traçado ao longo de dois anos.
Ainda assim, crê que o balanço da presença deste movimento nos órgãos autárquicos no concelho de Abrantes “deve ser feito pelos abrantinos porque não é justo ser juiz em causa própria”.

Contundo, ao longo destes quatro anos, o feedback por parte dos cidadãos e a adesão a esta alternativa no poder político abrantino “tem sido muito positivo e tem provocado uma onda silenciosa que tem vindo a crescer todas as semanas. O grande desafio será dar voz a esta onda para que ela perca o medo de se fazer ouvir, porque a história está cheia de exemplos que mostram que a coragem é contagiosa”, assume o vereador de oposição no executivo da Câmara Municipal de Abrantes.
Questionado como tem sido o caminho percorrido até aqui nesse papel e se tem sido fácil trabalhar no lado da oposição, Vasco Damas responde com frontalidade e admite que tido desilusões sobre o mundo político. “Tem sido muito difícil, muito mais difícil que o meu romantismo fazia antever. Tenho conhecido o lado negro da vida e da política, e isso, tem sido uma desilusão. Mas como tenho afirmado, o grande desafio será sempre manter a minha essência sem me deixar contagiar pelo pior que me rodeia”, aponta.
Muito desse caminho tem sido feito através de pedidos de esclarecimento, propostas, declarações de voto, aprovações e chumbos, e intervenções que apontam o que ainda falta fazer em Abrantes em nome do seu desenvolvimento e progresso, num finca-pé e oposição clara à maioria socialista no poder.
Ao longo do mandato, não só o vereador tem vindo a conquistar espaço na democracia e órgãos locais e regionais , bem como os deputados com assento na Assembleia Municipal e Assembleia Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, onde vão sendo reafirmadas as prioridades destacadas no âmbito da campanha eleitoral, que define propósitos para “recuperarmos o desenvolvimento perdido”.



Entre as prioridades defendidas pelo ALTERNATIVAcom, constam “recuperar e reafirmar uma marca identitária forte que promova e comunique Abrantes para fora de Abrantes; dinamizar as Zonas Industriais (Abrantes, Pego e Tramagal) como parte da solução para diminuir o desemprego; criar um modelo de atração e fixação para a juventude; melhorar indicadores na Educação e refletir sobre o potencial do Ensino Superior; reordenar a floresta; potenciar o Turismo aproveitando as nossas vantagens competitivas – centralidade, acessibilidades (N2, N3, N118 e A23), a ferrovia, os rios (Tejo e Zêzere), as lagoas, as paisagens e a gastronomia; diminuir a fatura-ambiente referente à água, mantendo o SMAS como património que deve orgulhar os abrantinos; promover a reabilitação urbana; criar as condições para o acesso a cuidados de saúde primários de proximidade; criar uma cultura de cultura; recuperar a hegemonia no desporto de formação voltando a ter equipas com regularidade nos campeonatos nacionais; promover uma política de inclusão; criar uma estratégia que promova o desenvolvimento integrado”.
Nesta medida, o vereador e líder do movimento independente considera que muito falta, na verdade, fazer. “Como dá para perceber, tirando algumas ações de cosmética ou alguns programas desenhados pelo governo central, em Abrantes continua tudo como dantes”, critica.
No Fórum Democrático que decorreu em Abrantes no Dia de São Martinho, 11 de novembro, também dia da fundação do movimento, foi anunciada e confirmada a participação do ALTERNATIVAcom nas Eleições Autárquicas de 2025, logo na intervenção de abertura do evento.
Questionado Vasco Damas sobre se continua, portanto, a crer na mesma “missão possível” que o levou a encabeçar este movimento e que posteriormente levou à sua eleição em 2021, este crê que “apesar das dificuldades, temos vindo a fazer ouvir a nossa voz e a conquistar o nosso espaço na democracia local”.
“Deixe-me recuar novamente a novembro de 2019. Dissemos na nossa apresentação pública que esta era uma missão que teria a duração que os abrantinos quisessem. Em setembro de 2021, quase 10% dos abrantinos que votaram disseram-nos que também eles acreditam nesta “missão possível”. Se eles acreditam, quem sou eu para lhes tirar essa ilusão. Estes números dizem-nos que só pode haver um caminho, continuar a trabalhar para conquistar a confiança do maior número de abrantinos”, reforça.
Excerto da intervenção de abertura do II Fórum Democrático por Vasco Damas
“Quando o Movimento ALTERNATIVAcom nasceu, estávamos precisamente à mesma distância temporal que estamos hoje de eleições autárquicas. Nesse dia, anunciámos o início da construção de uma alternativa autárquica independente que proporcionasse aos cidadãos de Abrantes “uma escolha credível e preferencial”. Sinto, hoje, o mesmo que então sentia: que este é o momento certo para anunciar que iremos participar nas eleições autárquicas de 2025, em moldes que serão oportunamente definidos.
Valorizaremos, como sempre o fizemos, a convergência e a unidade de todas as forças políticas democráticas que querem mais e melhor para Abrantes, e que não se reveem no poder absoluto da maioria PS que, há mais de quatro décadas, decide sozinha o presente e o futuro da nossa terra. Uma maioria “minoritária” – fechada, esgotada e viciada – que faz o que quer e lhe apetece, sem nunca debater nada com ninguém.
Se o poder diz que “A União Faz Abrantes”, nós dizemos, com mais precisão, que “A União Faz Mudar e Avançar Abrantes”, que é o que Abrantes necessita para voltar a ser descoberta e conhecida pelos portugueses e estrangeiros que ainda não nos procuram nem visitam. Mudar e Progredir é o que propomos aos abrantinos e a todas as forças políticas e cívicas que connosco queiram convergir. Acreditem, como nós acreditamos: esta é uma Missão Possível!”
Em jeito de celebração dos 4 anos de existência do movimento ALTERNATIVAcom e dos três anos de atividade da Associação ABRANTEScom Alternativa, voltou a promover-se um fórum democrático em jeito de celebração do aniversário de criação destas estruturas, sendo aberto à comunidade em geral e a todas as forças políticas do concelho, mediante o mote “onde vozes diferentes se fazem ouvir”.

Durante o Fórum Democrático, Vasco Damas referiu que este pretende ser “um espaço de debate livre e participativo, onde todas as ideologias e vozes democráticas – dentro e fora do Movimento ALTERNATIVAcom – têm a oportunidade de expressar e partilhar, com abertura e empatia, as suas perspetivas e pontos de vista”.
Por outro lado, frisou que tanto o movimento como a associação têm feito jus à “dupla missão” em prol da democracia e do desenvolvimento. “Uma missão que consideramos possível, apesar de todas as impressivas dificuldades que temos enfrentado, as quais, ao invés de nos demoverem, nos têm temperado”, acrescentou.
Citando o orador convidado, José Carlos Mota, o ALTERNATIVAcom concorda que “a alegada falta de cultura participativa dos portugueses é um ‘mito urbano’, o que falta é mais estímulo à participação. Quando os cidadãos pouco podem acrescentar, até acho muito bem que não participem. Quando as pessoas sentem que o seu contributo é útil, a participação acontece com uma intensidade e riqueza mágicas (…) Podemos estar descansados, os portugueses não possuem nenhum problema genético que os debilite para a participação cívica. As redes sociais que fazem a diferença não são as virtuais, são as de proximidade. O que falta é criar condições para despoletar a energia cívica adormecida. As redes virtuais apenas ajudam a divulgar e difundir oportunidades”, destacou-se naquele fórum.
Vasco Damas diz fazer “um balanço muito positivo” da iniciativa, que contou com o contributo do investigador, docente e consultor José Carlos Mota, da Universidade de Aveiro, com o tema «Reforço da Cidadania Livre e Participativa».

“Abrantes pode orgulhar-se de um debate animado e com muita qualidade, resultando das intervenções dos participantes, onde se sublinharam várias ideias, entre as quais: 1. A necessidade de aumentar a quantidade e melhorar a qualidade da cidadania participativa; 2. Que para atingirmos este objetivo devem ser criados espaços públicos para diminuir os desequilíbrios na participação; 3. Que a qualidade de vida também depende da qualidade da cidadania; 4. Que a inteligência coletiva gera um saber único; 5. Que a cidadania não tem um prazo de validade; 6. Que é fundamental definirmos prioridades na agenda da cidadania; 7. Que para mobilizarmos os cidadãos para uma cidadania mais ativa e participativa devemos suavizar a escada da participação”, enumerou, dando conta que “foi uma tarde estimulante onde a cidadania livre e participativa saiu reforçada e onde, através da sua capacidade de realização, ficou mais uma vez provado que Abrantes tem Alternativa”.
Quanto à população, “vai-se fazendo representar, mas não ainda com os ‘números’ que desejamos. Ainda há desconfiança e medo. Estamos num processo e as grandes viagens começam com passos pequenos”, considera.
Sendo o debate aberto à participação de todas as forças políticas do concelho, além membros de movimentos independentes ou de cidadãos que se fizeram presentes, vindos de Rio de Moinhos, de Mouriscas, de São Facundo, Alferrarede, Rossio ao Sul do Tejo, entre outros, Vasco Damas reconhece que os convites continuam a não ser respondidos em pleno quer à presença, quer à participação no debate – principal motivo da iniciativa. Nesta edição estiveram presentes membros da JSD de Abrantes e do Bloco de Esquerda.




Mas no que concerne às restantes forças políticas, seria importante que aderissem à iniciativa e participassem no debate?
“Demos a resposta a esta pergunta há 4 anos. Se não houver debate não há disrupção nem evolução. O resto é história e basta olharmos em volta, dentro e fora do concelho, para percebermos as oportunidades que temos vindo a perder”, considera o líder do movimento ALTERNATIVAcom, recordando a apresentação pública do movimento a 11 de novembro de 2019 , em que foi referido que “este movimento é independente dos partidos, embora respeite e valorize a existência e a representatividade democrática de todos os partidos, com quem queremos dialogar com franqueza e lealdade. Procuraremos convergir para soluções locais tão consensuais quanto possível, sem deixarmos de definir prioridades, tomar posições claras e fazer as escolhas necessárias”.
Conforme considerações finais do Fórum Democrático, o líder do ALTERNATIVAcom disse que este “tem provado ser um movimento de cidadãos livres que tem trabalhado de forma altruísta, muitas vezes com prejuízo das nossas vidas pessoais e profissionais, para construir as melhoras propostas que tenham um impacto positivo na vida das pessoas, de todas as pessoas e do território, de todo o território. Fizemo-lo em relação à saude, à educação, à segurança ou à defesa do património”.
“Sem ideologias partidárias, também estivemos sempre na linha da frente na defesa da cidade, do concelho e da região. Fizemo-lo em relação à Central Termoelétrica do Pego, em relação à defesa da abolição das portagens na A23 ou em relação à localização do Aeroporto em Santarém. A nossa história ainda é recente, mas, em tão pouco tempo, tão poucos e com tão poucos recursos, têm dado tanto a esta cidade e a este concelho. Em 2019, demos uma Alternativa a Abrantes. Hoje, provámos que Abrantes tem Alternativa. E para 2025, assumimos mais uma vez o compromisso de que Abrantes continuará a ter Alternativa. Uma Alternativa livre e sem amarras ideológicas que contará com todos e não apenas com uma parte do todo”, disse Vasco Damas, apontando ao futuro, tendo por certo que o ALTERNATIVAcom voltará a ser candidato às eleições autárquicas em 2025.