O jornalista de Alcanena, Ricardo Rodrigues, está a desenvolver um projeto de jornalismo local, que pretende devolver o formato a um concelho que há vários anos deixou de ter projetos desta natureza, sendo a informação transmitida apenas por meios regionais. A “Revista Oito” pretende ser um projeto anual, com lançamento previsto para dezembro de 2022, com reportagens sobre o concelho e freguesias limítrofes, por fim a deixar uma memória sobre o território e as suas gentes.
Conhecido dos movimentos ambientalistas, Ricardo Rodrigues é o rosto de um novo projeto jornalístico que quer nascer no concelho de Alcanena. Com o objetivo de “valorizar a memória, as gentes, as tradições e a cultura do concelho de Alcanena e freguesias vizinhas”, a “Revista Oito” pretende devolver ao território um órgão de comunicação eminentemente local.
Os eventuais lucros “serão distribuídos por associações sem fins lucrativos, ainda a designar, dos territórios envolventes”, refere a nota de imprensa sobre o projeto.

Em declarações ao mediotejo.net, Ricardo Rodrigues adianta que “a ideia da revista está a ser maturada há muito tempo”. “Tudo começou em 2015, pois não havendo um meio de comunicação do concelho de Alcanena desde a extinção do jornal “O Alviela”, pensei que seria importante criar algo”, recorda.
O jornalista percebeu porém que era “impossível fazer uma publicação regular”. “Não há volume informativo em Alcanena que o justifique”, constata, além de que “os custos seriam incomportáveis sem alguém a patrocinar o projeto”.
Surgiu assim a ideia de fazer uma publicação mais espaçada no tempo, “mas que leve os alcanenenses a gostar de Alcanena”. “Aos poucos fui também moldando essa ideia de que não faz sentido parar em Alcanena. Partilhamos com várias freguesias vizinhas territórios, costumes e hábitos de vida e faz todo o sentido integrá-las no projeto”.
O projeto estava para ser lançado em 2020, “mas com a pandemia vi-me obrigado a adiar. Decidi que agora seria uma boa altura para o fazer”, adianta.
Ricardo tem estado a reunir-se com as juntas e uniões de freguesias, por fim a financiar o projeto, admitindo que ainda deverá recorrer à autarquia e ao tecido empresarial. A revista seguirá o estilo de reportagem em todas as antigas freguesias, incluindo crónicas, perfis e entrevistas, devendo atingir a centena de páginas.
“Há aqui um objetivo claro de valorizar estes territórios, que têm sido decretados ao abandono, e criar aos poucos memórias sobre esses territórios, memórias essas que têm tendência a perder-se”, refere.
“É como se anualmente se escrevesse um livro sobre estes territórios, e fica para a posteridade. A ideia passa muito por aí: valorizar e oferecer algo à terra. Fica como um registo que poderá sempre ser consultado no futuro”, conclui.