assembleia municipal de Alcanena de 25 de fevereiro de 2022 Foto: mediotejo.net

A Assembleia Municipal de Alcanena aprovou por maioria, com abstenção da CDU, a regularização das áreas cedidas à empresa Joaquim Francisco Inácio e Sucessores, S.A., na zona histórica da vila de Alcanena. O objetivo “é retirar os pavilhões da fábrica Mota, só ficando o original com um projeto de incubação de empresas”, disse o presidente da Câmara. O “Projeto Couros”, salientou, pretende reabilitar toda a baixa de Alcanena.

Na sessão de 25 de fevereiro, a CDU questionou o interesse público desta regularização, indagando se se pretende reativar o equipamento industrial existente. Segundo o presidente Rui Anastácio (Cidadãos por Alcanena), o executivo municipal tem outros planos para o local que caminham no sentido oposto, o da “renaturalização” do espaço, o que implicará a aquisição dos edifícios existentes, alguns deles para demolição.

A discussão e votação do tópico não contou com a participação da presidente da mesa da Assembleia Municipal, Tereza Sampainho (Cidadãos por Alcanena), por ligações familiares ao empresário.

 O debate foi promovido sobretudo pela CDU, com a deputada Carla Pereira a manifestar a sua preocupação pelo documento. “Será que a cedência não vai reativar a unidade industrial Constantino Mota quando não deveria haver atividade industrial na zona histórica da vila?”, indagou. “Não vemos qualquer tipo de interesse público” na regularização destas áreas cedidas. 

Da parte da bancada dos Cidadãos por Alcanena surgiram rapidamente críticas, referindo-se que a empresa encontra-se a tentar regularizar esta situação há já algum tempo. O mesmo foi referido por Rui Anastácio, constatando que o processo vem de 2017. No entanto, frisou, esta regularização está muito longe de pretender os objetivos industriais sugeridos pela CDU.

“Estamos profundamente empenhados em implementar um dos nossos projetos eleitorais no local”, afirmou o presidente, dando conta que o objetivo “é retirar os pavilhões da fábrica Mota, só ficando o original com um projeto de incubação de empresas”.

“O que nós queremos é renaturalizar o espaço e tirar os pavilhões da Marsipel”, reiterou, criticando o anterior executivo PS por não ter adquirido o edificado quando a proposta lhes foi apresentada por 350 mil euros. 

Ainda na perspetiva de uma eventual industrialização, o presidente referiu que toda a área é leito de cheia, pelo que dificilmente pode ocorrer uma reativação. “Mesmo o projeto que estamos a desenhar não sabemos se o conseguimos fazer”, admitiu. O “Projeto Couros”, salientou, pretende reabilitar toda a baixa de Alcanena.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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