Têm sido semanas desafiantes no Agrupamento de Escolas de Alcanena, que logo no dia 17 de março começou com as aulas à distância através das plataformas online. Há alunos que não aparecem para as aulas, há alunos sem computadores para assistirem às mesmas e os professores e direção esforçam-se por encontrar soluções para os diferentes problemas que vão surgindo. O terceiro período ainda é uma incerteza, mas a diretora do agrupamento, Ana Cláudia Cohen, tem um discurso otimista. Dentro das dificuldades, professores e alunos estão a aprender a lidar com os desafios levantados pela crise pandémica e estão preparados para retomar as aulas depois da Páscoa nos mesmo moldes.
Até ao momento, avançou a diretora ao mediotejo.net, não foi necessário receber nas instalações das escolas selecionadas (Escola de 1º ciclo de Minde e Secundária de Alcanena) filhos de técnicos de saúde ou de outras profissões essenciais ao socorro de vítimas de Covid-19, mas as estruturas estão preparadas para esse efeito. Também não houve necessidade, garante a docente, de servir refeições a alunos de escalão A, mas tal possibilidade mantém-se disponível.
De uma forma geral, o agrupamento tem lidado sobretudo com as dificuldades inerentes do ensino às distância e da disciplina de estudo em casa. O primeiro problema com que se defrontarem, frisou Ana Cláudia Cohen, foi a própria tecnologia: falta de computadores ou poucos para o número de irmãos, pouca largura de banda ou mesmo ausência de internet, plataformas que não aguentavam o moodle, etc.
Para resolver a falta de computadores e evitar que as crianças se juntassem na casa umas das outras, o agrupamento emprestou tablets aos alunos e pediu à Câmara de Alcanena para ceder também alguns. Há no entanto cerca de meia centena de crianças do 1º ciclo que não têm possibilidade de ter um adulto a apoiar nos suportes informáticos (porque estão ao encargo de avós ou os pais estão em teletrabalho, por exemplo).
Nestes casos, adiantou a diretora, em parceria com as juntas de freguesia, as tarefas têm sido enviadas para as respetivas autarquias, que depois as entregam aos alunos mais pequenos. “Este sistema já começou”, afirmou, resolvendo-se assim um dos primeiros problemas identificados.
A dificuldade seguinte foi os alunos não aparecerem às aulas virtuais, o que constitui falta. Nos primeiros dias foi necessário ligar a alguns pais e mesmo os alunos contactaram entre si. A maioria dos jovens acabou por aparecer, explicou a diretora, embora ainda haja casos de faltas no período da manhã porque, estando em casa sozinhos, os jovens adormecem. Há porém alunos que nunca mais apareceram às aulas, referiu, situação que terá que ser resolvida.

Estas semanas, explicou a diretora, têm sido sobretudo de adaptação e eventual preparação para retomar nos mesmos moldes no terceiro período. Se assim for, admitiu, vai-se colocar de forma mais preponderante a questão da avaliação. O ensino à distância, explicou, exige que a aprendizagem responda a outras estratégias. “Tem que haver ação, tem que haver feedback, compromisso, foco, de parte a parte”, frisou.
“Temos que apostar em atividades que promovam a autonomia, a pesquisa e que possam apresentar uns aos outros”, defendeu. “Temos que alinhar a avaliação com as características do ensino à distância”, referiu, sendo que “é o que vamos começar a decidir”. Em todo o caso, o agrupamento aguarda ainda que o Ministério da Educação anuncie como vai ser o resto do ano letivo.
Autora do livro “Guia da Autonomia e Flexibilidade Curricular”, modelo de ensino no qual o Agrupamento de Escolas de Alcanena tem sido destacado como exemplo, Ana Cláudia Cohen reconhece que o encerramento das escolas devido à pandemia obrigou as escolas a reestruturarem-se, mas destaca o lado positivo. Para já, constata, os “professores dizem que os alunos participam muito mais”.