Executivo de Alcanena. Foto: mediotejo.net

Quando ocorreram as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, o município de Alcanena planeou acolher vários peregrinos nos equipamentos municipais Escola Básica Dr. Anastácio Gonçalves e Pavilhão Multiusos, tendo, no entanto, sido detetada a presença da bactéria ‘legionella’, o que levou ao encerramento daqueles equipamentos por uma questão de saúde pública, e até à desinfeção e limpeza dos espaços.

Face ao Plano do Ministério da Saúde para a JMJ 2023, que “contempla distintas iniciativas e cidades abrangendo os meses de julho e agosto de 2023”, o município foi “chamado à atenção” pela saúde pública. Em causa, a deteção da bactéria ‘legionella’ no dia 27 de julho, que levou ao encerramento dos balneários da escola e das casas de banho do pavilhão mas só agora o assunto foi tornado público e por intervenção de um cidadão, que exigiu explicações na reunião pública de executivo.

Hoje, quase quatro meses depois, o município assegura que “está tudo como deve de ser”, apesar da preocupação demonstrada pelos pais dos alunos e pelos vereadores da oposição, nomeadamente pela não informação pública sobre o processo.

Na reunião camarária de 6 de novembro, o cidadão Jorge Batista, afirmando-se representante de Encarregados de Educação da Escola Anastácio Gonçalves, questionou o executivo sobre quais os procedimentos tomados quando foi detetado o caso, dando a entender que não tinha havido nenhuma comunicação sobre o desenvolvimento do processo.

ÁUDIO | Jorge Batista, representante dos Encarregados de Educação da Escola Básica Dr. Anastácio Gonçalves

Em resposta, o vice-presidente Alexandre Pires (Cidadãos por Alcanena) disse que os balneários da escola foram encerrados na altura em que a bactéria foi detetada, tendo reconhecido a possível existência de uma “falha” de comunicação entre a escola e a Câmara.

A ‘falha’ ocorreu com o começo do ano letivo, uma vez que, segundo Jorge Batista, os alunos do 2.º ciclo utilizaram os balneários na semana de 18 de setembro, quando os equipamentos só poderiam ter sido usados após o dia 31 de outubro, quando as análises confirmaram já não existir legionella. “Estamos cá para assumir as nossas obrigações”, respondeu o vereador.

ÁUDIO | Intervenção do vice-presidente Alexandre Pires

Do lado da oposição, o vereador socialista Hugo Santarém mostrou-se indignado por desconhecer o caso.

“Não tivemos resposta da vossa parte que tinha havido peregrinos que tinham sido forçados a mudar de instalações porque houve um surto de legionella detetado nos balneários da Anastácio Gonçalves”, disse o vereador socialista, que exigiu ao executivo um relatório detalhado sobre os procedimentos tomados desde o momento em que a bactéria foi detetada.

ÁUDIO | Intervenção do vereador Hugo Santarém

De acordo com os esclarecimentos dados na reunião, só no dia 31 de outubro foi dada ordem de utilização dos referidos equipamentos, com a análise negativa. O executivo referiu que no dia 26 de setembro chegou o pedido de reforço para que as instalações se mantivessem encerradas, e, em outubro, foram feitas novas análises.

Os resultados (que chegaram no dia 31) deram a ordem de abertura dos espaços, tanto na escola, como no pavilhão. No entanto, a vereadora Marlene Carvalho reforçou que continua a ser necessária a verificação periódica dos equipamentos.

ÁUDIO | Intervenção da vereadora Marlene Carvalho

Num email enviado à redação do mediotejo.net, o representante Jorge Batista explicou que solicitou “uma reunião urgente” com a médica de saúde pública Ana São Bento com o objetivo de “avaliar a situação” e “informar os pais”.

ÁUDIO | “Cronologia” desde o dia 27 de julho até 31 de outubro

A doença do legionário, uma pneumonia provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila’, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Apaixonada pelo mundo do jornalismo, é licenciada em Comunicação Social pelo Instituto Politécnico de Tomar / Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Acredita que "para chegar onde a maioria não chega, é necessário fazer o que a maioria não faz".

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