Assembleia Municipal de Alcanena de 25 de fevereiro de 2022 Foto: mediotejo.net

Há um sério risco, segundo mencionado na Assembleia Municipal de Alcanena, do concelho ficar em breve com apenas um médico de família para todo o território. O executivo liderado pelos ‘Cidadãos por Alcanena’ garantiu já estar a pensar em alternativas, sendo que quer pressionar o Governo a repensar as políticas relativas à contratação de médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O tema foi colocado pela CDU, com Carla Pereira a constatar que o Centro de Saúde não cumpre o seu horário de funcionamento, além de que nos últimos anos saíram oito médicos de família, com a reposição de apenas dois. Neste momento há apenas cinco médicos no Centro de Saúde de Alcanena e este ano vão decorrer mais reformas. Com várias extensões de saúde encerradas, muitos utentes acabam por ser encaminhados para os hospitais do Médio Tejo.

Face a este cenário, Carla Pereira questionou o município sobre a situação da saúde do concelho e que soluções se encontram a ser equacionadas. Na mesma linha, o presidente da freguesia de Monsanto, Samuel Frazão (PS), constataria que o médico da freguesia foi encaminhado para dar apoio à logística da pandemia e nunca mais voltou.

Mais dramático, o presidente da União de Freguesias de Malhou, Louriceira e Espinheiro, Edgar Pereira (Cidadãos por Alcanena), alertou que a situação é mais complicada que o que aparenta e o concelho corre o risco de, dentro em breve, ficar com apenas um médico para todo o território.

“Este é um problema crucial e terá que ser abordado na transferência de competências” na área da saúde, constatou.

A resposta ao tema ficou a cargo da vereadora Marlene Carvalho (Cidadãos por Alcanena), que adiantou ter agendada uma reunião com o Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo para 4 de março para se definir uma estratégia de atuação.

Neste âmbito, adiantaria, deverá ser discutida a necessidade de alterar as políticas relativas às metodologias de contratação de médicos de família no SNS.

Entretanto já reuniu com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, mas sem trazer respostas concretas, quer para os problemas que a assunção de competências na área da Saúde vão trazer, quer para a falta de clínicos.

Todavia, na sequência dessa reunião, decorreu uma visita aos edifícios das unidades de saúde, tendo-se constatado a necessidade de obras.

O município já informou a Secretaria de Estado da Descentralização de Competências que não tem condições de receber a área da Saúde, uma vez que esta medida não vem acompanhada do devido pacote financeiro e há excesso de necessidades infraestruturais e de recursos humanos. “O governo tem que dizer o que pretende do SNS”, constatou. 

A este respeito, o presidente Rui Anastácio (Cidadãos por Alcanena) adiantou ter recebido a informação de que a descentralização da Saúde deverá ser interrompida a nível nacional.

“Isto tem sido uma trapalhada total”, refletiu, constatando que as Câmaras assumiram compromissos com “cheques em branco”.

“Houve aqui um erro estratégico” dos municípios, reiterou.   

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

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