Há um sério risco, segundo mencionado na Assembleia Municipal de Alcanena, do concelho ficar em breve com apenas um médico de família para todo o território. O executivo liderado pelos ‘Cidadãos por Alcanena’ garantiu já estar a pensar em alternativas, sendo que quer pressionar o Governo a repensar as políticas relativas à contratação de médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O tema foi colocado pela CDU, com Carla Pereira a constatar que o Centro de Saúde não cumpre o seu horário de funcionamento, além de que nos últimos anos saíram oito médicos de família, com a reposição de apenas dois. Neste momento há apenas cinco médicos no Centro de Saúde de Alcanena e este ano vão decorrer mais reformas. Com várias extensões de saúde encerradas, muitos utentes acabam por ser encaminhados para os hospitais do Médio Tejo.
Face a este cenário, Carla Pereira questionou o município sobre a situação da saúde do concelho e que soluções se encontram a ser equacionadas. Na mesma linha, o presidente da freguesia de Monsanto, Samuel Frazão (PS), constataria que o médico da freguesia foi encaminhado para dar apoio à logística da pandemia e nunca mais voltou.
Mais dramático, o presidente da União de Freguesias de Malhou, Louriceira e Espinheiro, Edgar Pereira (Cidadãos por Alcanena), alertou que a situação é mais complicada que o que aparenta e o concelho corre o risco de, dentro em breve, ficar com apenas um médico para todo o território.
“Este é um problema crucial e terá que ser abordado na transferência de competências” na área da saúde, constatou.
A resposta ao tema ficou a cargo da vereadora Marlene Carvalho (Cidadãos por Alcanena), que adiantou ter agendada uma reunião com o Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo para 4 de março para se definir uma estratégia de atuação.
Neste âmbito, adiantaria, deverá ser discutida a necessidade de alterar as políticas relativas às metodologias de contratação de médicos de família no SNS.
Entretanto já reuniu com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, mas sem trazer respostas concretas, quer para os problemas que a assunção de competências na área da Saúde vão trazer, quer para a falta de clínicos.
Todavia, na sequência dessa reunião, decorreu uma visita aos edifícios das unidades de saúde, tendo-se constatado a necessidade de obras.
O município já informou a Secretaria de Estado da Descentralização de Competências que não tem condições de receber a área da Saúde, uma vez que esta medida não vem acompanhada do devido pacote financeiro e há excesso de necessidades infraestruturais e de recursos humanos. “O governo tem que dizer o que pretende do SNS”, constatou.
A este respeito, o presidente Rui Anastácio (Cidadãos por Alcanena) adiantou ter recebido a informação de que a descentralização da Saúde deverá ser interrompida a nível nacional.
“Isto tem sido uma trapalhada total”, refletiu, constatando que as Câmaras assumiram compromissos com “cheques em branco”.
“Houve aqui um erro estratégico” dos municípios, reiterou.