Albufeira de Castelo de Bode em Aldeia do Mato, onde o rio Zêzere apresenta baixos níveis de água, para esta época do ano. Créditos: mediotejo.net

O presidente da Câmara de Abrantes afirmou ao nosso jornal que a estratégia implementada pelo Município permite utilizar água de furos para regar jardins e espaços verdes, tendo feito notar que as medidas de poupança da água foram tomadas antes da seca. O autarca garante que a captação de água na albufeira de Castelo de Bode, em Cabeça Gorda, está, para já, assegurada.

Manuel Jorge Valamatos defendeu uma aposta na gestão eficiente dos recursos hídricos e o Município até já lançou campanhas com o objetivo de levarem o consumidor a poupar água e a sensibilizar os mais jovens para a importância desse bem escasso, designadamente no ano passado com a mascote Smart, numa campanha de incentivo para a sustentabilidade ambiental.

Agora, perante o cenário de seca, o autarca socialista salienta ao mediotejo.net que o Município tem implementado uma estratégia de uso racional de água, agindo de forma sistemática perante a escassez dos recursos e não pontualmente.

“Temos muitos sistemas de rega que as pessoas pensam ser água da rede e não é. São de furos, de captações de água. Temos por exemplo um furo que abastece os autotanques dos nossos bombeiros que não entra no sistema de abastecimento público de água”, exemplifica o autarca.

Para o presidente da autarquia “não é preciso chegar a uma situação destas, com as barragens com níveis muito preocupantes, para uma racionalização dos recursos hídricos e é aquilo que temos vindo a fazer ao longo de muito tempo”.

Importa, defende Manuel Jorge Valamatos, “não utilizar a água da rede pública. É muito valiosa, tem custos”, nota.

Dentro dessa estratégia do Município integra-se, assim, a campanha dos Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA), no âmbito do Dia Mundial da Água, lançada precisamente a 22 de março do ano passado.

“Nas campanhas de sensibilização procuramos sensibilizar a comunidade para utilizar a água canalizada de forma racional”, refere.

Para o presidente falar de água “é falar do futuro. A água é um bem muito precioso e é preciso ter a todo o tempo todos os cuidados”.

Quanto aos níveis de água nas barragens portuguesas, designadamente na albufeira de Castelo de Bode, relativamente à captação de Abrantes na Estação de Tratamento de Água de Cabeça Gorda, “o coração dos Serviços Municipalizados que abastece o Norte do concelho e também já parte do Sul do concelho é um sistema importantíssimo. Sabemos que a nossa plataforma de captação, apesar de tudo, está abaixo de outras captações. Há uma preocupação mas muitos sistemas irão falhar antes do nosso. Esperemos que não aconteça”, disse, esperando também que chova.

O presidente garantiu que Abrantes encontra-se salvaguardada, com cota bastante para responder enquanto serviço público de água e manifestou-se “agradado” com a decisão do Governo em travar a produção de energia hídrica “protegendo o abastecimento público” de água.

ÁUDIO | PRESIDENTE CM ABRANTES, MANUEL JORGE VALAMATOS:

Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava no final de dezembro em situação de seca fraca. Recentemente a seca atingiu toda a região Norte, que subiu para um nível moderado, e há locais em Bragança que apresentam seca severa, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Num boletim divulgado no final de janeiro, o IPMA indica que a seca que começou em novembro passado “mantém-se e agravou-se à data de 25 de janeiro”: 54% do território está em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

Conforme anunciado pelo Governo no passado dia 01, devido à seca em Portugal continental, há limites à produção de energia em várias barragens: Alto Lindoso/Touvedo, Vilar de Tabuaço, Alto Rabagão, Cabril e Castelo de Bode. A água da barragem de Bravura, no Barlavento algarvio, deixou de poder ser usada para rega.

Para este mês não há expectativa de que chova o suficiente para inverter a situação de seca meteorológica, mas março ou abril poderão trazer alguma mudança, embora não seja possível de prever a esta distância.

C/Lusa

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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