Ministro da Administração Interna e o secretário de Estado da Proteção Civil visitam o sistema de autoproteção de Água das Casas, no concelho de Abrantes

O Governo quis dar o exemplo e mais de 20 elementos do Executivo ajudaram a limpar a floresta de Norte a Sul do País. Abrantes não foi exceção e recebeu a visita do ministro da Administração Interna. Eduardo Cabrita não limpou nem ajudou mas foi a Água das Casas conhecer o sistema de autoproteção implementado pela própria população, ficou satisfeito quando viu os sapadores a trabalhar num corredor de gestão de combustível em Vale de Açor, e deixou a garantia de um Portugal diferente de há um ano. Um País mais mobilizado para a limpeza dos terrenos florestais e com mais meios para combater os incêndios no próximo verão.

Parafraseando o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o Ministro da Administração Interna garantia um Portugal “mais preparado do que há um, dois, três ou cinco anos” realçando o esforço “notável” que não é do Governo mas de toda a sociedade.

“Das autarquias, dos produtores florestais, de todos os que têm colaborado na prevenção, bombeiros, forças armadas, forças de segurança” disse Eduardo Cabrita, destacando o empenho apesar do muito que ainda há por fazer. “Abrantes é um bom exemplo mas felizmente está acompanhado por um conjunto de muitos outros bons exemplos um pouco por todo o País”, sublinhou.

Hoje, vários elementos do Governo e o Presidente da República calçaram galochas, vestiram um impermeável, simbolicamente pegaram na motosserra e foram ajudar a limpar mato. O prazo terminou a 15 de março, mas o Executivo quer passar a ideia de que o importante é continuar a limpar e, até fim de maio, não há coimas. Eduardo Cabrita não limpou nem ajudou com mão de obra, mas sensibilizou para a problemática e, após uma curta visita ao quartel dos Bombeiros Municipais de Abrantes, visitou a zona norte do concelho de Abrantes e viu o decorrer dos trabalhos dos sapadores em Vale de Açor, depois de passar por Água das Casas onde conheceu o sistema de autoproteção que a população daquela aldeia criou para se proteger dos incêndios.

O ministro, acompanhado do secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, esteve este sábado à tarde em Abrantes, depois de uma primeira paragem noutro concelho do Médio Tejo; Constância, numa ação semelhante.

Em declarações ao mediotejo.net, o ministro lembrou que, desde o dia 15 de março, os municípios já podem intervir. “Os municípios, as forças de segurança vão fazer as notificações para que todos até maio possam cumprir. É esse o objetivo do Governo, assegurou. “Quem limpar até ao fim de maio terá o seu processo de contraordenação sem efeito” garantiu, deixando um apelo “a todos”.

Ação de Limpeza da Floresta em Vale de Açor

Neste momento a limpeza à volta das casas, os proprietários dos terrenos “já o deviam ter feito. À volta da aldeias o prazo é até final de abril. Agora cabe a todos” diz o ministro.

Portugal tem hoje “mais meios” de combate aos incêndios “do que alguma vez teve”, incluindo aéreos “disponíveis todo o ano”, com contratos “transparentes” permitindo uma resposta alocada a 2018 e 2019 que corresponda à dimensão do risco que nós temos”.

O ministro da Administração Interna referiu “o reforço das estruturas profissionais dos bombeiros de todo o País, temos mais equipamento atribuído quer à Força Especial de Bombeiros quer aos GIPS [Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro] da GNR, e estão neste momento 600 homens em formação adicionais, está em curso o recrutamento de mais 500 sapadores florestais, vamos alargar o corpo de Guarda Florestal” indicou, sublinhando que o trabalho decisivo é o da prevenção, considerando os bombeiros “a coluna vertebral” do sistema de Proteção Civil.

Eduardo Cabrita chegou de carro ao quartel dos bombeiros de Abrantes, já passava das 15h00, onde assistiu à apresentação da Estratégia de Limpeza da Câmara Municipal de Abrantes, pela presidente Maria do Céu Albuquerque, onde estiveram presentes os vários presidentes de Junta das freguesias do concelho, eleitos da Assembleia Municipal, vereadores dos partidos com assento no Executivo municipal, e outras entidades, nomeadamente das forças de segurança.

Estratégia de Limpeza da Câmara Municipal de Abrantes

Maria do Céu Albuquerque começou por recordar que o Município alocou 1 milhão e 800 mil euros nas políticas de defesa da floresta. Sendo 753 mil euros para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes. Outros 750 mil euros para despesas de capital, ou seja candidaturas já aprovadas para projetos de intervenção com financiamento a 100%.

Referiu uma prática “pioneira em Portugal” já com seis anos de trabalho em rede com diversos parceiros, como associações de agricultores, juntas de freguesia, Afocelca, RAME, GNR, PSP, Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém e Hélder Silvano, um perito que se dedica ao estudo de fenómenos meteorológicos e que durante a fase Charlie reúnem de 15 em 15 dias e, no inverno, mensalmente. Deu conta da existência de três grupos de trabalho: um de prevenção, outro de recuperação de áreas ardidas e um terceiro de combate.

A presidente deu conta que “60% da mancha florestal do concelho está desordenada. Queremos ter condições para um ordenamento sustentável da floresta” garantiu. Acrescentou que a CMA ainda está na fase de limpeza dos terrenos municipais tendo avançado já para alguns privados.

Maria do Céu Albuquerque

Por isso, o município aposta numa estratégia de sensibilização das populações. “Cada cidadão é agente de proteção civil” recorda. Maria do Céu Albuquerque louvou a operação ‘Prevenir já’ da GNR dando conta de 400 propriedades que não estão em conformidade com a legislação. E assegurou que “daqui a pouco todo o território estará coberto por Zonas de Intervenção Florestal”.

Além disso foram definidas estratégias para o melhoramento do dispositivo de combate. A CMA aposta na promoção da utilização de novas tecnologias com destaque para o sistema integrado de georreferenciação. “Estamos a adquirir um Posto de Comando Municipal”, avançou a autarca, dando ainda conta de um investimento na área da formação profissional.

O corpo de bombeiros de Abrantes, que há cinco anos passou de municipal a voluntário, tem “78 elementos, três equipas de combate a incêndio, uma equipa logística de apoio ao combate, 4 veículos de comando e ligação, 8 veículos florestais de combate a incêndio, 5 veículos tanque e equipamentos de apoio ao combate com 3 motobombas de grande débito”, disse.

Durante a tarde, no âmbito do objetivo ‘Melhorar a eficiência da proteção civil e as condições de prevenção e socorro’ do programa do XXI Governo Constitucional, foi ainda assinado o protocolo de contratação e funcionamento das equipas de intervenção permanente com o objetivo de promover a melhoria e eficiência das condições de prevenção e socorro face a acidentes e catástrofes, composta por cinco elementos, um chefe de equipa e quatro bombeiros.

A missão passa por aumentar a capacidade de resposta do Corpo de Bombeiros no combate a incêndios, socorro a náufragos, socorro complementar no desencarceramento e apoio a sinistrados, pela minimização dos riscos e pela colaboração com ações de proteção civil.

Assinatura do protocolo de condições de contratação e funcionamento das equipas de intervenção permanente

O protocolo foi assinado pela presidente da Câmara de Abrantes, pelo presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Carlos Mourato Nunes, pelo presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, João Furtado e pelo ministro da Administração Interna.

Na limpeza deste sábado participaram também cerca de 1585 militares dos três ramos das Forças Armadas, numa iniciativa conjunta com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Oiça aqui as declarações do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita:

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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1 Comentário

  1. Da noticia: “Eduardo Cabrita não limpou nem ajudou com mão de obra, mas sensibilizou para a problemática e, após uma curta visita ao quartel dos Bombeiros Municipais de Abrantes…” e mais abaixo: “O protocolo foi assinado pela presidente da Câmara de Abrantes, pelo presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Carlos Mourato Nunes, pelo presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, João Furtado e pelo ministro da Administração Interna.” Afinal os Bombeiros de Abrantes são Municipais ou Voluntários? Eu sei que foram Municipais até há poucos anos, mas passaram a Voluntários. Convinha ser visto este pormenor até porque se fossem Municipais não havia direito ao Protocolo para a constituição da EIP.

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