Manuel Jorge Valamatos abordou, na abertura desta iniciativa integrada na programa das Festas de Abrantes 2022, o “sentimento de reforço para com os artistas” com esta nova etapa de vida da galeria municipal, que ao ceder algumas das coleções que continha, da Coleção Figueiredo Ribeiro, para o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, ganhou nova vida ao estar disponível para acolher novos artistas e novos conceitos de arte, num sentido de proximidade ao público.
“Este ciclo de exposições expressa a vontade de mostrar e apresentar o trabalho de muitos abrantinos, o que os nossos fazem, as competências, a capacidade, o potencial dos nossos artistas. Os que vivem cá, outros que estão fora. Esta casa, esta galeria, volta aos nossos artistas”, referiu o autarca, que reforçou essa mesma ideia em declarações ao mediotejo.net (ver vídeo).

Massimo Esposito, por sua vez, explicou o conceito da “arte por um fio”, referindo ser uma ideia sua que há muito gostaria de ter desenvolvido, defendendo que há um fio que une a todos com responsabilidade sobre a divulgação e promoção da arte e dos artistas que a fazem.
“Se não trabalharmos em conjunto, não vamos fazer nada, a individualidade é terrível”, afirmou, acrescentando que “Abrantes é uma comunidade relativamente pequena, e nós podemos trabalhar, sobretudo porque temos um capital artístico muito grande”, reconheceu.
“Eu quero apoiar os outros, quero que os outros possam ter um lugar e esse lugar é a galeria. Conseguimos voltar a ter a nossa galeria para nós, para que os artistas de Abrantes e restantes concelhos aqui perto possam mostrar os seus trabalhos”, disse, visivelmente agradado com o feito.
Nos próximos seis meses, o ciclo de exposições será dedicado aos artistas de Abrantes, sendo que para já estará exposto o trabalho de Juju Bento, de 23 anos, jovem que foi inclusivamente aluna no atelier de artes de Massimo Esposito, a uns metros da QuARTel.
Sobre esta ligação, este fio que conduz à arte e que liga os seus intervenientes, Massimo Esposito desenvolveu esse pensamento em voz alta. “Existe um fio que liga o artista, quem vem apreciar os quadros, quem pode avaliar e quem pode adquirir a obra de arte”, notou, indicando ser uma mais-valia o “comunicar entre todos, sem rivalidade”.
Por fim, deixou ainda o pedido, nesta concretização do fio que a todos conecta através da arte, para que possam envolver-se neste projeto. “Se conhecerem outros artistas, que não integrem este projeto, dirijam-se à galeria, indiquem o nome e com certeza iremos apoiá-lo.
“Temos de estar felizes, porque temos um espaço de qualidade. Esta é, para mim, a melhor galeria do Ribatejo. Pode melhorar muita coisa… mas o importante é pôr o coração, a vontade de trabalhar”, sublinhou.
Apelando à entreajuda, ao trabalho em equipa e à ideia e importância do espírito coletivo e de pertença, o artista introduziu um espetáculo pela bailarina abrantina Marina Brunheta, que numa performance de dança contemporânea, ajudou a materializar a ideia de Massimo Esposito, interligando todos os presentes com fios de novelos de lã, reforçando o papel da união de esforços em prol de um objetivo comum.
O ciclo de exposições começa com a participação da jovem artista Juju Bento (nome artístico de Ana Bento), de 23 anos, que foi aluna de Massimo Esposito e que sendo curador da exposição a convidou a expor alguns trabalhos.
Juju Bento passou pela Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, onde completou o ensino secundário, especializando-se em cerâmica e é licenciada em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. A sua prática complementa-se entre a performance, a escultura, o desenho e o vídeo. Os trabalhos da autora apresentados nesta mostra recaem sobre “memórias espaciais” sobre as formas que habitou.
Refira-se que Massimo Esposito começou em 1996 um protejo de ensino alternativo de desenho e pintura em algumas autarquias do Médio Tejo, sendo esta dinâmica criativa a responsável por fazer emergir jovens artistas plásticos.
“Um fio de arte” apresenta 23 obras, nas várias técnicas, da autoria de Massimo Esposito, artista plástico italiano residente em Portugal desde 1986. Pintor, retratista, gráfico, pintor de azulejos e animador cultural, radicado em Abrantes, cidade onde há 26 anos dinamiza a escola de ensino de pintura “Atelier do Massimo”.
Sobre a exposição, Massimo Esposito explica que, “Há um fio, comprido e complexo, que une o nosso cérebro ao nosso coração e se estende a todos aos que se aproximam de nós. Um fio chamado comunicação, interação e, às vezes, amor. Um fio que deve ser cuidado e mantido e quando se rompe há tristezas e amarguras. Neste momento/exposição/evento quero dizer que, como artista e «operário do pincel» farei o possível para manter este fio ativo e disponível a todos para desenvolver o amor à arte e à nossa cidade”.
“Um fio de arte” inaugura um ciclo de quatro exposições/eventos, denominado “Arte por um fio”, a decorrer no QuARTel – Galeria Municipal, até 7 de janeiro de 2023, com curadoria de Massimo Esposito. Serão apresentados trabalhos artísticos de vários autores do campo das artes plásticas, com origem no concelho de Abrantes, mas também da região, com o intuito de aproximar o público à arte.
Com a abertura do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), em dezembro de 2021, a exibição da Coleção Figueiredo Ribeiro transitou para duas salas deste novo museu, deixando o QuARTel como espaço privilegiado para a divulgação de artistas da região, em articulação com a nova oferta cultural de Abrantes, através da sua rede de museus e de outros equipamentos culturais.

QuARTel – Galeria Municipal de Arte
Largo de Sant’ana, 2200 – 348 Abrantes
Coordenadas GPS: 39° 27′ 51,310″ N / 8° 12′ 3,494″ W
Telefone: +351 241 331 408
Email: galeria.arte@cm-abrantes.pt
Horário
Terça-feira a sábado, das 14h30 – 17h30
nota: última entrada 30 minutos antes da hora de fecho