Os formandos do 7º curso de Formação Geral Comum de Praças do Exército de 2019 do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), com sede em Abrantes, prestaram juramento de bandeira na quinta-feira, 24 de outubro, no Aquapolis Sul, em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes. Os 50 homens e dez mulheres foram acompanhados por muitos familiares e amigos que se juntaram para assistir à cerimónia solene presidida pelo Segundo Comandante do Comando das Forças Terrestres, Major-General Francisco Xavier Ferreira de Sousa, que, à margem da cerimónia, falou ao mediotejo.net para explicar a importância das cerimónias descentralizadas e da aproximação do Exército à população.
No Aquapolis Sul, em Rossio ao Sul do Tejo, para assistir à cerimónia de Juramento de Bandeira, estiveram presentes, também, diversas personalidades ligadas a entidades públicas e militares, nomeadamente o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, o comandante do RAME Coronel de Infantaria Mário Álvares, o vice-presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges entre outras entidades e autarcas. Assistiu-se aos diversos momentos simbólicos que marcaram o final de cinco semanas de formação, tendo um deles sido a imposição de condecorações a antigos combatentes, nomeadamente a militares que prestam serviço no Ultramar.
Assim, os antigos combatentes Arménio Adelino de Jesus com a legenda Moçambique 1966/1968 e Pedro José Macareno Parelho com a legenda Moçambique 1973/1974 mereceram condecorações impostas pelo Major-General Francisco Xavier Ferreira de Sousa.
A cerimónia solene foi presidida então pelo Segundo Comandante do Comando das Forças Terrestres que dirigindo-se aos 60 formandos disse que a data ficaria “marcada na vossa memória até ao vosso último momento”. Lembrou que há algumas décadas significava a passagem à maioridade, “hoje significa um compromisso para com a nossa Nação, o nosso povo e para com a Humanidade”.

A Alta Entidade destacou a permanência de militares portugueses em vários pontos do mundo onde são “reconhecidos”, na República Centro Africana “onde se apresentam a população sabe que pode dormir em segurança. No Afeganistão onde estamos sabem que podem descansar porque estamos lá e cumprimos a nossa missão, no Iraque debaixo de rigorosas temperaturas o povo sabe que estamos lá para sermos produtores de segurança”, disse.
Igualmente “no Mali, em Timor, em Angola prontos estamos, sabem que os portugueses são bons profissionais, competentes e acima de tudo têm um sentido de dever e sabem lidar com os outros porque essa é a nossa cultura, estivemos em África, soubemos estar em África e soubemos sair de África. Isso dá-nos a diplomacia do sorriso em vez da diplomacia da arma apontada ao peito do outro. É a compreensão que nos faz ser queridos, sabemos ser rigorosos e firmes ao mesmo tempo que compreensivos”, acrescentou.
Também a medalha privativa Dom Afonso Henriques mérito do Exército foi entregue durante a cerimónia. Destina-se a galardoar os militares e civis nacionais ou estrangeiros que no âmbito técnico-profissional revelaram elevada competência e extraordinário desempenho e relevantes qualidades pessoais contribuindo significativamente para a eficiência, prestígio e cumprimento da missão do Exército. Nessa sequência, foram condecorados com a dita medalha os militares Capitão de Infantaria Pedro Marques e o Sargento-Chefe de Material António Baptista.

Seguiu-se a alocução pelo Comandante da Primeira Companhia de Formação, o Tenente de Cavalaria Nuno Barreira, que antes de se dirigir aos 60 jovens incorporados no RAME que, ontem, juraram bandeira, lembrou ter sido em Abrantes, uma cidade com uma longa história militar, que Dom Nuno Álvares Pereira reorganizou as suas tropas em 1385 antes da Batalha de Aljubarrota.
Falando depois para os soldados recrutas em parada “com o Tejo de Camões aos pés” que a 23 de setembro cruzaram pela primeira vez a porta de armas do RAME recordou a aceitação a “um desafio, iniciando um percurso e tem hoje um dos mais altos momentos. Nas últimas semanas ultrapassaram dificuldades e superaram diversos obstáculos, a dureza, a exigência e o rigor foram decisivos para poderem estar aqui”.
O Juramento de Bandeira é um momento que mostra que “os soldados recrutas reúnem as condições básicas para serem soldados de Portugal. Aquilo que vos une é maior do que aquilo que vos separa. Não por terem perdido a vossa identidade ou abdicaram daquilo em que acreditam mas porque a vossa personalidade se foi completando e o individualismo inicial foi dando lugar à amizade e camaradagem desenvolvendo igualmente as forças que caracterizam e vinculam qualquer militar: a coragem, a abnegação, a generosidade, o autocontrolo e a confiança”, referiu.

Chegou depois o momento alto da cerimónia solene, em que os formandos fizeram o seu juramento de bandeira, depois de enunciados os deveres militares pelo Chefe de Secretaria do Comando do Apoio Militar de Emergência, Sargento-Chefe do Serviço Geral do Exército, José Claro. A fórmula foi lida pelo Comandante das Forças em Parada, Tenente Coronel de Infantaria, António Marques Ferreira.
O prémio para o recruta do 7º curso de Formação que se distinguiu durante a instrução básica com uma classificação de 16,99 valores foi atribuído ao soldado do pelotão de formandos Dalia Matos.
Mereceu a medalha de Mérito Escolar o soldado Dalia Matos com a classificação final de 19,74 valores. A medalha de Mérito Pessoal foi atribuída ao soldado recruta Kaleb Silva com a classificação de 15,33 valores. E a medalha de Desembaraço Físico ao soldado Gonçalo Santos com a classificação de 17,33 valores.
As Forças em Parada, nomeadamente o pelotão da companhia de formação do sétimo curso de formação geral comum de praças do Exército, que jurou bandeira, desfilaram em parada, prestando continência ao Estandarte Nacional com o pelotão de guarda de honra comandando pelo Aspirante Oficial em Regime de Contrato João Machado. A cerimónia terminou com a atuação da Banda do Exército, comandada pelo Sargento-Chefe Sérgio Mendes.

Esta foi mais uma cerimónia de Juramento de Bandeira do RAME descentralizada. Uma ação explicada ao jornal mediotejo.net pelo Segundo Comandante do Comando das Forças Terrestres, Major-General Francisco Xavier Ferreira de Sousa.
“A vontade da nossa instituição é estar presente em todo o território nacional. Portugal não é só o litoral, é também todo um outro território que está cá dentro, com os seu povo presente. Nós temos de estar onde estão os cidadãos, somos filhos desses cidadãos, portanto é importante que a instituição esteja presente em toda a territorialidade para demonstrar que este País, que juramos todos dias defender, e fazemos por isso, não é só um bocadinho” disse o Major-General.
Para Francisco Xavier Ferreira de Sousa a presença do Exército nas terras do interior de Portugal significa que “quando precisarem de nós, cá estamos! Não é só de arma na mão que fazemos o nosso mister. É acima de tudo olhando pelo nosso Património, olhando pelos nossos terrenos, pelas nossas florestas, estando nas necessidades que são sentidas. E o RAME quer demonstrar que estamos ao serviço de todo o território. Se calhar somos a única Nação nesta Europa, porque os outros são países de retalhos, este é uma única Nação”.

Do lado do município, o presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos, considerou a presença de uma instituição militar no concelho de “extrema importância”. Lembrando a ligação que a cidade de Abrantes tem ao Exército Português.
“Tivemos várias unidades nos últimos anos, o Regimento de Infantaria 2, depois a Escola de Prática de Cavalaria e agora o RAME que é uma estrutura militar muito importante nos dias de hoje, muito dedicada às questões da emergência, do apoio às populações” referiu o autarca.
Reconheceu que ao longo da história da cidade, o Exército sempre teve uma presença marcante e o RAME “liderado pelo Comandante Álvares, que é um homem excelente com uma visão muito competente, é capaz de fazer que o Exército venha até junto das nossas comunidades. Já estivemos em escolas secundárias, em algumas freguesias do concelho, hoje estamos em Rossio ao Sul do Tejo onde o rio foi devolvido à nossa comunidade. No fundo é o reflexo destas articulações, desta forma de interagirmos institucionalmente uns com os outros”.
Por seu lado, o Comandante do RAME questionado sobre a motivação dos jovens na procura do Exército, uma vez que há muito que o serviço militar deixou de ser obrigatório, o Coronel de Infantaria Mário Álvares explica essa atração com a procura de um caminho de futuro.
“O Exército pode dar esse futuro seja em termos da sua formação humana porque o crescimento é evidente. No juramento de bandeira há um domínio de autoconfiança, no espírito de sacrifício, da abnegação, a capacidade de trabalhar em equipa que muitos deles não tinham. Damos ainda outras oportunidades seja em termos de valorização profissional no interior da instituição seja em termos de concurso a forças de segurança ou outros corpos especiais” justificou.
Contudo, “o mais importante é a valorização, um sentimento muito forte para todos nós. O crescimento daqueles jovens só irá acontecer saindo da zona de conforto. Expor-se, perceber as suas potencialidades, perceber as suas vulnerabilidades, e com as nossas ferramentas ajudá-los a crescer e a enfrentar o mundo”, acrescentou.
No RAME “a ligação à sociedade é feita por esta vertente formativa. São oito turnos, ao fundo [da parada] estavam mais 40 formandos que foram incorporados na segunda-feira. E há outra ligação através do apoio de emergência. Chegámos a ter períodos em que tivemos no território nacional cerca de 60 patrulhas a funcionar em simultâneo, 60 viaturas com 120 militares. Apoiámos o combate aos fogos florestais em Vila de Rei, Mação, com a nossa capacidade de apoio logístico, demos alimentação, com uma cozinha de campanha que foi uma grande exigência em termos de planeamento e desempenho operacional, a mais de mil operacionais. A ligação à população é fantástica e esta é uma missão da qual nos orgulhamos, para manter e alargar”, concluiu.