Museu Ibérico de Arqueologia e Arte transformou antigo convento de Abrantes em "centro cultural de excelência". Foto: CMA

O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) de Abrantes, resultado da requalificação do Convento de S. Domingos e dum investimento de 6,3 milhões de euros, foi aberto ao público a 8 de dezembro, cerca de 15 anos depois do início do projeto. Na inauguração, presidida pelo autarca Manuel Jorge Valamatos, esteve presente a ministra da Cultura, Graça Fonseca, e a ministra da Agricultura, ex-presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Antunes. 

“Hoje o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes abre as suas portas ao mundo, aos diferentes públicos e, sobretudo, aos abrantinos, que tanto o merecem”, disse o presidente do município no início do seu discurso, acrescentando que a inauguração do MIAA dá uma “vocação definitiva ao antigo Convento de São Domingos, devolvendo a centralidade e importância deste património abrantino edificado no século XVI”.

“Neste dia, culminamos um projeto que temos vindo a desenvolver ao longo de quase 15 anos. Desde o primeiro dia que sabíamos que este era um desafio ambicioso, mas sempre o encarámos como um desígnio coletivo, possível de ser concretizado com sucesso”, notou Manuel Jorge Valamatos.

Manuel Jorge Valamatos, presidente da CM Abrantes, na sessão de abertura do MIAA, acompanhado da ministra da Cultura. Foto: CMA

Tendo feito notar que o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte passa a constituir-se como um “centro cultural de excelência, dispondo de condições privilegiadas para o acolhimento de um programa expositivo de referência regional, nacional e internacional”, Manuel Jorge Valamatos afirmou ainda a vontade do município em continuar a trabalhar na valorização e divulgação da sua história e da sua identidade, respeitando e preservando o património histórico que caracteriza a comunidade.

VIDEO | INTERVENÇÕES PRESIDENTE CM ABRANTES E MINISTRA DA CULTURA

“Continuaremos orgulhosos do nosso passado, sem medo de nos transformarmos, conjugando sempre a nossa tradição com modernidade”, rematou o presidente da Câmara.

Já a ministra da cultura, Graça Fonseca, em declarações à comunicação social, referiu que o MIAA ” tem vários elementos que fazem deste um projeto cultural muito bom, de excelência, e que representa a importância que a cultura e a arte tem no território e deve ter como afirmação da coesão territorial e daquilo que pode ser também o desenvolvimento económico e atração daquilo que é também o turismo cultural (…)”.

“O município de Abrantes já deu a indicação de que iria aderir não só à rede de Arte Contemporânea como também à rede portuguesa de museus (…) este espaço aqui em Abrantes naturalmente ao aderir à rede de arte contemporânea, vai criar com outros centros de Arte Contemporânea em todo o país um espaço de circulação em Portugal que é extraordinário para chegar mais perto das pessoas com o que são as obras dos artistas nacionais”, disse ainda a ministra responsável pela pasta da Cultura.

Ministra da Cultura, Graça Fonseca, presidiu à inauguração do MIAA. Foto: CMA

Começando a dar os seus primeiros passos com Nélson Carvalho como presidente da Câmara de Abrantes, este longo processo passou também pelas mãos de Maria do Céu Antunes e foi agora concluído durante o primeiro mandato de Manuel Jorge Valamatos.

Maria do Céu Antunes, atual ministra da Agricultura e ex-presidente da CM Abrantes, esteve presente na inauguração do MIAA. Foto: CMA

Maria do Céu Antunes, atual ministra da Agricultura e ex-presidente da Câmara de Abrantes, afirmou ver com particular satisfação esta inauguração – até porque esteve envolvida no processo – que “veio permitir fazer um grande projeto, musealizando um conjunto de coleções que vai permitir trazer para o Médio Tejo e para Portugal um conjunto de valências que vão permitir acrescentar valor nomeadamente do ponto de vista do turismo para alavancar o nosso desenvolvimento socioeconómico, para além de permitir, como é inevitável também, aos cidadãos abrantinos e todo este nosso território, aumentar também as suas próprias qualificações ao nível cultural”, disse a ex-autarca de Abrantes.

Com um investimento inicialmente estimado de 13 milhões de euros, o projeto original para a criação do museu, desenhado pelo arquiteto Carrilho da Graça, implicava a construção de uma torre de 27 metros para acolher as peças que integram as coleções da Fundação Estrada ao nível de ourivesaria, armaria e arte sacra dos séculos XVI a XVIII. O projeto foi, entretanto, redimensionado.

Sobre o longo processo da requalificação do Convento de S. Domingos, com um projeto que foi sofrendo alterações relativamente ao inicialmente projetado, o arquiteto Carrilho Graça disse que teve imensa pena que o processo, que “começou por ser extremamente ambicioso”, não tenha avançado na sua primeira versão.

o arquiteto Carrilho Graça disse que teve imensa pena que o processo, que “começou por ser extremamente ambicioso”, não tenha avançado na sua primeira versão. Foto: CMA

Referindo que este processo causou “enorme” inquietação em Abrantes, Carrilho Graça encara o facto como mau e bom: “mau porque tinha uma grande convicção em relação ao projeto, e tudo somado tive pena que não se construísse. O que gostei mais foi do processo muito participado, com muitas interações com todas as pessoas que estiveram interessadas em participar, e saber realmente a opinião das pessoas”, disse o arquiteto do projeto.

O MIAA ocupa todos os espaços disponíveis dos dois pisos do antigo convento com áreas de exposições, permanentes e temporárias, onde ficará parte da coleção de arqueologia e arte municipal, o espólio de pintura contemporânea da pintora Maria Lucília Moita e a coleção arqueológica Estrada, propriedade da Fundação Ernesto Lourenço Estrada.

Temporariamente está patente uma exposição com obras da Coleção de Arte Contemporânea Figueiredo Ribeiro, e a Exposição “Memórias Futuras” – Coleção de Arte Contemporânea do Estado.

Para esta empreitada de 6,3 milhões de euros (ME), a Câmara Municipal de Abrantes, que suportou um investimento no montante de 3,8 ME, contou com um apoio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 2,5 ME, na obra de requalificação física do convento.

O museu pode ser visitado de terça-feira a domingo, entre as 10h e as 12h30 e as 14h e as 17h30, encontrando-se encerrado às segundas-feiras e feriados. Até ao final do mês de março as entradas são gratuitas.

Fotogaleria Mário Rui Fonseca/mediotejo.net

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

Entre na conversa

3 Comentários

  1. Qual acervo arqueologico do municipio e qual preocupacao pela arqueologia do concelho, em matéria de defesa no seu território. Por acaso viram o melhor arqueologo do concelho e funcionario desta câmara na inauguração? Não porque não foi convidado para o efeito.

  2. Muito bem, excelentes condições! Será excelente também para os alunos de arqueologia, conservação, artes visuais e cinema e design/IT do IPT! Aconselho somente abrir a cafetaria e colocar mais merchandise, como lápis, pins, canetas, borrachas e postais ou sacos — para aumentar a revenue! Parabéns prenda de Natal!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *