O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) de Abrantes, cuja inauguração foi adiada deste mês de julho para data a anunciar, vai acolher uma exposição inaugural de obras de arte que fazem parte da coleção de Arte Contemporânea do Estado Português.
O Município de Abrantes vai passar a cooperar diretamente com o Governo, desenvolvendo uma estratégia tendente à integração na Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, criada pelo Mistério da Cultura em abril de 2021, e concretizada através de um memorando de entendimento entre a Câmara e a Direção-Geral do Património Cultural. A proposta foi aprovada na reunião de câmara realizada no dia 30 de junho.
Nesse âmbito, além das coleções permanentes, o MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, a inaugurar no Convento de São Domingos “provavelmente depois das eleições autárquicas”, num “edifício de grande valor patrimonial”, vai ter patente uma exposição inaugural de obras de arte que fazem parte da coleção de Arte Contemporânea do Estado Português.
Foi igualmente aprovado um memorando de entendimento entre a Câmara Municipal e o Ministério da Cultura, no domínio da estratégia de promoção da arte contemporânea, “assente na valorização da criação artística nacional, na promoção da sua fruição pública, exibição e circulação e na prossecução de uma política cultural sustentada e de proximidade, que fomente a descentralização e desconcentração territorial, incentivando o mais amplo acesso às artes”, refere a autarquia, em nota de imprensa.
Para o vereador da Cultura, Luís Dias, esta parceria testemunha “o reconhecimento do Ministério da Cultura pelo investimento da Câmara de Abrantes na reabilitação e valorização do Património arquitetónico, colocando-o ao serviço da cultura e da fruição dos seus equipamentos culturais”.
Mas quem assume o cargo de direção do Museu?
A propósito do MIAA, a questão sobre qual a equipa e quem assumirá a direção do museu voltou a reunião de executivo. O vereador do Bloco de Esquerda quis também saber qual o esforço financeiro que estará no próximo Orçamento Geral do Estado para o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes.

Armindo Silveira disse que o BE “gostava de ter uma visão mais próxima sobre o funcionamento dos equipamentos”. E voltou a perguntar, “pela quarta vez”, sobre a direção do MIAA e a equipa que a acompanha manifestando-se “descontente” com “não resposta” do presidente da Câmara.
ÁUDIO: VEREADOR ARMINDO SILVEIRA, BE:
Em resposta, Manuel Jorge Valamatos (PS) disse já ter respondido anteriormente à questão do eleito pelo Bloco de Esquerda referindo que Armindo Silveira não esteve suficientemente atento. Sobre a direção do MIAA lembrou que o Município de Abrantes tem um chefe de divisão da área da Cultura e Turismo e a responsabilidade da direção do museu será assumida pelos técnicos do município.
“É a confiança que temos de dar aos nossos chefes de divisão e às nossas equipas”, disse o presidente da Câmara. Recorda-se que, em 2019, Anabela Diogo foi nomeada para cargo de chefe da Divisão da Cultura e do Turismo do Município de Abrantes.
ÁUDIO: PRESIDENTE MANUEL JORGE VALAMATOS:
Divisão da Cultura e Turismo
Missão
a) Coordenar e promover as ofertas culturais e turísticas;
b) Desenvolver a política municipal para a valorização do património histórico e cultural, material e imaterial.
À Divisão da Cultura e Turismo, sob a direção de um/a chefe de divisão, no âmbito das suas áreas de intervenção, compete:
1) No Serviço da Cultura:
a) Desenvolver estudos, planos e projetos que visem o reforço da competitividade local e da coesão social;
b) Difundir a cultura nas suas variadas manifestações, de acordo com programas específicos e integrados para o reforço da promoção turística;
c) Valorizar os espaços e equipamentos disponíveis e a participação em redes supramunicipais e noutros projetos de parceria nacionais e internacionais;
d) Dinamizar os equipamentos culturais municipais, tendo em vista a sua rentabilização e a capitalização dos investimentos, através da captação de eventos culturais de caráter regional, nacional e internacional;
e) Consolidar os programas de itinerância cultural pelas freguesias;
f) Colaborar com outros serviços municipais no desenvolvimento de programas especiais e integrados de dinamização da prática cultural junto de grupos populacionais específicos;
g) Continuar a desenvolver os serviços educativos municipais, em estreita articulação com as demais Unidades Orgânicas;
h) Colaborar na organização das Férias Jovens;
i) Coordenar a gestão das instalações culturais municipais, em estreita articulação com a Divisão da Logística no que à sua manutenção respeita;
j) Programar projetos culturais nos diferentes domínios de intervenção performativa, artística, educativa e formativa em colaboração com os vários serviços da autarquia;
No Serviço dos Museus:
a) Instalar e dinamizar a Rede de Museus de Abrantes, em estreita articulação com as Juntas de Freguesias e com as associações culturais;
b) Coordenar os trabalhos de inventariação, conservação e restauro e divulgação das coleções dos Museus Municipais;
c) Ampliar as coleções dos Museus, de acordo com a política de incorporações definida e os programas museológicos respetivos, protegendo especialmente bens em risco;
d) Apoiar a criação de núcleos museológicos públicos e privados na área do Município, ajudando a promover e difundir as boas práticas em museologia e preservação patrimonial;
e) Estabelecer parcerias com instituições municipais, nacionais e internacionais que visem idênticos objetivos, incluindo a certificação e a credenciação dos espaços;
f) Diversificar os públicos dos Museus.
A requalificação do Convento de S. Domingos para instalação do MIAA arrancou em janeiro de 2017. O contrato de empreitada da primeira fase da obra é de 3,1 milhões de euros e foi assinado no dia 25 de agosto de 2016 com a empresa Teixeira, Pinto & Soares, SA.

O contrato tem por objeto a recuperação, remodelação e ampliação do Convento de S. Domingos para a instalação do MIAA, um equipamento que ocupa todos os espaços disponíveis atuais do antigo convento para áreas de exposições, permanentes e temporárias, onde ficará parte da coleção de arqueologia e arte municipal, o espólio de pintura contemporânea da pintora Maria Lucília Moita e a coleção arqueológica Estrada, propriedade da Fundação Ernesto Lourenço Estrada, Filhos.
São cerca de cinco mil as peças que integram as coleções da Fundação Estrada de ourivesaria ibérica, armaria e arte sacra dos séculos XVI a XVIII, além de coleções de numismática, arquitetura romana, medieval e moderna, relógios de várias épocas e uma exposição de arqueologia e história local.
A obra desenvolveu-se em 2 pisos, sendo intervencionada uma área bruta de construção correspondente a 3.280 m2. No edifício que prolonga a ala norte do convento, e que se desenvolve num piso, foi intervencionada uma área bruta de construção correspondente a 256 m2, e que serve também para instalar os serviços indispensáveis ao funcionamento do Museu e Centro de investigação associado, da receção ao serviço educativo, uma área de armazém e diversas áreas técnicas.
O novo Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, tem o projeto de arquitetura das instalações pelo Arquiteto Carrilho da Graça e o projeto museográfico pelo Professor Fernando António Batista Pereira.

A obra é apoiada em 85% com verbas dos fundos comunitários do Portugal 2020, no âmbito do PEDUA – Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Abrantes para a Regeneração Urbana.