Os órgãos sociais do Centro Social do Pessoal do Município de Abrantes para o próximo quadriénio 2021-2024 tomaram posse na quarta-feira, dia 6 de janeiro, na sede da IPSS, em Abrantes. Júlia Augusto preside aos atuais órgãos, eleitos em Assembleia Geral no dia 17 de dezembro de 2020, tendo destacado a aposta na “qualidade dos serviços” e na “proximidade”.
Júlia Augusto volta a assumir a presidência da direção para o segundo mandato consecutivo, havendo limitação de três mandatos. A dirigente interveio após a tomada de posse, elencando as prioridades para os próximos quatro anos, salientando a importância do voluntariado e lembrando que o CSPMA conta com 54 anos de existência e de atividade ininterrupta. Neste momento o Centro contabiliza 522 associados sendo o número de 462 há quatro anos.
“Ao longo destes anos os funcionários da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados dispuseram do seu tempo e colocaram-no ao serviço desta instituição permitindo que o Centro Social crescesse. É um trabalho pro bono, somos voluntários profissionais. Queremos manter os serviços instituídos em 2017, aquando do primeiro mandato e manter a sua qualidade. Queremos também aumentar os benefícios aos associados, quer seja através de novos serviços ou a extensão dos já existentes”, salientou Júlia Augusto após a tomada de posse.
A presidente da direção deu também conta do CSPMA ter sido escolhido para integrar um projeto da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Bissaya Barreto “com outras associações da zona Centro para a capacitação da gestão do voluntariado”. O programa arrancou há três meses, com uma duração de seis (termina em março de 2021), com sessões de consultoria e formação que culmina com a elaboração de um manual que será de referência para o Centro Social.

De acordo com o programa Cidadãos Ativos, onde está integrado este projeto, “existe uma fórmula para calcular o valor do trabalho voluntário. Foram despendidas uma média de 50 mil horas de trabalho voluntário nestes últimos quatro anos apenas pela direção”, destacou Júlia Augusto, acrescentando que reverteu para o CSPMA “trabalho no valor de 240 mil euros, ou seja, 60 mil euros por ano, apenas pelo trabalho da direção. Não somos remunerados mas acrescentamos valor à instituição”, sublinhou.
Entre os serviços, além do refeitório onde são servidos os almoços “num crescimento de 12 para uma média de 40 refeições por dia, havendo dias em que servimos 60”, disse Júlia, disponibilizam ainda serviço de entrega de refeições a locais de trabalho distantes do centro da cidade como a Cidade Desportiva, Estaleiros Municipais, no Arquivo Municipal ou nos Serviços Municipalizados. Para essa distribuição de refeições o Centro adquiriu uma carrinha.
“Aumentámos o nível de qualidade das refeições” muito por causa de opção por “administração direta” contratando uma cozinheira e abdicando do serviço de empresas de entrega de refeições. Criaram aulas de ioga, massagens, terapias holísticas, promoveram aulas de culinária, de costura, caminhadas em parcerias com o COA “e não queremos ficar por aqui”, assegurou a presidente.
Recentemente o Centro criou o serviço ajuda covid-19 levando refeições a casa dos associados “que estejam de quarentena, isolamento profilático ou baixa médica por infeção” de SARS-CoV-2, explicou.
Esta ideia surgiu depois de aparecer um caso “de um colega que vinha almoçar connosco todos os dias. Essa pessoa não tinha ninguém que pudesse ajudar porque os amigos estavam em isolamento profilático porque tinham estado com ele, os pais são idosos e não tinha ninguém. A partir daqui nasceu o serviço de ajuda covid-19. Entretanto já recebemos mais dois pedidos. Ainda não conseguimos fins-de-semana… mas também não precisámos de muitos dias seguidos. Se isso acontecer encontraremos uma solução porque estamos cá para ajudar os nossos”, assegura.

Disponibilizam ainda “momentos de lazer”, como a viagem aos Açores que decorreu no verão de 2019, na qual “foram reforçados os laços, a união, a camaradagem” entre os trabalhadores do Município e da qual nasceu o slogan “Somos Centro, Somos Família” significando que “a família do Centro Social pretende ajudar a família dos nossos associados”.
Ao mediotejo.net Júlia Augusto conta que, no primeiro mandato, em 2017, a direção encontrou “um grande problema com a creche, com apenas 40% da capacidade ocupada, embora houvesse muita dificuldade de colocar crianças [em instituições semelhantes] em Abrantes. Não percebíamos porque não vinham para o Centro. As direções anteriores, durante muitos anos, tentaram captar interesse mas não foi possível. No ponto insustentável tivemos de terminar a creche”.
Esta situação foi, segundo Júlia, o maior desafio que a direção enfrentou porque o fim implicou um despedimento coletivo de seis pessoas (eram 7 mas uma foi integrada) contando o CSPMA atualmente com quatro trabalhadores: uma cozinheira, uma auxiliar e dois trabalhadores administrativos. O maior desafio porque “conseguimos, apesar do pagamento das indemnizações, não colocar em causa a saúde financeira do Centro”, diz.
Não sendo uma novata no associativismo – há mais de 20 anos que exerce trabalho voluntário iniciado na romaria da Srª da Luz em Abrançalha de Cima, a festa mais antiga do concelho – Júlia Augusto abraçou esta causa “por gosto por aquele frenesim do antes e do depois” dos eventos.
Em 2002 entrou para a Câmara Municipal de Abrantes, fez-se associada do Centro Social, começou por integrar a Assembleia Geral e “com o passar dos anos permaneceu aquele bichinho do associativismo”.
Em 2016 chegou-se a um impasse porque a direção não podia continuar por causa da limitação de mandatos. “Não apareciam listas e pensei que o Centro Social fosse acabar. Até foi criada uma comissão instaladora”, relata. Antes de avançar Júlia pensou muito. “Não sabia se conseguia, não é propriamente uma associação de bairro, mas consegui montar uma equipa com 13 pessoas e com muito trabalho e muita dedicação, conseguimos”. A equipa mantém-se praticamente a mesma, tendo saído quatro elementos.
Júlia Augusto manifestou ser vontade da direção “manter a proximidade” com os associados, abrir espaços de debate e de opinião e “estreitar a proximidade” que a instituição “sempre teve” com a Câmara Municipal e com os Serviços Municipalizados de Abrantes.

Presente na tomada de posse, além da vereadora Celeste Simão, esteve o presidente da Câmara Municipal, Manuel Jorge Valamatos, que considerou desempenhar o Centro um papel “importantíssimo para as nossas pessoas”. Classificou-o como “uma coletividade, um espaço de coordenação de atividades e de convívio” para os trabalhadores do Município. Recordou que trabalhou para o Centro Social e deixou garantias de apoio quer “na sua dinâmica” como “na sua existência”.
O CSPMA tem a sua sede junto ao castelo de Abrantes, num edifício cedido pela Câmara Municipal, onde funciona o refeitório, salas para o ioga e para as terapias e ainda um espaço para festas de aniversário.
Os associados efetivos são trabalhadores do quadro da Câmara Municipal de Abrantes e dos Serviços Municipalizados, beneficiando além dos serviços também de apoios sociais, nomeadamente em consultas médicas, subsidio escolar, bolsa para o ensino superior. Trabalhadores com contrato a termo ou um colaborador a recibos verdes pode ser associado auxiliar que apenas beneficia dos serviços, pagando uma quota mensal.

Composição das listas para eleição dos corpos gerentes 2021/2024:
Assembleia Geral
Presidente: Catarina Santos
1º Secretario: Luís Cardoso
2º Secretario: Sandra Santos
Direção
Presidente: Júlia Augusto
Vice-Presidente: Carlos Mascate
Secretário: Manuela Marques
Tesoureiro: Matilde Jesus
Vogal da função administrativa e financeira: Luís Salgueiro
Vogal da função educativa e social:
Maria do Céu Martins
Vogal da função cultural, recreativa e desportiva:
Francisco Alexandre
Conselho Fiscal
Presidente: Paulo Domingos
Secretario: Luís Pires
Vogal: Fátima Areias