Conferência 'Meet the Creators!' 180 Active Camp 2018, no qARTel, em Abrantes

Mais de cem participantes de 15 países vão passar a semana a conhecer Abrantes e a intervir nas áreas do design, arquitetura, música, vídeo, fotografia, ilustração ou instalação: está aí o Creative Camp, organizado pelo Canal180.

Esta segunda-feira, 2 de julho, os artistas Jordy van den Nieuwendijk, The Royal Studio, Jack Turits e George Muncey juntaram-se na conferência ‘Meet the Creators!’, na galeria quARTel, em Abrantes, revelando que a edição deste ano do 180 Creative Camp volta a oferecer formação, partilha e convívio entre participantes nos diversos momentos que integram os programas ‘Academia’, ‘Fábrica’ e ‘Festival’.

Desde 2012, (há cinco anos em Abrantes, depois de uma primeira edição em Vila Nova de Cerveira e outra em Itália), que o Canal180, o primeiro canal open source português focado na cultura, artes e criatividade, recebe participantes e artistas de todo o mundo para desenvolverem projetos na cidade, junto da comunidade abrantina, dos estudantes e dos parceiros.

O objetivo passa pela aprendizagem, troca de ideias, evolução enquanto criativos e diversão. As palavras são de Luís Fernandes, do Canal180 – uma nova plataforma para uma nova geração de criadores, a entidade que em parceria com o Município de Abrantes promove o Creative Camp.

Conferência ‘Meet the Creators!’ 180 Active Camp 2018, no qARTel, em Abrantes

“O evento permite atrair talento, descobrir talento e desenvolver um conjunto de projetos com pessoas de todo o mundo”, diz ao mediotejo.net Luís Fernandes.

Esta edição conta com participantes de 15 países (bilhetes esgotados), o que leva Luís Fernandes a afirmar ser “talvez o único momento do ano que Abrantes tem uma tão grande heterogeneidade de pessoas em visita”.

Esta afluência ao evento “é importante” para o Canal180, por conseguir “reunir no mesmo espaço, ao mesmo tempo, uma comunidade que se conhece online mas que está em Abrantes offline durante uma semana”, para “aprendizagem mútua” e “para desenvolver projetos interessantes”.

Um evento “zero competitividade”, com a organização a acreditar “nas colaborações”, lembrando que o ‘tagline’ é “uma semana de colaborações criativas nas artes de media”. Luís Fernandes salienta a existência atualmente de linhas “cada vez mais ténues” no mundo artístico de design, arquitetura ou mesmo do vídeo, querendo “explorar as oportunidades” que possam sair do Creative Camp.

Muitos dos jovens estudantes e profissionais da arte “visitam Portugal pela primeira vez, outros visitam a Europa pela primeira vez e vêm a Abrantes passar uma semana numa academia de verão, num festival, numa fábrica para aprender e desenvolver projetos”.

Conferência ‘Meet the Creators!’ 180 Active Camp 2018, no qARTel, em Abrantes. Luís Fernandes do canal 180

Os participantes inscreveram-se online, adquiriram um bilhete por 300 euros com acesso “tudo incluído” (da alimentação ao alojamento), tendo ao dispor uma série de workshops e conferências na categoria ‘Academia’. Os artistas convidados vão desenvolver projetos locais através de intervenções no espaço público em contexto ‘Fábrica’.

“Chamamos fábrica e não laboratório porque pressupõe uma entrega. É envolver um conjunto de pessoas que só vem para os projetos de interação com a comunidade, intervenção e valorização do território” que é Abrantes, explica, adiantando a escolha: “Quisemos trazer as pessoas quase para um retiro, no interior do País, para uma diferente realidade. Muitos participantes, se não fosse no campo, nem sequer conheciam este contexto”.

E como o 180 Creative Camp não é só trabalho, também haverá tempo para concertos, festas, exposições e atividades abertas ao público, durante o festival. “Não pode ser só para os participantes, nem para os locais, têm de ser para toda a gente que queira visitar Abrantes nesta semana, com uma dinâmica muito própria e especial”.

Os criativos convidados deste ano para a ‘Academia’ são o ilustrador, pintor e professor de desenho Jordy Van Den Nieuwendijk, o atelier de designers gráficos The Royal Studio, o realizador Jack Turits, o fotógrafo e criador do projeto Negative Feedback George Muncey e o artista visual e fotógrafo Devin Blaskovich.

Conferência ‘Meet the Creators!’ 180 Active Camp 2018, no qARTel, em Abrantes

Outros nomes surgem associados à ‘Fábrica’, focado em workshops, conferências e desenvolvimento de projetos. É o caso da blogger e editora Elise by Olsen, que apresenta o documentário “Youth Mode”, Lucy Bourton da rede editorial “It’s Nice That”, que fala sobre online & offline publishing e os directores e curadores de oito festivais europeus (Elevate, Insomnia, Nuits Sonores, Resonate, Reworks, Sónar and TodaysArt) associados ao projeto “We are Europe – Today’s ideas for tomorrow’s culture”.

A escolha dos artistas para a ‘Academia’ passa pela rede do Canal180. Reforçando a ideia de “linha cada vez mais ténue entre as diferentes áreas” a organização trabalha para levar ao evento “uma abrangência e igualdade de género”. Todos os artistas “têm menos de 35 anos”, salientando-se o “foco na juventude” e na tentativa de a compreender.

A proposta de Jordy Van Den Nieuwendijk intitula-se ‘Micronação’. Os participantes terão de colaborar entre si, para criar a sua própria micronação (estado independente) em apenas um dia. O workshop inclui a elaboração de um manifesto por escrito, roupas, transportes, habitações, passaportes, cartões de cidadão, dinheiro e selos. No final, a nação terá um nome e hasteará a sua bandeira, num dia de criação efémera.

Conferência ‘Meet the Creators!’ 180 Active Camp 2018, no qARTel, em Abrantes. Jordy Van Den Nieuwendijk.

Jack Turits traz o workshop ‘Rearview’ e convida o participante a terminar uma história proposta. Todos farão parte da sua equipa de filmagem por um dia: desde o brainstorming, à representação, à filmagem e ao som. O mesmo guião resultará em quatro curtas distintas.

‘Here but not Here’ é a proposta de The Royal Studio. Neste workshop o participante explora a identidade numa “zona de guerra” gráfica, jogando com os conceitos, a experiência, os media, o tempo, a utilização, as ferramentas, a flexibilidade, o espaço físico e o impacto visual. Duas equipas irão desenhar/conceber sentimentos de deslocalização, criando em conjunto uma nova realidade no mesmo espaço de trabalho.

E ainda a ‘Fotografia Analógica’ de The Negative Feedback, cujo workshop focar-se-á na composição e na conexão entre pessoas através da fotografia. Para os retratos serão usadas polaroids, eliminando-se qualquer distração, e criando-se, assim, relações com os temas. O tempo será passado maioritariamente em grupo e as polaroids, fotografias dos telemóveis e máquinas dos participantes, serão reveladas no final, em conjunto.

O Creative Camp deixa todos os anos uma marca permanente na cidade e em 2018 não será diferente. Para tal a organização convidou os arquitetos ‘Fala Atelier’ e os ‘Husum&Lindholm’ para elaborarem projetos na ‘Fábrica’.

Entre a produção encontra-se o “Growroom”, desenvolvido em conjunto pelos arquitetos, e o SPACE10 – laboratório de pesquisa e espaço expositivo criado pelo IKEA em Copenhaga (Dinamarca), focado na sustentabilidade – e que envolve a comunidade local.

Tratam-se de “estruturas na lógica da cidade florida, para aguentarem plantas e vegetação em locais estratégicos”. Uma dessas estruturas surgirá nos Quinchosos e outra no Largo Ator Taborda, perto da Universidade Sénior, obrigando a população a trabalhar os temas da ecologia, do cultivo urbano e também da cidade florida que é Abrantes.

Quanto aos concertos, ao longo da semana irão ouvir-se os sons de Galgo, Mathilda, David Bruno, Fugly, Luís Severo, Academia de Músicos de Abrantes, Solar Corona, Antónia Folguera, Juanita x Flares, Sequin e Dj Firmeza.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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