Já está a funcionar nas instalações da Junta de Freguesia do Pego um balcão do IEFP destinado aos trabalhadores que perderam o emprego em consequência do encerramento da Central Termoelétrica do Pego. No âmbito do concurso público para reconversão da central a carvão, existem já cerca de 16 projetos candidatos, avançou ainda o presidente da Câmara Municipal de Abrantes.
“Esse gabinete abriu hoje, resulta de uma reunião que fiz com o senhor ministro do Ambiente e com a senhora ministra da Coesão Territorial, onde um dos assuntos centrais desta problemática são as pessoas, os trabalhadores”, referiu ao mediotejo.net o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos.
Numa iniciativa conjunta com o Governo, em particular com o IEFP de Abrantes, é disponibilizado nas instalações da Junta de Freguesia do Pego (nos dias úteis, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h00) um “gabinete específico que apoie e acompanhe todas estas pessoas ao longo deste processo em que ficam desempregados, por forma ou à requalificação das pessoas ou à integração das pessoas em outras empresas”, conforme explana o autarca abrantino ao nosso jornal.
ÁUDIO | Autarca abrantino fala sobre gabinete para desempregados
Recorde-se que esta segunda-feira, à agência Lusa, a Câmara Municipal de Abrantes alertou já para a necessidade de se protegerem as pessoas, os funcionários e a economia da região com o fecho da central a carvão do Pego. Também o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse recentemente à RTP 3 que o Governo está a “cuidar” dos trabalhadores e dos projetos alternativos que se perspetivam para este ponto de ligação à rede elétrica. No total, entre diretos e indiretos, a central a carvão emprega cerca de 150 pessoas.
Por falar em projetos, são já cerca de 16 as propostas apresentadas no âmbito do concurso público que está a decorrer até ao próximo mês de janeiro para a reconversão da central a carvão. Em reunião de Câmara Municipal, esta terça-feira, o presidente do Município deu conta de que já teve reuniões com o Governo, nas quais lhe foram apresentados “alguns dos investimentos para Abrantes”.

“Estou confiante de que sejam investimentos capazes de mitigar aquilo que é a perda do funcionamento a carvão. Tenho muita esperança de que os projetos que já me foram apresentados possam alavancar a nossa atividade económica ao ponto de podermos entender o encerramento da central como um processo natural”, disse Manuel Jorge Valamatos ao mediotejo.net.
ÁUDIO | Presidente da CM Abrantes mostra-se esperançoso quanto aos projetos de reconversão da Central do Pego
Refira-se que José Grácio, presidente executivo da TrustEnergy, a principal acionista da Tejo Energia, admitiu também hoje não ter desistido do projeto de reconversão apresentado ao Governo para a central do Pego, sublinhando ter contratado uma empresa especializada para dar apoio na procura de novos postos de trabalho para os cerca de 150 trabalhadores afetados.
Encerramento da central a carvão deixa “ferida forte no concelho”
Além dos trabalhadores, também a economia local e regional é outras das principais preocupações da autarquia abrantina.
Questionado pelos jornalistas sobre o futuro que se perspetiva para os negócios adjacentes à central do Pego, nomeadamente, em termos de restauração, o presidente da Câmara de Abrantes admite que haverá um conjunto de atividades que vão “ver a sua dinâmica perder algum fulgor”.
“Esperemos que o senhor ministro do Ambiente e a senhora ministra da Coesão Territorial possam apresentar um caderno de encargos que tem muito a ver com o Fundo de Transição Justa (…) e estamos à espera da apresentação em breve”, disse o edil.
“O encerramento da Central do Pego é inequívoco que deixa uma ferida forte no nosso concelho. (…) O que queremos é que possamos ter novas empresas no nosso concelho que possam mitigar aquilo que é o impacto do encerramento da central a carvão”, acrescentou ainda Manuel Jorge Valamatos.
Questionado sobre o impacto que este encerramento vai ter também nos cofres da autarquia abrantina, nomeadamente com a redução de receitas de Derrama, o autarca lembra que “uma das condições no caderno de encargos que definimos como obrigatória é que a empresa que venha a ter relação direta com este ponto de injeção tão importante é que tenha sede social em Abrantes”.
ÁUDIO | Manuel Jorge Valamatos fala sobre “ferida forte” do encerramento da central na economia do concelho
“Há um processo neste momento a decorrer da reconversão da Central. Sabemos da entrada de algumas candidaturas [cerca de 16] e desejamos que a candidatura que seja vencedora traga animação económica e que pague os seus impostos em Abrantes”, concluiu.
Questionado em reunião do executivo camarário pelo vereador Vasco Damas (ALTERNATIVAcom) acerca dos 45 milhões anunciados pelo Governo para a região, o presidente do Município de Abrantes deixa claro que “tudo aquilo que for possível podermos captar para a nossa região, iremos fazer” e que “não ficamos satisfeitos” com a divisão desses montantes do Fundo de Transição Justa com outras regiões (neste caso, englobadas pela CCDR Centro).
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