Os trabalhadores da fábrica Silicália, no Pego, Abrantes, cumprem hoje o segundo e último dia de greve tendo registado uma adesão superior a 90%, segundos números do Sindicato. A paralisação de dois dias visa obter da empresa, de capitais espanhóis, um compromisso de melhoria salarial e outras regalias sociais. Entretanto, a administração marcou uma reunião para a próxima semana e os trabalhadores dizem estar confiantes.
Os 140 trabalhadores da Silicália Portugal – Indústria e Comércio de Aglomerados de Pedra, S.A., instalada junto à central termoelétrica do Pego, em Abrantes, reivindicam um aumento salarial de 150 euros, atribuição de seguro para todos os trabalhadores e o aumento do atual subsídio de refeição de seis euros para 7,60 euros.
António Amaro Costa, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores, Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCSCGTP-IN), disse hoje ao mediotejo.net que a expressiva adesão é reflexo da insatisfação dos trabalhadores, tendo paralisado nesta ação reivindicativa 3 das 4 linhas de produção [de aglomerados de pedra].
Há uma reunião pedida pelos trabalhadores e já marcada pela administração para dia 23 de março, avançou. “Estamos confiantes que vão atender às nossas reivindicações”, afirmou o dirigente sindical, não descartando novas ações de luta.
ÁUDIO | ANTÓNIO AMARO COSTA, DIRIGENTE SINDICAL:
“Esta greve consiste em que a empresa perceba que os trabalhadores da Silicália merecem respeito e que sem estes trabalhadores também não andará para a frente”, afirmou na terça-feira António Costa.
Os trabalhadores reivindicam uma “efetiva negociação salarial e melhoria das condições de trabalho”, com um “aumento salarial digno e um aumento do valor do subsídio de alimentação”, além da “reposição dos subsídios de turno indevidamente retirados, seguro de saúde para todos e eliminação dos fatores de risco que originam as doenças profissionais”, explicou.
Ainda segundo António Costa, com a greve os trabalhadores querem alcançar o que “é justo e necessário” para todos os funcionários, já que a administração da empresa ouve as reivindicações, mas “a resposta é sempre não e que não há condições” para um acordo.
“Acho que havia todas as condições da Silicália poder negociar, não digo a todas as matérias, mas a grande parte delas. A empresa recebe-nos, responde, mas a resposta é sempre não e que não há condições. E, ao longo dos anos, tem sido isto”, criticou, recordando que os trabalhadores já fizeram um dia de greve, em 09 de fevereiro, pelos mesmos motivos.
De modo a “demonstrar a sua indignação” e para “dar força à reivindicação”, os trabalhadores da Silicália encetaram um período de protesto entre as 22:00 de segunda-feira e as 24:00 de terça-feira. Na quarta-feira, os trabalhadores iniciaram nova greve às 22:00, que se irá prolongar até às 24:00 de hoje, quinta-feira.
A Lusa tentou contactar a empresa na terça-feira, dia do início da greve, sem sucesso.
C/LUSA