Foi com o tema ‘Regresso ao passado’ que Rui Reininho e os GNR abriram as hostilidades em Abrantes, um concerto memorável que desfiou temas ícones da sua vasta carreira e que enterrou certos fantasmas de um velho concerto no castelo que não chegou ao fim. Este ano, Reininho apalpou o terreno numa Praça Barão da Batalha a abarrotar e, sentindo-se em casa, partiu para um concerto de grande nível e a quem tudo foi perdoado, mesmo a hora de atraso no arranque do espetáculo.

Dialogou com os abrantinos à moda do norte, desfiou clássicos como Dunas, Efetivamente e Video Maria, foi buscar um menos popular Las Vagas, saudou o Tramagal – “Gosto do Tramagal, que querem” – e arrancou fortes aplausos quando lembrou os bombeiros que combatiam o incêndio do outro lado do rio em São Miguel do Rio Torto. Depois ainda houve disponibilidade para dois encores e para os aplausos reconciliadores de quem tinha saciado a sede de GNR na noite última de uma Abrantes em festa.

A noite de festa espalhou-se  por todo o centro histórico de Abrantes, com concertos em várias praças, como o dos Hyubris que encheu a Raimundo Soares e dj’s na Praça do castelo.

Seria a última noite de concertos nas festas de Abrantes. O dia amanheceu com a trágica notícia de dezenas de vítimas no incêndio de Pedrógão e a Câmara Municipal decidiu cancelar os concertos da última noite, em nome da solidariedade e respeito pela memória das vítimas e seus familiares.

O músico David Antunes, que fecharia hoje as festas de Abrantes 2017, emitiu um comunicado sobre o cancelamento do espetáculo: “Devido aos acontecimentos que assolaram o nosso país, e em conversa com a Srª Presidente da Câmara Municipal, decidimos adiar o concerto agendado para esta noite em Abrantes. Existe um tempo para tudo, e hoje é tempo para estarmos juntos e solidários com as famílias afetadas por este trágico incêndio. A data do concerto será informada em breve. Gratos pela vossa compreensão. David Antunes

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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