Tomaram posse os órgãos sociais da recém-constituída Federação de Associações de Pais das Regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo (FAPOESTEJO) no sábado, em Abrantes. A cerimónia contou com a presença da secretária de Estado da Educação, Susana Amador, que disse estar presente para “testemunhar e reconhecer” o novo projeto de dinâmica parental. A governante deixou ainda alguns compromissos nomeadamente quanto à modernização do parque escolar que inclui o parque informático.
Nasceu a Federação de Associações de Pais das Regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo (FAPOESTEJO), unindo associação de pais de “três regiões completamente distintas”, disse Rui Pedro Pires, presidente da Comissão Executiva, ao mediotejo.net, no sábado, após a tomada de posse dos órgãos sociais da Federação.
Surgindo da ideia de um grupo de Associações de Pais que estão organizadas entre si, e realizam ações conjuntas desde 2016, “o grupo tem crescido de forma consistente”, com a realização de Encontros Regionais para as Associações de Pais e para os Encarregados de Educação, “sempre focados na defesa do superior interesse das crianças e jovens”.
“Temos um projeto que este ano vai acontecer em Santarém que é o Encontro Regional de Associações de Pais, nasceu no Oeste e como conhecia essas pessoas fui trazendo para dentro do grupo que é neste momento WhatsApp. Atravessa todo o território em tempo real, temos 117 pessoas, mais de 80 associações de pais dentro daquele grupo e no ano passado já trabalhámos com 43 associações de pais no encontro regional, o que é muito bom”, considera Rui Pedro Pires, dando ênfase ao “trabalho proativo”.
O dirigente associativo reconhece a diferença das três regiões: “o Oeste tem características muito idênticas à Lezíria Tejo mas o Médio Tejo já tem características muito idênticas à zona de Lisboa, ou seja, fazem e promovem as AEC (Atividades Extra Curriculares) promovem as atividades para as crianças. No fundo, não é o carácter de uma associação de pais que deve estar concentrada em promover e trabalhar com as escolas. O outro trabalho deveria pertencer às autarquias para nos libertar, para trabalharmos de outra forma como criar ações formativas”.

A FAPOESTEJO é a mais nova e a maior Federação de Associações de Pais do País, onde tem à sua responsabilidade a representação de três regiões, o Oeste, a Lezíria do Tejo, e o Médio Tejo, com uma área total de 9044 quilómetros quadrados, onde reside 105 da população nacional, conta com cerca de 128500 Alunos, de 876 Escolas, de 36 municípios.
Pretende a Federação, com “união, de partilha de ideias, e opiniões diversas” ajudar a crescer o Movimento Associativo Parental (MAP), onde em conjunto com as Escolas, as Associações de Pais, e os Encarregados de Educação, “irão apresentar soluções conjuntas, e desenvolver projetos de desenvolvimento de capacitação parental, focando no objetivo da melhoria contínua da educação”.
Rui Pedro Pires considera que o grande desafio passa por “congregar tudo de forma a que se consiga projetar uma linha de uma associação de pais e mostrar as suas mais-valias e as boas práticas”.
O presidente da Federação, membro da associação de pais de Carregado, frisa que a FAPOESTEJO desempenha um papel de “elo de ligação” entre as três regiões. “Estão próximas mas ao mesmo tempo não estão. Teremos um papel fundamental neste trabalho quer com os municípios quer com as Comunidade Intermunicipais”.
E os órgãos sociais da FAPOESTEJO são constituídos por elementos de Alenquer, Santarém, Abrantes, Rio Maior, Almeirim, Alcanena, Torres Vedras, Sertã, Alpiarça, Nazaré, Arruda dos Vinhos, Chamusca e Tomar.

Quanto ao seu papel no associativismo, Rui caracteriza-se como “desafiador”, um pai que gosta “de questionar as direções, perguntar e apresentar soluções”. Isto porque considera que as associações de pais devem ajudar a “fazer melhor e tornar a escola mais atrativa para os alunos” diz, dando como exemplo uma ação de pintura de salas de aula levada a cabo pelos pais.
Sublinha também o plano anual de atividades dos pais que entra dentro do plano de atividades do agrupamento “quer dizer que as nossas atividades são uma mais-valia para o próprio agrupamento” como por exemplo o rastreio visual, rastreando crianças dos 5 as 15 anos “totalmente gratuito” contando com um parceiro, dá conta.
Salienta que “as boas práticas e as necessidades comuns são debatidas e apresentadas diariamente numa plataforma digital comum; é com este dinamismo de uma participação próxima, ativa e proactiva, que estas sinergias que tanto caracterizam o MAP, irá ajudar a todos a crescer e a florescer”.
Enquanto pais e encarregados de educação ativos, participativos e interventivos, é convicção da Federação que “na base da concretização desse objetivo está uma eficaz articulação entre os diversos agentes educativos, designadamente as entidades externas à comunidade escolar, a escola enquanto instituição de referência na prestação do serviço público de educação, e a família enquanto instituição basilar da nossa sociedade e primeira interveniente na educação e formação da criança, sendo uma preocupação pelo futuro e os seus novos desafios que se aproximam a passos largos”.
Seguindo o lema “Juntos Seremos Mais Escola!”, diz defender “uma Escola que seja levada no coração pelos seus alunos e professores, que quem por lá passar, ainda sinta “um enorme orgulho e reconhecimento. Desejamos uma Escola onde os seus alunos diariamente, de forma ativa vivam a Cultura e a Educação” acrescenta.
Contudo, na Educação não há facilidades. Rui Pedro Pires, também membro da Confederação Nacional das Associações de Pais, defende por isso “o tempo”, reconhecendo que as crianças passam demasiados horas na escola.
“A sociedade transformou-se. Hoje a criança está até às 18h00, 20h00… sei de casos que as crianças estão até às 23h00 em época de testes. É inaceitável! Há um grande problema de estrutura. Os pais trabalham durante muitas horas, até mesmo no movimento associativo não há liberdade para os pais participarem nas reuniões. As empresas não facilitam só temos direito a uma falta por cada trimestre que bate precisamente com a reunião da escola e apenas três horas”, indica.

O presidente da FAPOESTEJO dá conta que a CONFAP “defende que os dirigentes das associações de pais tenham um tempo” legalmente concedido para participar em ações.
Até porque, nota, “os pais demitiram-se totalmente da Educação” e “a escola começou a ter um papel preponderante de resolução de problemas sociais. A própria participação parental dentro das associações de pais ou para as reuniões das associações de pais é mínima. A maior concentração de pais dá-se no primeiro ciclo. No segundo e terceiro ciclo começa a desvanecer. É um grande problema, a criança vai crescendo e os pais vão-se demitindo. Não há esse apoio” que poderia fazer a diferente no Movimento Associativo Parental, defende.
Quanto ao futuro, começa agora e até junho de 2020 todos os meses já estão preenchidos. “A próxima ação vai ser a entrega dos selos da Escola Amiga da Criança que vai acontecer dia 8 de fevereiro em Alenquer, com a presença do secretário de Estado João Costa e de Eduardo Sá. São cerca de 43 escolas”.
A seguir a FAPOESTEJO promove “o Encontro Regional durante dois dias, a 17 e 18 de abril em Santarém. Depois uma ação de fiscalidade para ensinar as associações de pais a trabalhar de forma mais ativa. Acontece na Nazaré dia 24 de março e antes decorre um conselho geral em Almeirim. Temos também duas ações de formação para dirigentes”.

“A escola é o barómetro da sociedade”
Presente na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da Federação de Associações de Pais das Regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo, que decorreu no auditório da Escola Dr. Manuel Fernandes, a secretária de Estado da Educação, Susana Amador, lembrou que “a Educação é uma das maiores conquistas da democracia” e que “a escola é o barómetro da sociedade”.
Dando conta que a sua presença em Abrantes teve como principal objetivo o reconhecimento da FAPOESTEJO, a governante considerou que “esta nova associação de pais terá um peso muito importante na dinâmica parental” do País.
Para Susana Amador quanto maiores forem as ações de cidadania e a participação parental “mais força tem a escola pública”. E indicou que o governo tem nesta legislatura quatro agendas temáticas “importantes” sendo elas: as alterações climáticas; o desafio demográfico; a transição digital; e o combate às desigualdades sociais.
“Todas relacionadas com a escola. Estas quatro agendas convocam a escola pública e precisamos de sinergias de todos os atores” disse defendendo que “a escola pública é o motor para combater as desigualdades sociais” reconhecendo, quanto ao digital, que o parque informático não é do século XXI.
Por isso, considerou “central a modernização tecnológica” comprometendo-se com a “melhoria do parque informático” e dando conta que no Orçamento de Estado aprovado esta sexta-feira na generalidade está previsto o reforço do pré-escolar, a “expansão da rede e o aumento no número de vagas”.

As palavras da secretária de Estado foram também para os pais e para os empregadores falando numa necessidade de conciliação entre o emprego e a vida familiar, “um trabalho intersectorial, pais mais presentes, tempo para cada um de nós” vincando que a educação para a cidadania começa em casa.
Dizendo que neste Orçamento de Estado as prestações sociais aumentaram no valor de mil milhões de euros, para a escola ficou a promessa de reforço dos recursos humanos, a motivação da classe docente, o sucesso escolar, o elevar da escola pública e a promoção da autonomia do poder local.
A comunidade escolar pode contar com o Ministério da Educação “para a modernização do parque escolar”, assegurou Susana Amador. Deu conta de um investimento na região de 20 milhões e 500 mil euros em equipamentos. Adiantou ainda que estão previstos contratos locais de segurança escolar.
Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, sublinhou que “já ninguém pensa nas escolas sem o contributo das associações de pais. Precisamos delas para concretizar uma melhor escola”.
Centrou o seu discurso na transferência de competências que na área da Educação, em Abrantes, acontece já em setembro de 2020, nos dois agrupamentos de escolas. Hoje “a escola é diferente e temos de nos ajustar a isso. Não temos muito receio de agarrar a transferência de competências. A Constituição da República prevê e os municípios estão mais próximos para resolver os problemas. Contamos com todos!”, afirmou.

Alertas sobre uma classe docente envelhecida
Enquanto anfitrião, o diretor da Escola Dr. Manuel Fernandes, Alcino Hermínio, começou por dizer que a escola “vê nos pais um importante parceiro” para “trabalhar em benefício das crianças e dos jovens na construção de uma escola melhor. Não que esteja mal, mas para que seja melhor”, vincou.
Também o diretor lembrou a proximidade do processo de descentralização e não esqueceu o “envelhecimento da classe docente” bem como “da classe não docente”. E mencionou a questão do tempo interrogando se a sociedade quer que as crianças passem muitas horas na escola?
“A escola transbordou como diz o professor Antónia Nóvoa e não pára de transbordar em minha opinião” considerou Alcino Hermínio. “É neste contexto de várias mudanças que decorre a fundamental relação escola família enquanto desafio nunca vencido” disse o diretor reconhecendo que “a visão e as prioridades educativas não são as mesmas nem para todos os pais nem para todos os professores”.
Terminou com um dos lemas da Dr. Manuel Fernandes: “A escola somos nós. Nós os professores, pais, comunidade, autarquia, tudo para que também os alunos possam vivê-lo cada vez mais”.

Por último, embora tenha realizado o primeiro discurso da cerimónia, Susana Martins, presidente da Associação de Pais da Escola Dr. Manuel Fernandes, considerou que a FAPOESTEJO desempenhará um “papel importante na vida da escola” acreditando que será “uma mais-valia para a região e para o País”.
Susana Martins apelou ainda a uma “reflexão” uma vez que o movimento associativo parental “exige participação e envolvimento dos intervenientes” , considerando que a FAPOESTEJO “será um interveniente importante”.
A cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da FAPOESTEJO mereceu vários apontamentos musicais pelas mãos e instrumentos de alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes.
O programa seguiu uma Mesa Redonda com o título “Representações e Expectativas quanto ao seu papel na Construção de Escolas Transformadoras” e um painel composto por Jorge Ascenção, presidente da CONFAP; Rui Barreto, presidente da FNAEBS, e Associações de Estudantes e Associações de Pais Encarregados de Educação da região da FAPOESTEJO.
