Aeroporto (imagem ilustrativa). Créditos: Pixabay

João Antunes, estudante de Turismo, residente em Tramagal, regressa da Lituânia este sábado depois de um mês de espera e dois voos cancelados. Ele e outros 12 estudantes portugueses, em programa Erasmus, foram surpreendidos com o encerramento de fronteiras e do espaço aéreo no contexto da pandemia de covid-19. A viagem foi conseguida graças ao empenho da embaixada portuguesa na Dinamarca.

João Antunes, estudante de Turismo em Erasmus na Lituânia, está há um mês a tentar regressar a Portugal. Não está sozinho. Neste momento acompanham-no neste desejo de regressar a casa mais 12 estudantes portugueses. Depois de dois voos cancelados e de se sentirem “abandonados” pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros parece que é desta que a viagem acontece, graças ao empenho da embaixada portuguesa na Dinamarca, conta ao mediotejo.net o pai do estudante, Rui Antunes.

Os estudantes “quando veem que reclusos estão a ser transportados para as ilhas pela Força Aérea Portuguesa e eles, inseridos num programa oficial, ficam para trás, sentem-se abandonados” afirma Rui.

“Tem sido um desespero total” para a família revela por sua vez a mãe, Luísa Lobato, que agora só quer que o filho chegue apesar das despesas com voos, dois entretanto cancelados, já ultrapassaram os mil euros. Um problema financeiro para alguns dos estudantes portugueses que se encontram em programa Erasmus na Lituânia. Rui Antunes diz ter alertado a embaixada para esta dificuldade e avança que algumas universidades chegaram a pagar os bilhetes de avião para os alunos poderem regressar.

O voo da companhia aérea Lufthansa estava agendado para dia 20 de abril mas entretanto foi cancelado para preocupação de João Antunes, que se manifesta impaciente sem solução, e dos pais. Perante aquele cenário Rui Antunes voltou a contactar a Câmara Municipal de Abrantes e foi dessa articulação que resultou o contacto com a embaixada portuguesa em Copenhaga, na Dinamarca, uma vez que não há embaixada portuguesa na Lituânia.

“A secretaria de Estado das Comunidades ficou um bocadinho aquém no apoio prestado mas a embaixada na Dinamarca tem sido incansável” reconhece Rui.

Assim, a embaixada portuguesa na Dinamarca contactou a embaixada na Holanda e foi conseguido, após uma maior abertura do espaço aéreo da Lituânia, “um voo charter que irá buscar, a vários pontos, cidadãos europeus e também americanos. As autoridades da Lituânia já deram autorização para esse voo” revela Rui esperançado que desta vez o filho consiga regressar a casa.

Na mesma situação, provocada pelo novo coronavírus que encerrou desde fronteiras ao espaço aéreo, encontravam-se naquele país mais 17 estudantes portugueses. Atualmente são 12 que também regressam no mesmo voo. João Antunes está na cidade de Klaipéda e outros estudantes estão em Vilnius e outros ainda em Kaunas.

Espera João um longo itinerário. Esta sexta-feira saiu cedo de Klaipéda de comboio em direção a Vilnius, numa viagem de cerca de quatro horas, onde apanhará às 15h40 um voo para Amesterdão, com escala em Varsóvia “mas sem sair do avião”. Chegam a Amesterdão na Holanda onde “pernoitam no aeroporto”. Na manhã de sábado, pelas 09h00, parte o tão esperado voo com destino a Lisboa, cidade onde chegam às 10h55.

Inicialmente os estudante optaram por ficar na Lituânia “uma vez que Portugal estava com a epidemia a crescer, mas a própria universidade aconselhou os estudantes a regressarem ao país de origem e querem é vir embora”, refere Rui.

João Antunes chegou à Lituânia no dia 28 de janeiro de 2020 e iria ficar naquele país do báltico até 28 de junho. O pai conta que o filho, tal como os restantes portugueses, permaneceram na residência de estudantes após o encerramento da universidade.

“Inclusive estão a ter aulas online, o que não o impede de vir para Portugal. A partir do momento que lhes disseram que era melhor regressarem por causa do encerramento das fronteiras, o João ficou assustado, particularmente quando começaram a dar datas de voos só para 31 agosto”, indica Rui.

Entretanto Luísa Lobato telefonou para a Linha Saúde 24 através da qual recebeu orientações relativamente ao isolamento de João que ficará em quarentena, e outros procedimentos a serem cumpridos, nomeadamente sobre o manejo “de loiças e roupas e terá uma casa de banho só para ele”, conta a mãe.

A Linha Saúde 24 informou também que João, quando chegar a Portugal, não será submetido a um teste ao novo coronavírus porque segundo lhe foi explicado “se o João for infetado no sábado, o teste não acusa positivo, demora alguns dias até ser possível detetar a infeção”.

Na Lituânia a situação assemelha-se à portuguesa na questão das medidas de contenção, designadamente na quarentena, do confinamento social e do encerramento de institutos públicos e privados.

Mas “não é uma situação que acompanhemos muito porque não passam notícias daquele país na televisão”, nota o pai que finalmente vê uma luz ao fundo do túnel quanto ao regresso do filho, lá longe, numa Europa que atravessa uma crise pandémica.

Suspensão de voos de e para fora da UE prolongada até 17 de maio

Os voos com destino e a partir de Portugal para países fora da União Europeia vão continuar suspensos até 17 de maio, mas com algumas exceções, segundo um despacho do Governo hoje publicado em Diário da República.

Esta interdição, justificada pelo executivo com a necessidade de conter o surto do novo coronavírus, prolonga assim a suspensão de voos imposta desde 19 de março, dia em que foi decretado o estado de emergência.

Mas a interdição de voos não se aplica aos voos destinados a permitir o regresso a Portugal dos cidadãos nacionais ou aos titulares de autorização de residência em Portugal.

Também não se aplica, determina o Governo no diploma, aos voos destinados a permitir o regresso aos respetivos países de cidadãos estrangeiros que se encontrem em Portugal, “desde que tais voos sejam promovidos pelas autoridades competentes de tais países, sujeitos a pedido e acordo prévio, e no respeito pelo princípio da reciprocidade”.

O diploma tem ainda outras exceções quanto à interdição de voos: os países associados ao Espaço Schengen (Liechtenstein, Noruega, Islândia e Suíça), os países de expressão oficial portuguesa, embora do Brasil, porém, sejam admitidos “apenas os voos provenientes de e para São Paulo e de e para o Rio de Janeiro”.

Outras exceções são o Reino Unido, os Estados Unidos da América, a Venezuela, o Canadá e a África do Sul, que é justificada pelo Governo “dada a presença de importantes comunidades portuguesas”.

O despacho também não é aplicável a aeronaves do Estado e às Forças Armadas, a aeronaves que integram ou venham a integrar o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, a voos para transporte exclusivo de carga e correio, bem como a voos de caráter humanitário ou de emergência médica e a escalas técnicas para fins não comerciais.

O despacho, hoje publicado, produz efeitos a partir das 00:00 do dia 18 de abril de 2020 e vigora pelo prazo de 30 dias, até 17 de maio.

c/LUSA

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *