"A Entrada do Rei" em Abrantes. Foto: mediotejo.net

A História dá conta da visita tardia de D. Filipe II de Portugal (III de Espanha) a este lado da fronteira 21 anos após a sua coroação. Coisa pouca se considerarmos a sua chegada a Abrantes esta quinta-feira, dia 27, quatro séculos mais tarde. Não veio sozinho e com ele estavam Tiago Poiares e Roberto Querido, os dois atores da EsTe – Estação Teatral que interpretaram “A Entrada do Rei” na Praça Barão da Batalha.

Tiago Poiares. Foto: mediotejo.net

O número de pessoas no público, provavelmente, já faria um séquito razoável e a viagem foi mínima se comparada com a feita pelos que acompanharam el-rei rumo a Lisboa. Para trás ficaram Madrid, Trujillo, Mérida, Badajoz, Elvas, Estremoz, Évora, Montemor, Almada e Belém numa jornada relatada em “portunhol” e “castanhês” durante o teatro de rua escrito e encenado por Nuno Pino Custódio.

Os relatos do século XVII misturam-se com referências contemporâneas nesta “comédia setecentista” em que o passado e o presente dão as mãos desde o primeiro minuto. A música da época dá lugar a “Me Gustas Tu”, de Manu Chao, e D. Catarina de Bragança encontra-se com Angela Merkel. Ingredientes (in)esperados na história do rei que tardou em chegar e quando chegou foi visto de relance.

Roberto Querido. Foto: mediotejo.net

Momento efémero que deixou um vazio nos súbditos do século XVII e – nas palavras do “mestre Roberto” e do “discípulo Tiago” – teria terminado cedo demais o espetáculo que estreou em 2014. Em 1619, seguiu-se para casa. No século XX fez-se o mesmo, mas só depois de assistir a revelações de amor, duelos, concursos sobre os Arcos Triunfais construídos em Lisboa para assinalar a entrada de Filipe e aplausos.

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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