O Espalhafitas Cineclube dedica o mês de outubro à obra cinematográfica de José Vieira. O ciclo inclui a exibição de sete filmes em seis datas e dois locais diferentes, espaço Sr. Chiado (Abrantes) e Centro Cultural Gil Vicente (Sardoal), e conta com a presença do realizador nas três primeiras sessões, que hoje principiam.

O mês de outubro é sinónimo de cinema dedicado ao tema da emigração em França pela perspetiva do realizador português José Vieira, que divide a vida entre Portugal e aquele país e conta no currículo com cerca de três dezenas de documentários gravados para a France 2, France 3, La Cinquième (atual France 5) e Arte, entre outros.

Os sete filmes são exibidos às 21h30 no espaço Sr. Chiado e no Centro Cultural Gil Vicente entre os dias 4 e 26 de outubro, depois de terem passado por diversos festivais internacionais de cinema, dando a conhecer a vida dos milhares de portugueses que abandonaram Portugal nos anos sessenta do século passado, em muitos casos de forma clandestina.

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O realizador português José Vieira vai estar em Abrantes e Sardoal

Uma realidade que o realizador de Oliveira de Azeméis, emigrado em França desde os sete anos de idade (1965), conhece bem e partilha pessoalmente durante as sessões agendadas para os dias 4, 5 e 6.

A emigração volta a ser retratada nos dias 12, 19 e 26, contando com as intervenções de José Cunha, docente da ESTA, na primeira data e Joana Azevedo e Inês Espírito Santo, investigadoras do ISCTE, na segunda. A última sessão é dupla.

Conheça os filmes e os locais das seis sessões:

1cinema

Nos anos 60 quem emigrava clandestinamente recorrendo a um passador, conhecia o código da fotografia rasgada. O passador guardava metade da fotografia de quem emigrava e a outra levava-a o emigrante que, uma vez chegado ao destino, a remetia à família, em sinal de que chegara bem e que poderia ser concluído o pagamento sua “passagem”.

2cinema

A história cruzada de dois bairros de lata construídos com 40 anos de intervalo, num mesmo local, nos arredores da cidade Massy. Nesta cidade, que se encontra nos subúrbios de Paris, nós vivemos num bairro de lata, em tempos de prosperidade, de pleno emprego e futuro promissor. Eram os anos 60. Eles vivem num bairro de lata num clima de crise, de desemprego e de exclusão. Estamos no início dos anos 2000. Eles vêm da Roménia, nós vínhamos de Portugal.

3cinema

A partir da sua experiência familiar, José Vieira aborda uma das expectativas mais comuns do imaginário dos emigrantes: o regresso. Para a maioria, o regresso será sempre um sonho adiado. Para outros protagonistas deste filme o erro está, contudo, em voltar a uma terra que já não reconhecem como a sua e que não é, decididamente, a mesma que deixaram.

4cinema

É um mundo numa paisagem granítica, quase suspenso no alto da montanha. Aqui os cantos da terra ainda não foram esquecidos, mas já não são cantados. Crónicas da vida rural, dos combates travados no passado para não se viver com fome, da resistência contra a servidão e o trabalho assalariado.

5cinemaUma aldeia quase vazia. Muitos dos seus habitantes emigraram à procura de uma vida melhor. Uns partiram para sempre, outros voltaram. Através de diálogos e de discursos das pessoas que habitam a aldeia no mês de agosto, tenta-se compreender quem são esses homens e mulheres que se tornaram, um dia, estranhos, sempre desenraizados e em rotura permanente com o seu universo familiar.

6cinema

Os acontecimentos do Maio de 68 vão ser um choque para os portugueses recém-chegados.

A viagem que traz de volta os emigrantes ao país da sua infância é uma estranha odisseia…

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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