Manuel Valamatos no seu gabinete, no primeiro dia como Presidente da Câmara Municipal de Abrantes. Foto: mediotejo.net

Militante do Partido Socialista desde 2002, Manuel Jorge Valamatos, natural de Tramagal, começou o seu percurso político no PS como membro da comissão política concelhia, sendo atualmente o presidente da estrutura concelhia e membro da Comissão Política Distrital de Santarém. Com uma vida ligada ao desporto, jogador de futebol e dirigente associativo e desportivo entrou na política autárquica em Abrantes em 2002 a convite de Nelson de Carvalho, ex-presidente da autarquia, de quem foi adjunto para o setor do Desporto, assumindo diversas funções na qualidade de vereador desde 2004 até ao dia 19 de fevereiro de 2019 quando tomou posse como Presidente da Câmara Municipal de Abrantes.

Com Maria do Céu Albuquerque à frente dos destinos do Município desde 2009, até sair para desempenhar funções de Secretária de Estado no Governo de António Costa, Manuel Jorge Valamatos deixou o Desporto e a Juventude, e foi responsável por diversos pelouros – Ambiente, Espaços Verdes, Manutenção e Transportes, Planeamento Estratégico e Gestão do Capital Humano, Serviços Municipalizados (que por enquanto ainda preside), Freguesias, Proteção Civil, entre outros.

Professor de Educação Física por formação, reside em Rossio ao Sul do Tejo, é casado e tem dois filhos, de 19 e 23 anos.

Esta foi a primeira conversa que teve com os jornalistas, no primeiro dia à frente dos destinos do concelho de Abrantes.

Manuel Valamatos no seu gabinete, no primeiro dia como Presidente da Câmara Municipal de Abrantes. Foto: mediotejo.net

No seu discurso de tomada de posse falou num trabalho de continuidade. Faltam dois anos e meio para as próximas eleições autárquicas. Quais são os principais desafios?
Todos temos presente que nos últimos tempos tem existido um investimento muito significativo na cidade, no que diz respeito às questões culturais. Há um conjunto de investimentos a decorrer nessa matéria que são de grande importância quer para a cidade quer para o concelho e mesmo para a região. Não vamos interromper esse desígnio e vamos dar continuidade, até porque há compromissos assumidos e quadros de apoio comunitário a respeitar. Mas estamos convictos que é o momento de olhar para as nossas freguesias de forma muito próxima. Ao longo dos últimos anos, tenho estado na gestão do gabinete de freguesias, com um contacto muito próximo com os presidentes de Junta de Freguesia, que são pertença desta equipa de gestão do nosso poder local.

O trabalho de proximidade será então feito pelo seu Executivo em parceria com as Juntas de Freguesia?
Precisamos de harmonizar. Estamos convencidos que com os presidentes de Junta vamos ter um trabalho de grande proximidade, de resolução de questões para trazer alguma harmonização, algum equilíbrio num território tão grande. Houve e continua a haver um grande investimento na cidade, nos espaços públicos, aproveitando o financiamento comunitário disponível para a cidade, mas é o momento de olhar de forma mais cirúrgica para as nossas freguesias, das mais urbanas às mais rurais. Há projetos para a reabilitação urbana de Alferrarede e do Rossio ao Sul do Tejo e pretendemos chegar num futuro próximo a outras zonas do território.

“Há projetos para a reabilitação urbana de Alferrarede e do Rossio ao Sul do Tejo e pretendemos chegar num futuro próximo a outras zonas do território”

Pode falar-se num novo ciclo tal como pediu o vereador do PSD?
O que temos de fazer é um trabalho que dignifique o passado, o presente e o futuro do Partido Socialista. Temos um património enorme que nos foi transmitido do PS, temos tido homens e mulheres enormes num trabalho de poder local que foram construindo esta cidade e este concelho e o posicionaram na nossa região de forma muito interessante. Manteremos esse património. Temos de responsabilizar-nos a todo o tempo por isso, esperando que todos se orgulhem daquilo que vamos fazer. Este momento não é um novo ciclo. O País chamou Maria do Céu e esta equipa tem de dar continuidade ao trabalho que fomos fazendo, com as nossas características.

Mas vai ter dossieres importantes nas mãos, nomeadamente tomar posição sobre a nova travessia sobre o rio Tejo…
Sim, mas sempre tivemos dossieres importantes, vamos continuar a ter. Estamos muito empenhados em perpetuar, em dar continuidade a este grande património do PS em Abrantes, vamos trabalhar muito por isso. Em relação aos ciclos políticos, no momento certo faremos as abordagens como o PS tem feito, de forma equilibrada.

Com a saída de Maria do Céu Albuquerque para o Governo há que reorganizar a gestão das competências. Em termos de presidência, como ficam os Serviços Municipalizados de Abrantes?
Estamos a tentar fechar essa e outras questões relacionadas com os pelouros. Não queria precipitar essa decisão que não está completamente fechada e não queria anunciar nada sem a presença dos restantes vereadores. Não será muito importante com quem fica, o que importa é ficar com a pessoa certa para o momento certo, porque é isso que os munícipes esperam de nós. Que seja bom para os protagonistas porque têm de estar entusiasmados com as diferentes matérias, mas o importante é descobrir a melhor forma de tratarmos da nossa comunidade e das nossas pessoas.

Mas teria gosto em ficar com a administração dos SMA?
Sim, teria. Se ficar, ficarei com gosto, tal como a todas coisas às quais estarei ligado, será sempre com gosto. Este é um trabalho de equipa e teremos de ter uma equipa muito forte. Não importa muito com quem estará o pelouro. Quem tiver as respetivas competências tem de ser forte, dinâmico, capaz pela melhoria das nossas diferentes áreas.

Nessa questão das áreas de gestão de competências o seu Executivo fará diferente? Irá concentrar ou distribuir pelouros?
Tendo em conta as minhas características, e também com a presença da vereadora Paula Grijó nesta equipa, nós tendemos em não concentrar competências na mesma pessoa ou nos mesmo sítios, se quiser. É nossa intenção fazer essa distribuição de forma equilibrada, pensada, harmoniosa o mais possível.

Considera-se preparado para ficar mais sentado à secretária sendo um homem habituado a andar no terreno?
Julgo que não. Algumas coisas naturalmente vão mudar porque as próprias funções o exigem. Há muito tempo de papelada, para estudar matérias de forma mais abrangente. Mas espero continuar no terreno, até porque as pessoas assim o exigem.

O que é que o motiva na política?
Sou muito ligado às questões do poder local, que sempre me entusiasmou. Entendendo o poder local como o associativismo, as diferentes ações das comunidades, o desporto, a cultura, tudo o que está relacionado com a animação e gestão das nossas comunidades. Sempre me entusiasmou, sempre fui dirigente, um indivíduo muito pouco conformado com o que existia, que sempre lutou pelo dinamismo. Por isso, vejo muito a política pelo lado do poder local que me entusiasma muito mais do que as questões políticas mais universais, embora esteja atento a essas matérias.

“Sou muito ligado às questões do poder local, que sempre me entusiasmou. Sempre fui um indivíduo muito pouco conformado com o que existia, que sempre lutou pelo dinamismo”

Entrou na política pela mão de Nelson de Carvalho, antigo presidente da Câmara de Abrantes. Foi o seu lado desportivo que o colocou na política?
Sim. Entrei há 17 anos. Nelson de Carvalho já tinha feito dois mandatos e a Cidade Desportiva estava em ebulição, iniciando-se um conjunto de infraestruturas e, como sou formado em Educação Física, o então presidente foi-me buscar para integrar a sua equipa, muito focado na questão do Desporto, das instalações e na nova dinâmica que na altura tentava imprimir no concelho. Mais tarde fiquei com a Juventude. No último mandato de Nelson de Carvalho já me relacionava com outros serviços e depois no mandato de Maria do Céu Albuquerque comecei a integrar outros serviços acabando por me desligar do Desporto e da Juventude. Comecei noutras áreas de ação, nomeadamente na Logística, no Ambiente e nos Serviços Municipalizados. Tudo aconteceu de forma muito natural, até porque me envolvo com muita facilidade e com muita sinceridade nas coisas.

Portanto, é um homem do concelho de Abrantes?
Sou um homem do mundo do concelho. Os meus pais eram professores, nasci em Tramagal, depois fui viver para Vale das Mós durante uns anos, voltei a Tramagal e teria uns 10 anos quando ficámos a morar no Rossio ao Sul do Tejo. Fui professor na escola de Alvega, na escola Miguel de Almeida, estive muito ligado à atividade desportiva, concretamente ao futebol, e joguei em muitos clubes, em Alvega, na Bemposta, no Pego, sobretudo nos torneios de futebol de salão. Joguei em quase todos os ringues do concelho, por isso conheço-os bem, mesmo antes da política. Na relação com as pessoas e nas amizades é igualmente abrangente: tenho amigos em todo o lado.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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1 Comentário

  1. Temos um novo presidente de câmara em Abrantes. Todos temos uma grande esperança porque é um homem que sempre se dedicou ao seu concelho. As estruturas desportivas do concelho muito têm a beneficiar com o conhecimento de causa deste autarca. Nós em Alferrarede estamos a reabilitar um clube, que sendo de utilidade pública, tem responsabilidades sociais. Devemos reconhecer o trabalho e o apoio que recebemos da anterior presidente da câmara à qual desejamos as maiores felicidades na sua nova tarefa governativa.

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