Apresentação do Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes, em 2021. Foto arquivo: mediotejo.net

São 160 mil euros que a autarquia de Abrantes disponibiliza para a operacionalização de kits de Primeira Intervenção contra incêndios e que vão ser geridos por nove das 13 juntas de freguesia do concelho de Abrantes: Abrantes e Alferrarede, Aldeia do Mato e Souto, Bemposta, S. Facundo e Vale das Mós, Rio de Moinhos, Mouriscas, Tramagal, Carvalhal e Alvega e Concavada (estas duas últimas integram pela primeira vez o DECIR). O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais 2021 para o concelho de Abrantes foi apresentado na terça-feira, dia 18 de maio, no antigo heliporto junto ao Castelo, e contou com a presença das várias entidades envolvidas no Dispositivo.

Em 2021, são nove as juntas de freguesia do concelho de Abrantes que integram o Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR), no âmbito municipal, colocando no terreno viaturas equipadas com ‘kits’ de Primeira Intervenção e rádios de comunicação. 

De sete passam para nove das 13 freguesias do concelho de Abrantes a poderem gerir os kits de Primeira Intervenção contra incêndios, mas a ideia é alargar a outras freguesias esta operacionalização, embora o presidente da Câmara Municipal reconheça “algumas dificuldades” muito por carência de recursos humanos.

Apresentação do Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes, em 2021. Créditos: mediotejo.net

“É verdade! Algumas freguesias têm mais dificuldade em operacionalizar esta ação pelo défice de recursos humanos, mas é nosso desejo conseguir alargar a todas as juntas de freguesia este dispositivo. É por isso que fazemos este esforço financeiro”, afirmou Manuel Jorge Valamatos ao nosso jornal.

No presente ano, a Câmara Municipal de Abrantes reforçou o investimento dos kits de primeira intervenção contra incêndios, em 160 mil euros, mais 35 mil do que em 2020.

A juntar-se às Juntas de Freguesia de Abrantes e Alferrarede, Aldeia do Mato e Souto, Bemposta, Mouriscas, S. Facundo e Vale das Mós, Rio de Moinhos, Tramagal, este ano a celebração dos contratos interadministrativos abrange também as freguesias de Alvega e Concavada e Carvalhal.

Manuel Valamatos durante a apresentação do Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes, em 2021. Créditos: mediotejo.net

“É bom ver essas equipas reforçadas. Ficamos muitos satisfeitos com a presença de todos e esta vontade de entreajuda para atacar o problema dos incêndios. Quando chega esta época de verão sabe bem o sol e o calor, mas na verdade ficamos todos com o coração nas mãos”, declarou durante a apresentação.

Além do DECIR o presidente referiu, sem pormenorizar, existirem outros projetos “com vista ao futuro, para que estas questões possam ser mitigadas e minimizadas”.

Por seu lado, o Comandante Operacional Distrital de Santarém (CODIS), David Lobato, considerou os operacionais do DECIR “a joia da coroa” da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

O Comandante Operacional Distrital de Santarém (CODIS), David Lobato. Créditos: mediotejo.net

Para David Lobato, o Município de Abrantes na área de proteção e socorro e no DECIR tem feito um trabalho exemplar, denotando um espírito colaborativo. “Todos somos poucos para o desígnio nacional de evitar as ignições e reduzir a área ardida”, afirmou.

Salientou que Abrantes, “não sendo um concelho pioneiro, conseguiu dinamizar os kits das Juntas de Freguesia. Todos os incêndios começam pequeninos e apagam-se com um balde de água”, lembrou, enaltecendo a “disponibilidade [das juntas], com esta diversificação para aquilo que é o território de Abrantes, enorme, com uma mancha florestal com um potencial de risco bastante elevado”.

No âmbito da defesa das populações, Manuel Jorge Valamatos deu conta da importância do “trabalho preparatório” que no passado “não era feito com tanto rigor”. Nos últimos anos esse trabalho passa por “tentar construir uma estratégia, um planeamento e a ação em si própria”.

“Uma das questões que fomos percebendo é não deixar que o fogo ganhe dimensão. Por isso, o primeiro ataque, a reação rápida é um elemento decisivo nos incêndios”, frisou.

Apresentação do Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes, em 2021. Créditos: mediotejo.net

As carrinhas ligeiras das Juntas de Freguesia referidas integram o DECIR, no âmbito municipal, com o objetivo de responder mais rápida e eficazmente no combate aos incêndios, na sua fase inicial, até que cheguem os reforços ao local do incêndio.

Estas carrinhas estão equipadas com maquinaria, mangueira e tanque com uma capacidade de 600 litros de água, estando também apetrechadas com rádios de comunicação, sendo que nos períodos de alerta laranja e vermelho, as mesmas estarão posicionadas em Locais Estratégicos de Estacionamento (LEE), dentro do limite da respetiva freguesia.

O Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC), em parceria com os Bombeiros de Abrantes, vai realizar, no próximo dia 20 de maio, uma formação para os elementos que integram as equipas dos kits municipais que tem como objetivo alertar os operacionais que constituem as referidas equipas para os riscos e comportamentos a adotar durante uma ocorrência, nomeadamente a segurança na frente de fogo. A formação tem uma componente teórica e prática e será também ministrada formação em comunicações.

Apresentação do Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes, em 2021. Créditos: mediotejo.net

Integram o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) municipal 2021 os seguintes agentes da Proteção Civil:
– Bombeiros Voluntários de Abrantes;
– Cruz Vermelha Portuguesa;
– Sapadores Florestais da AAASCM;
– Sapadores Florestais da CIMT;
– UEPS da GNR;
– Kits das Juntas de Freguesia (num total de 10);
– Polícia de Segurança Pública;
– Guarda Nacional Republicana;
– Regimento de Apoio Militar de Emergência.

O Dispositivo de Combate a Incêndios Rurais está na fase II até ao final deste mês de maio. Entre 1 e 30 de junho é acionado o nível III de empenhamento, sendo que entre 1 de julho e 30 de setembro entra em vigor a fase IV.

Em 2021, são nove as juntas de freguesia do concelho de Abrantes que integram o Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR) de Abrantes. Créditos: mediotejo.net

Existe ainda um levantamento de equipamentos e recursos de entidades privadas que colaboram em caso de necessidade, nomeadamente ao nível de máquinas de rastos, kits, cisternas, tratores, entre outros.

Durante o período do DECIR, no ano de 2020, os kits das Juntas de Freguesia efetuaram um total de intervenções diretas em 66 ocorrências.

Sobre a limpeza da floresta, Manuel Jorge Valamatos reconheceu que a existência de “muitas situações para dar resposta” referindo que nem todos os proprietários cumprem com o seu dever de limpeza dos terrenos. “As contraordenações vão aumentar o seu valor precisamente para obrigar as pessoas a responsabilizar-se sobre aquilo que é seu. Se cada um fizer o seu trabalho, liberta a Câmara Municipal e outras entidades de uma responsabilidade que não é sua”, disse, defendendo o reforço das contraordenações.

Relativamente aos proprietários que por carência financeira ou outra não possam proceder à limpeza dos seus terrenos, o autarca garantiu que os serviços da Câmara Municipal “estão disponíveis para tentar encontrar soluções”.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

Entre na conversa

1 Comentário

  1. Parabéns é no inicio que podemos evitar a tragédia, estranho a ausência da freguesia de Fontes e venho lembrar que os grandes incêndios que muito bem recordamos iniciaram na referida, por possuir linhas de agua muito férteis com muita humidade, cria com facilidade muito combustível de muito fácil propagação , com condições climatéricas favoráveis todos os fogos que não sejam controlados no inicio não o conseguirão ser mais, deixo o alerta.
    Ao dispor
    João Nogueira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *