Aprender também fora das salas de aula é o objetivo do Clube de Ciência Viva na Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes. Nessa senda, esta sexta-feira foi inaugurado o ‘spot’ de observação da Encosta que permite observar a paisagem sobre o vale do Tejo e algumas das espécies vegetais do local. Alunos e professores criaram, além deste ponto de observação, um trilho de 2,3 km que fica à disposição de todos os que o queiram conhecer e calcorrear.
Foi na aventura de partir à “descoberta” para conhecer o meio, os seus habitantes e perceber o que acontece na paisagem ao longo do ano, no sentido de saber pensar e atuar sobre ele, que a Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes (ESMF), em Abrantes, através do Clube de Ciência Viva, inaugurou, esta sexta-feira 22 de outubro, o novo local de observação de fauna e flora na encosta da Escola, na descida para o açude.
No local, os alunos, professores e funcionários da ESMF que integram o Clube de Ciência Viva elaboraram um painel de interpretação da fauna e flora envolventes e a criação de um trilho pedestre na encosta, com aproximadamente 2,3 km, que permite circular junto ao rio Tejo, e ainda placas de interpretação das espécies que se encontram ao longo do trilho.

Este projeto “é um sonho que começou há muitos anos, e não acabou, é mais uma fase. Há muitos anos que queremos tirar partido da encosta para as aulas, para trabalho de campo”, referiu o diretor do Agrupamento de Escolas nº2 de Abrantes, Alcino Hermínio, acrescentando que este novo espaço, incluindo o trilho, fica aberto à comunidade.

“Esse trilho tem várias hipóteses de circular até ao Tejo. É muito bonito, vale muito a pena enquanto paisagem. Não é um trilho difícil. E um espaço enquanto oportunidade para aprender ciência mas também enquanto oportunidade de ler um poema, ler um conto, ouvir música”, acrescentou o diretor, dizendo que “o desafio” que ali começou hoje “é tirar melhor partido do rio Tejo”.

O projeto, que teve a colaboração do Município de Abrantes contou na inauguração com o vereador Luís Dias, que destacou ser “para todos desfrutarem desta paisagem e deste local que é extraordinário”.
São projetos que “não se podem fazer sem a colaboração de uma equipa e sem o contributo de uma escola, dos alunos, dos funcionários e depois também abrir à comunidade para poder usufruir do espaço e todos ficarmos mais ricos com tudo o que vamos fazendo”, começou por dizer a professora Maria José Oliveira, uma das docentes responsáveis pelo Clube de Ciência Viva na Escola, que nasceu em 2019.

No trilho foram colocadas algumas placas de identificação “que ajudam a interpretar o espaço”, mas há muito mais por descobrir, garante a professora.
Frisando não ser este um trabalho de uma única pessoa, defendeu a interajuda. “Com os contributos ficamos mais ricos, não só pela partilha mas com aquilo que podemos proporcionar aos outros.”

Para a construção do painel o Clube contou ainda “com a contribuição do engenheiro Tiago, do Parque Ambiental de Santa Margarida, com Jorge Moura, da Câmara Municipal de Abrantes, do vereador Luís Dias e do professor José Gaspar, que nos ajudou na parte histórica – temos aqui um documento histórico que diz respeito ao cimo daquela colina na margem sul do Tejo, um ponto de defesa do Tejo, o Fortim do Caneiro –, a colaboração do professor Pedro Falcão, contributo essencial para a parte gráfica do painel, e a revisão teve a ajuda da professora Ana Nunes”. Portanto, “estas coisas não se fazem isoladamente, a solidariedade de todos é fundamental”, frisou.
O Painel da Encosta informa sobre o relevo e a vegetação, os Mourões ou Ponte de Barcas, do Fortim do Caneiro, da Flora, da Geologia, do Açude e da Fauna.

O vale do Tejo apresenta um perfil transversal relativamente encaixado até à zona de Abrantes, onde começa a abrir, apresentando, algumas áreas de planícies aluviais muito férteis, como a Quinta do Tainho e Rio de Moinhos respetivamente a montante e a jusante do local onde se encontra a Escola Dr. Manuel Fernandes.
Nessa margem norte do vale do Tejo, a nível de estrato arbóreo, as espécies mais comuns são a azinheira, o zambujeiro, a oliveira e o pinheiro bravo, que se encontram também no trilho da Encosta, agora disponível para umas belas caminhadas.

Na ocasião, os alunos de 5º, 6º,7º e 12º anos presentes fizeram a leitura de textos alusivos ao Tejo e à fauna e flora ali existentes, ao som da guitarra e flauta transversal dos alunos de música.
